É sabido que o populismo costuma ser extremamente prejudicial quando governa, mas também, e principalmente, quando deixa de governar. Suas políticas de curto prazo, destinadas a garantir somente o sucesso na próxima eleição, deixam um legado nefasto que funciona como uma bomba de retardo.
Essa bomba ainda está aí, nas contas da Prefeitura, prestes a detonar. É o déficit mensal de mais de R$ 40 milhões que a Prefeitura vem acumulando, e que a atual administração está tentando desativar.
É importante, se quisermos a analisar os primeiros meses do governo de Rafael Diniz com um mínimo de seriedade, levar em conta esse panorama financeiro. A gestão anterior deixou uma Prefeitura inchada, que aumentou de tamanho conforme aumentavam os repasses dos royalties, ignorando que eles podiam diminuir o até desaparecer, enquanto a estrutura municipal nunca consegue acompanhar o mesmo dinamismo sem consequências dramáticas.
Outro legado do garotismo foi uma serie de obras de grande magnitude absolutamente estúpidas, caras e esteticamente horrorosas como são o Sambódromo, a Beira Valão e o novo Camelódromo — se somamos a Ponte Leonel Brizola, feita por Rosinha quando governadora, teremos os quatro cavaleiros do apocalipse urbano campista. Tanto o Sambódromo quanto a Beira Valão já começam a mostrar sinais de caducidade, embora tenham sido inaugurados há poucos anos. O camelódromo, ainda inacabado, além de ser uma aberração edilícia, espremeu e escondeu o prédio do antigo Mercado Municipal, edifício pertencente a uma época muito mais generosa com a beleza. Nessa lista pode se acrescentar a revitalização do Centro. Esta obra até que era necessária, porém não foi finalizada no seu principal objetivo, o soterramento da fiação, e o que foi realizado já mostra sinais de deterioração (placas de rua, calçadas, etc).
Faço o repasso dessas obras não apenas porque as considero feias: também representam a herança nefasta do garotismo. Elas não resolveram nenhum problema urbanístico, foram caríssimas e deverão ser refeitas, completadas e/ou mantidas pela atual administração. Foram pensadas com duas finalidades imediatistas: a de que o gestor possa dizer “Olhem! Estou fazendo obras!” e a de consumir todos os recursos dos royalties do petróleo.
Esse é o legado que Rafael Diniz encontrou. Tendo isso em conta, passemos a analisar seus primeiros meses de governo.
Como já se mencionou, Diniz achou uma estrutura municipal superdimensionada, e assim a manteve. Temos superintendência de Paz Social, de Ciência e Tecnologia e de Entretenimento e Lazer. Existe uma superintendência de Pesca e Agricultura e também outra de Agricultura e Pecuária (!). Além da secretaria de Fazenda, e desvinculada desta, há uma superintendência de Captação de Recursos. E temos a superintendência de Justiça e Assistência Judiciária.
A julgar pelo organograma municipal, a população de Campos não pode reclamar de desamparo social, pois a Prefeitura tem setores com especialistas para quase todos os aspectos da vida: educação, saúde, ciência, tecnologia, entretenimento, segurança, advocacia, amparo aos idosos, habitação, trânsito, etc. Mas quem muito abarca, pouco aperta.
Diniz utilizou esse mega-cabideiro para conseguir suporte político, e graças a ele hoje conta com uma Câmara situacionista. Pelas experiências passadas, sabemos que ter o parlamento como aliado significa fazer de dois poderes um só — o do prefeito — com os riscos que isto traz, tanto para ele quanto para a população.
Por sua vez, a renovação quase total dos cargos gerenciais da prefeitura trouxe boas e más noticias. Muitos dos secretários assumem pela primeira vez uma função pública, e essa falta de traquejo com esse mundo tão particular da administração pública obriga a eles, antes de começar a caminhar, a ter que reconhecer o terreno. A sensação de que pouco ou nada acontece é inevitável. Por outro lado, junto com a inexperiência na gestão, esses novos nomes também podem aportar uma visão inovadora e original em favor de uma administração mais eficiente e menos burocrática.
A Prefeitura divulgou semana passada o plano de metas 2017/2020. Nele constam 52 objetivos,que se subdividem em 176 metas. O documento estabelece uma série de ações concretas que a Prefeitura se autoimpõe, e neste sentido visa ser um roteiro de ação para os superintendentes, secretários e diretores. Não está nada mal que os gestores se comprometam a fazer, sabendo o que é que tem de fazer. Particularmente, eu gostaria muito que a meta nº 31 fosse atingida: aquela que fala de “readequar de um Parque Municipal”. Na verdade, há de se criar um parque, entendido ele como uma área verde de lazer de grandes dimensões, já que nada parecido existe hoje.
