Num Brasil de debate político bipolar, a 11 meses da eleição presidencial de 7 de outubro de 2018, tentar enxergar as áeras cinzentas entre os supostos preto e branco é um esforço necessário. E, às vezes, mesmo na curta evergadura de um blog e um jornal do interior, é trabalho recompensado. Sobretudo quando se constata que a tentativa de análise do quadro nacional, feita de Campos, caminha lado a lado, ao mesmo tempo, com alguns dos principais jornais e jornalistas do Brasil.
Nesse sentido, algumas observações feitas na matéria de análise intitulada “Brasil entre Lula e Bolsonaro?”, publicada na postagem abaixo do blog e na edição dominical da Folha da Manhã de hoje (22), tiveram abordagem muito parecida pela Folha de São Paulo e O Globo, no mesmo dia. E algumas vezes partindo da mesma fonte, como o diretor do Datafolha Mauro Paulino.
Feita pelo insitituto de pesquisa, entre 27 e 28 de setembro, com 2.772 pessoas, em 194 cidades do país, a consulta Datafolha à corrida presidencial de 2018 resgitrou a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC).
Quem não leu a matéria da Folha (da Manhã) pode fazê-lo aqui. E quem quiser confirmar alguns dos seus principais pontos a partir de O Globo (aqui e aqui) e da Folha de São Paulo (aqui) pode conferir nas suas repoduções abaixo:
Sobre João Doria:
Sobre os eleitores de Lula e Bolsonaro:
Por Gabriel Cariello e Marco Grillo
Uma combinação ideologicamente improvável foi identificada pelo Datafolha, que divulgou no início do mês mais uma pesquisa de intenção de voto para a eleição presidencial de 2018: o voto “Lulanaro” ou “BolsoLula” — o eleitor de Lula que votaria em Bolsonaro e vice-versa.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera em todos os cenários apresentados pela pesquisa, com até 36%. Nas simulações em que ele não aparece, 6% dos seus apoiadores afirmam que escolheriam o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). No sentido contrário, a migração é maior: até 13% dos eleitores que votariam no parlamentar (sem Lula na disputa) responderam que apoiariam o petista caso ele estivesse no páreo.
— Existem eleitores que, diante do cenário de muita corrupção, crise econômica, se tornam mais pragmáticos. Vão olhar aquele que vai resolver a situação de forma como ele entende mais rápida e eficiente, independentemente da corrente política — analisa o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.
De modo geral, os perfis dos eleitores médios de cada um são opostos. Lula tem mais apoio entre os menos escolarizados e com renda mais baixa; já Bolsonaro tem seu melhor desempenho nas faixas de renda mais altas e entre os mais escolarizados. Para Paulino, a busca por uma solução imediata faz com que determinada parcela do eleitorado tenha escolhas que, numa análise ideológica, seriam inconciliáveis:
— Acho que isso hoje é preponderante. O eleitor não está preocupado se (o candidato) é de direita ou esquerda, se defende pena de morte ou não, mas preocupado em ter de volta as conquistas que perdeu. No caso dos eleitores do Lula, têm saudade do tempo em que as coisas andavam melhor e eram associadas ao governo dele. Mas, se ele (Lula) não puder ser candidato, podem até votar no Bolsonaro, desde que se convençam de que o Bolsonaro pode resolver os problemas, como a violência, por exemplo.
O sociólogo Paulo Baía, professor da UFRJ, afirma que existe um recorte do eleitorado que escolhe seu candidato mais por razões emocionais.
— Assim, em muitos casos, as razões pelas quais se vota no Lula, no Bolsonaro, na Marina (Silva), no (João) Doria, no Ciro (Gomes) podem ser as mesmas razões. É um eleitorado não ideológico, em que a politização é emocional, e o voto é dado até com uma certa irritação.
A maior parte do eleitorado de Lula, no entanto, segue um caminho mais tradicional e escolhe candidatos mais alinhados quando o ex-presidente não aparece como uma opção: Marina Silva (25%) e Ciro Gomes (14%) — ambos foram ministros durante o governo do petista. Outros 29% dos eleitores de Lula declaram que pretendem anular ou votar em branco se ele não estiver na disputa. Nessa hipótese, apenas 4% dos eleitorado de Lula escolheriam outro possível candidato do PT, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, que ocupou o Ministério da Educação na gestão do PT. Para Paulino, a explicação está na baixa taxa de conhecimento de Haddad pelo eleitorado e no fato de Lula não ter deixado claro que o ex-prefeito será seu candidato caso ele não possa concorrer.
— Não há ainda apoio explícito do Lula ao Haddad, que é pouco conhecido. E 26% dos eleitores responderam que votariam com certeza no candidato indicado pelo Lula. Entre os que nós testamos, é o que tem maior potencial de transferência de votos. Por isso que ele é a figura central da eleição.
Para Paulo Baía, além do desconhecimento, o resultado ruim de Haddad no ano passado — tentou se reeleger e perdeu a eleição no primeiro turno para Doria — levou o petista para um patamar inferior.
— Ele se saiu muito mal e perdeu densidade eleitoral. Acredito que, se o Lula não for candidato, o PT poderá escolher o Jaques Wagner (ex-governador da Bahia), que vem de um estado importante e onde o partido ainda tem relevância — disse Baía, em referência ao fato de o estado ser governado pelo petista Rui Costa.
Sobre o outsider Luciano Huck:
Bolsonaro e o melhor no momento,pelo menos e o menos mentiroso e nao tem papa na lingua, rumo a Vitoria 2018 estamos juntos