Por Paula Vigneron
Servidores técnicos da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) e dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais do Rio de Janeiro (Sintuperj) se reuniram em uma nova assembleia na manhã desta quarta-feira (9), na sede da instituição de ensino superior. A reunião ocorreu para debater processos jurídicos contra o Estado. Simultaneamente, no prédio da reitoria, voluntários aguardavam a doação de cestas básicas, cujo número está aquém do necessário para efetuar entregas aos funcionários, aposentados e pensionistas que permanecem sem receber.
Dirigente sindical do Sintuperj-Uenf e técnico da universidade, Cristiano Peixoto explicou que a assembleia desta manhã foi promovida, com representantes da coordenação do sindicato, no Rio de Janeiro, para debater os casos enviados à capital.
— A coordenação geral do Sintuperj-Rio veio prestar contas dos processos. Nós temos um processo de auxílio-alimentação, que ganhamos na Justiça, mas o governo (do Estado) não respeita, e um, que estamos entrando agora, referente ao aumento de 2014. O Estado fez uma covardia muito grande: deu 39% aos professores e de 14% a 19% aos técnicos-administrativos. Então, deu uma diferença de mais de 20%. Estamos entrando na Justiça para tentar conseguir essa diferença porque nosso plano de cargos e vencimentos é único. Por isso, não poderia haver essa discrepância, mas o governo fez isso em 2014, prejudicando quem ganha menos — explicou Cristiano, ressaltando que há outros processos em andamento, mas esses são os principais. Agora, o grupo aguarda o posicionamento da Justiça para a definição dos casos.
Enquanto técnicos e sindicalistas se reuniam no auditório, servidores voluntários, no prédio da reitoria, esperavam doações de alimentos para organizar as cestas básicas e dar continuidade à campanha elaborada pelo Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe). A Uenf é o único polo do interior do Rio de Janeiro destinado à entrega dos produtos somente aos servidores ativos e inativos que não estão com o pagamento em dia.
Iniciada há três semanas, a campanha beneficiou principalmente aposentados da secretaria de Estado de Educação (Seeduc). Nas últimas semanas, o número de cestas variou entre 400 e 600. Esta semana, no entanto, as doações estão muito abaixo do esperado pelos organizadores:
— A maior parte das cestas básicas está vindo do Muspe. São doações do Rio. E não conseguimos estas cestas ainda. Temos pouquíssimas e, talvez, não tenha distribuição por causa da baixa doação. Nossa demanda é muito grande. Tem sido maior até do que a do Rio. Fazemos um apelo à sociedade, aos empresários de Campos. Quem puder doe para os servidores de todo o Estado. Até agora, estamos com somente 25 cestas.
Segundo Cristiano, os relatos dos assistidos pela campanha são dolorosos. “São pessoas que se dedicaram ao Estado do Rio de Janeiro a vida toda e, no momento de descanso, acabam não tendo dinheiro para comprar comida e remédio. Estão realmente passando fome com suas famílias. Há muitos idosos. Eles vêm com alguém ou a gente ajuda porque não conseguem carregar as cestas”, contou.
Apesar da greve, decretada pelos professores no último dia 3 e pelos técnicos-administrativos nessa terça-feira (8), as doações prosseguirão, caso seja atingido o número ideal de cestas. Os interessados em doar alimentos podem levá-los ao prédio da reitoria, em horário comercial, e entregá-los aos voluntários. As entregas acontecem às sextas-feiras, das 9h às 15h.