Que o tal plano de metas não se transforme em apenas uma jogada de marketing dependerá do próprio prefeito. Dele dependerá, também, que a sua administração se diferencie das anteriores, ou continue o lamentável histórico de dilapidação de recursos e enriquecimento de funcionários. Cem dias parece pouco tempo para saber qual o caminho que Rafael Diniz está tomando, diante do complexo panorama exposto. Mas não precisaremos muito tempo mais para saber se devemos ficar ilusionados ou decepcionados.
Ainda que de soslaio, a análise do nobre jornalista é bem interessante sobre o que podemos esperar no futuro dessa administração Rafael Diniz, pelo que já mostrou e anda mostrando, já que público e notório.
Eu, particularmente, já tenho o meu juízo de valor e convencimento firmado, pelo tanto que já vi em tão pouco tempo de gestão, até apenas os dois primeiros meses, e as mesmas práticas continuam, numa deslavada mudança de postura pré-eleitoral.
O Gestor apresenta sua cara quando escolhe seu séquito de auxiliares, e quem este nomeia e sob quais critérios, falando aqui em competência, experiência, (trecho excluído pela moderação) desses eleitos, em todos os níveis.
Isso, ao meu ver, são os cromossomos de todo o DNA do governo de novos, que vai dar ao seu governo e mostrar o corpo que está em formação com esse DNA, de qual HULCK estamos falando. Os cromossomos, por ASSIM DIZER DE FORMA METAFÓRICA, SÃO EXATAMENTE ESSAS PESSOAS QUE ELE ESCOLHEU PARA FORMAR O TODO DO SEU DNA, DO CORPO DE SEU GOVERNO, OU DESGOVERNO. E eles, em boa parte, não são bons, pelo que se conhece de publico e notório saber, segundo os critérios acima elencados, pra quem ousar buscar melhor.
Além do fato também mencionado pelo articulista, de que já houve uma simbiose nefasta entre os dois Poderes, como “Irmãos Siameses”, Executivo e Câmara, numa cooptação muito ruim e amplamente combatida durante 4 anos, tida como o “rolo compressor” do Executivo sobre a até então, dita Oposições no Legislativo, que, durante 4 anos, sequer conseguiam aprovar um mero requerimento de pedido de informações…
Viveremos os primeiros cem dias, depois outros cem dias, e mais outros tantos, sem quem os anseios da sociedade sejam materializados nessa gestão, infelizmente. Um governo que já nasceu manietado por pressões e grupos de naturezas várias e pouco republicanas, a impôr, aparentemente seu jogo de interesses, aos quais, capitula o Rafael, pelo que depreende-se até agora.
Por isto e muito mais, vejo uma derrocada, infelizmente, de um grande projeto das oposições que deram curso à eleição do poste midiático.
A mesma mídia que catapultou, através de um projeto ilusório , quando se vê os fatos, é a que pode derrotar os sonhos….deles e de todos nós.
E NÃO FOI PRA ISSO QUE EU MUDEI.
Caro amigo José Geraldo,
O Oviedo é advogado e publicitário, não jornalista, mt embora já tenha atuado como crítico de cinema e articulista de jornal. E, pelo que demonstrou em ambas as funções, como agora faz neste “Opiniões”, não tenho dúvida de que, se ele quisesse, daria um excelente jornalista.
Ao mais, repetiria aqui, no blog, o que já havia dito lá, nas democracia irrefreável das redes sociais, ao responder aos comentários da leitora Nice Barcelos, fazendo minhas as palavras dela: “‘Dê linha na pipa, mas segure o carretel’. Pertinente conselho a quem age. E a quem reage”.
Lá, vc curtiu. Mas pouco adianta fazê-lo sem atentar à sabedoria do conselho.
Abç e grato pela chance da reafirmação!
Aluysio
Concordo com argumento do artigo. Temos que nos colocar na posição e na situação do atual governo, e perceber o horizonte escuro que se projeta e as demandas que se impõem. Isso não o isenta da crítica, mas esta tem que ser contextualizada. Primeiro, em relação ao Governo anterior, segundo sem ter como referência nada ideal, porque este não existe, e o país não tem muitos bons exemplos a serem seguidos. Portanto, vou analisar o bom e/ou o ruim, em função do possível. Óbvio que no bom há algo preocupante que o autor analisa, que é a inexperiência política e, mesmo, de vida, de alguns ocupantes de cargos-chave desse governo. Mas, ainda assim, quero apostar que vão amadurecer e dar conta. Não posso, não devo e não quero, apostar no erro. No mais, vamos acompanhar e tentar ajudar ao máximo, sem abrir mão das expectativas em termos do Governo ampliar o grau de transparência, participação, democracia, probidade, prioridades claras e justas e eficiência. Mas, nunca achando que vai ser perfeito, e que, por isso mesmo, temos que ser oposição e lutar, desde já, para que ele seja superado. Luto, desde já, para que ele acerte, para o bem de todos. Qualquer grande erro, em cima dos já acumulados, nos aproximará de uma situação de tragédia.