Vendidos com discurso politicamente correto, o conjunto de leis que regem nossa economia nem sempre tem no bem estar do destinatário final o seu objeto de interesse. O Estado deveria resguardar o mercado, quanto à atuação exorbitante de indivíduos, ou grupos, que tentem, ao burlar as regras, obter vantagens sobre os demais. Entretanto, o que dizer quando as próprias regras são criadas para que alguns escolhidos possam sobressair aos demais competidores?
A criação de cartéis para burlar a dinâmica de oferta e procura na fixação de preços de produtos, bens e serviços é velha conhecida, tendo mesmo sido tratada por Smith, como um empecilho a evolução dos mercados e grande causadora de prejuízos à atuação da mão invisível. Desde a simples combinação de preços até as contemporâneas regulações e legislações tributárias os mecanismos para garantia de reserva de consumidores a determinados grupos se mantém forte e sofrendo constantes aperfeiçoamentos.
Os argumentos do setor estratégico e do interesse nacional vez por outra retornam na defesa de algumas dessas distorções. Ainda durante o regime militar, a Política Nacional de Informática, tornada lei em 1984, nos trouxe prejuízo e atraso quanto à modernização que acontecia no restante do mundo com a automação e aperfeiçoamento de processos de produção e de negócios proporcionados pela tecnologia de informação. A ideia de criar uma indústria nacional forte através de medidas de proteção levou ao surgimento de grupos beneficiados que, ao custo do sacrifício de toda a população, ergueram impérios que, como um castelo de cartas, ruíram ao ser expostos a competição internacional, mesmo após décadas de reserva de mercado que, em tese, deveria ter servido de preparação para a inserção global.
Em exemplo mais recente temos a atuação dos governos Lula e Dilma com a política de criação de grandes campeões nacionais que, ao custo de empréstimos subsidiados, condições diferenciadas de contratação e isenções fiscais resultou no Eike, nos irmãos Joesley e Wesley da JBS, na falência de inúmeros outros pequenos empresários que se viram incapazes de competir com esses grandes players e por fim no prejuízo ao mercado, ao consumidor e ao país. Se em algum momento essas políticas nefastas tiveram a intenção de proteger o tão alardeado interesse nacional, confesso que me é impossível enxergar. No entanto, vejo com clareza o jogo de manutenção do poder estabelecido por estas relações entre políticos, lobistas e empresários criminosos.
Entendo que precisamos estar atentos as formas criminosas de atuação no mercado que longe de ser uma exclusividade nossa, são uma realidade mundial e que levam sempre ao prejuízo do todo em benefício de ínfima parcela da população e entendo que o Brasil precisa de um choque de capitalismo para modernizar nosso setor produtivo em benefício da população, principalmente a mais pobre e, portanto, maior excluída do alcance a bens e serviços por essas distorções. Não dá para continuar a ser o aquário onde esses senhores pescam!
Parabens. Abraços!