Cresci ouvindo um dito popular: “o futuro a Deus pertence”. Em outra expressão, costumamos nos valer da sorte quando pronunciamos “seja o que Deus quiser”. Em algum momento da história, o Brasil foi considerado um país de futuro rico e próspero. Com as descobertas de poços de petróleo na Bacia de Campos, o município fluminense de origem goitacá também entrou no embalo de riqueza e supremacia futuras. Bem, o futuro campista não tem sido assim uma brastemp no presente…
O empréstimo bilionário realizado pela Caixa Econômica Federal ao governo Rosinha Garotinho enquanto prefeita de Campos dá o que falar (uns a favor, outros contrários). O pagamento da dívida, segundo contrato com o banco estatal, parece, foi aprovado sob condições legais e amparado por resolução do Senado Federal, comprometendo parte dos royalties do petróleo que o município recebe da Petrobras. Despesa para os próximos dez anos e para os próximos governos pagarem. A conta chegou e a gritaria tem perturbado muita gente.
O atual governo alega não ter condições de pagar o empréstimo sob os moldes acordados pela gestão anterior, sem comprometer a administração do município que tem despesas altas e atravessa crise financeira. O mesmo ocorre no estado do Rio de Janeiro e no resto do Brasil quando se fala de economia abalada. Como sabemos, quando o assunto é dívida e lucro, instituições bancárias não costumam fazer caridade, nem mesmo a Caixa Econômica Federal. Cliente que não honra dívida, é penalizado de um jeito ou de outro. No nosso caso, toda a população, sobretudo os mais pobres.
Como será o nosso futuro quanto a isto tudo? Apesar de Deus saber de todas as coisas, o Criador não se envolve em esquemas políticos e negociatas financeiras (com ou sem contrato futuro). Então, Ele resolveu não se manifestar. Pelo menos, por enquanto. É que, tanto empréstimo, como intervenção divina, também têm lá seu preço. Querendo ou não, a conta chega. Como pagar? Bem, cada um de nós precisa saber se virar, pois cobrador na porta pode custar muito caro, até mesmo algumas vidas.
É claro que não deveria estar colocando o nome de Deus nesse deboche ou nessa tragédia que se tornou o Brasil. O risco é alto. Deboche e tragédia que se manifestam no estado do Rio de Janeiro inteiro e em Campos dos Goytacazes. Aqui, parece que a coisa soa ainda mais caótica ou ridícula onde vivem cerca de 500 mil pessoas, atingidas diretamente pelas trapalhadas políticas feitas por governantes locais, estaduais e federais. Até quando? Hum, está difícil prever o futuro.
Os acontecimentos recentes no Brasil, Rio de Janeiro e Campos dos Goytacazes às vezes soam como ficção. Tudo parece roteiro cinematográfico por aqui, o que pode colocar no chinelo produções hollywoodianas como O exterminador do futuro (1984), De volta para o futuro (1985), O vingador do futuro (1990), Minority Report- A nova lei (2002), X-Men: dias de um futuro esquecido (2014).
Há também como se inspirar nos padrões brasileiros mais pobres ou modestos de vislumbramentos cinematográficos. É o caso de O homem do futuro (2011) e O vendedor de passados (2015). Sendo este último filme, inspirado no livro do angolano José Eduardo Agualusa.
Não basta ser pessimista ou otimista. É preciso algum futuro ou algum controle remoto nas mãos para mudar canais, mudar governantes, mudar parlamentares, mudar juízes e promotores de justiça. Talvez, em tempos vindouros, teremos mesmo que inventar um passado, pois lidar com o presente e o futuro já comprometeu quase toda nossa imaginação.