Sugestão de música: Leonard Cohen – Come Healing
Buscando nos espelhos a face perdida ou nos anseios o reflexo outrora esquecido, compartilho nesse sábado o Retrato de Cecília Meireles, poetisa da minha predileção por sua sonoridade e ritmo, que a vida siga num compasso com mais afinco:
“Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?”
Recado aos Amigos Distantes, nas palavras de Cecília, que minha frase homônima ao título seja carregada numa brisa leve de vida para outras bocas e outros ouvidos até o amigos de outrora jamais esquecidos, que fiz antes de pousar na planície goitacá:
“Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.
Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.
Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.
Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.
Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.”
Sempre o achei completo!!!! Amo Adélia, também., mas Cecília é doce, para dias amargos.