Carol Poesia — Em 2018, não quero dar certo!

 

 

 

 

Não quero dar certo.

Dar certo exige abrir mão do que você mais ama fazer.

Fica em segundo plano. E mesmo que você não queira assim, acaba ficando.

Dar certo faz com que você gaste mais tempo fazendo o que não gosta e menos tempo fazendo o que gosta.

Faz com que você odeie a segunda-feira e ame as sextas. Faz com que você programe tudo e não sobre espaço pro espontâneo, e nem pra você.

Faz com que você meça palavra por palavra no trabalho, emita sorrisos falsos e esconda as lágrimas.

Não, não posso dar certo.

Não tenho vocação para agradar à sociedade, fazer-lhe vontade, puxar-lhe o saco.

Nunca considerarei emoção uma fraqueza! Não resistirei ao cansaço, nem ao choro, seja de alegria ou de tristeza.

Dar certo faz com que você deixe de ser humano aos poucos, no que há de mais humano. Faz com que você seja “forte”, e ser “forte” nesse mundo não caminha ao lado de ser bom.

Dar certo exige que você tenha “jogo de cintura”, e ter “jogo de cintura”, o que aparentemente seria uma coisa boa, acaba virando “vista grossa” para abusos, injustiças e mau-caratismo.

Não, não sou pra dar certo.

Dá muito trabalho sofrer calado, ter estratégia o tempo todo e ser sempre desconfiado.

Não sou pra dar certo não.

Pra dar certo tem que ser muito esperto! E ser esperto nesse mundo é sempre ver primeiro o seu lado, é não saber o nome dos seus vizinhos e ter por perto um criado.

Não, não sou pra dar certo. Esse negócio de sininho pra chamar empregado me deixa com vergonha alheia, é ridículo, não deveria ser símbolo de status.

Não sou pra dar certo.

Não quero trocar de carro.

Não faço questão de roupa de marca, o que eu gosto mesmo é de ficar pelado.

Sou proprietário de mim mesmo e está acabado.

Dar certo adoece o corpo por falta de alma.

Meu corpo vai bem, obrigado.

Minha alma deu errado, graças a Deus.

 

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