Hoje utilizarei este espaço para chamar a atenção para a lamentável situação em que se encontra a Universidade Estadual do Norte Fluminense, a nossa Uenf.
Fundada em 1993, a Uenf constituiu-se como uma grande conquista para a cidade de Campos dos Goytacazes e para a região do Norte Fluminense, como um todo. A criação de uma Universidade na região significou, sobretudo para aqueles que não teriam condições de se deslocar para os grandes centros, a oportunidade de se graduar em uma instituição pública de excelente qualidade. Desde então, durante seus 24 anos de existência, a Uenf foi responsável por propiciar a ascensão social de milhares de estudantes.
Depois de cerca de um ano operando em condições precárias, mais uma vez a comunidade acadêmica uenfiana encontra-se em estado de alerta: há muita incerteza quanto ao futuro das Universidades estaduais Uerj, Uenf e Uezo. Desde o ano passado, alunos, professores, técnicos e servidores vêm se empenhando para manter o funcionamento da Uenf, mesmo a despeito dos enormes atrasos de salários, bolsas e da escassez de recursos básicos necessários para a boa execução das tarefas ligadas ao trabalho e ao estudo. Ao todo, a Universidade acumula cerca de 55 milhões em dívidas devido à carência de repasses governamentais.
Parte considerável dos alunos da Uenf é oriunda de municípios circunvizinhos. Como aluna da instituição, no último ano, pude presenciar boa parte dos meus colegas que dependem das bolsas para promover seu sustento em Campos, precisando retornar as suas cidades de origem, por não terem condições de pagar seus aluguéis. Alguns não possuíam sequer dinheiro para comprar alimentos. Mesmo com o moral abalado, a comunidade acadêmica resistiu e está se preparando para enfrentar novas dificuldades neste ano de 2017.
Neste contexto de insegurança, ex-alunos da Uenf começaram a se organizar na semana passada para desenvolver uma agenda de atividades que visa impedir o total sucateamento da Universidade. Na quinta-feira, dia 18, o grupo se reuniu pela primeira vez e encaminhou as primeiras ações que serão tomadas para tentar evitar o desmantelamento da instituição. Foi decidido que realizarão uma Semana de Mobilização – a primeira de fevereiro – que contará com aulas públicas ministradas na Rodoviária e na Praça São Salvador, além do recolhimento de assinaturas para um abaixo assinado. Essas atividades pretendem sensibilizar a população campista para a fragilidade da atual situação da Uenf, reforçando a importância da preservação desse patrimônio que é tão caro a nossa cidade. Também foi criada uma comissão de fiscalização da verba pública, que ficará encarregada de acompanhar os gastos do governo do Estado.
Outra forma de chamar atenção para o problema se dará através de uma campanha nas redes sociais: o recém-formado movimento conclama os ex-alunos da Uenf a postar em seus perfis no Facebook, depoimentos que narrem a sua relação com a Universidade, salientando o quanto a passagem pela instituição foi transformadora e valiosa para cada um. Os depoimentos podem ser postados em formato de texto ou vídeo, seguidos pelas “hashtags” #ExAlunosNaLutaPelaUenf e #UenfResiste.
Além disso, na próxima terça-feira, 24, haverá uma mobilização, às 10h, na própria Universidade, visando agregar alunos, técnicos e professores a essa tão necessária mobilização.
Finalizo com um vídeo produzido na ocasião do vigésimo aniversário da Uenf, que também reúne belos depoimentos de alguns dos alunos egressos da Universidade.
Deixo também um apelo à sociedade campista: não deixemos ruir uma instituição com tamanho potencial de promover o desenvolvimento da nossa cidade e da nossa região.