A ex do garoto de 17 faz 40
Por Igor Siqueira(*)
Foi na reta final de novembro de 2007 que um garoto de 17 anos entrou em um relacionamento sério com uma já famosa e renomada “jovem senhora” de 29 anos. Ao mesmo tempo em que era exigente, essa “mulher empoderada” acabou se mostrando muito receptiva, deixando o mancebo (como diria o professor Fernando da Silveira) muito à vontade no dia a dia. A diferença de idade não evitou que a relação desse certo. Foi eterno enquanto durou — pouco mais de um ano e meio —, mas aquele enlace de curto período (se comparado aos 40 anos que a Folha da Manhã faz neste 8 de janeiro de 2018 e os 27 que estou prestes a completar no dia 19) foi o suficiente para deixar como frutos muito aprendizado, amizades e uma pontinha de saudade.
Cheguei para ser estagiário da escuta, pegando informações das cidades vizinhas a Campos e ligando para bombeiros e polícia em busca de “ocorrências de vulto”. Mas me deram “corda”. Contando com a parceria de muita gente boa, passei rapidinho pela editoria de Geral (lembro-me de uma matéria sobre ambulâncias abandonadas em um depósito da Prefeitura…), fiquei um “tempão” no Esporte (o Goytacaz não subia por nada, mas o Americano ainda estava na elite do Carioca…) e aí aterrissei no site: www.fmanha.com.br. (hoje, Folha 1) Eu me lembro muito bem da propaganda na televisão: “Folha Online. Seu mundo em tempo real”. A Folha tinha entrado em um processo de evolução que continua até hoje: o desafio de informar com a rapidez que o jornalismo atual demanda, unindo precisão e responsabilidade que o jornalismo desde sempre exige. Era necessário um choque cultural para inserir na rotina da reportagem, por exemplo, o envio de fotos pelo celular e a ligação para passar a informações das matérias, até mesmo abrindo mão do furo na edição impressa. Em tempos em que Whatsapp nem sonhava em nascer, isso não era tão simples. E lá estava eu, batendo ponto na rua Carlos Lacerda, 75. Um privilégio.
A Folha foi, é e sempre será uma escola. Editorialmente, a lição diária sempre foi não aceitar as coisas como elas estão. Em várias escalas. Isso vai desde o buraco na rua de um bairro distante até uma eventual falha administrativa do poder público. Como escola, na Folha já passaram e ainda estão muitos professores. A começar pelo fundador, Aluysio Cardoso Barbosa. Foram muitas manhãs acompanhando pela TV a sessão da Câmara de Campos, enquanto o patriarca da família Folha batia as notas do Ponto Final. E foram muitas outras jornadas “sugando” experiência de outros mestres que passaram pela redação e que transpuseram a qualidade jornalística para as mãos do leitor (no papel e no site). Um timaço.
Precisei seguir outros caminhos. O meu casamento com a Folha foi interrompido em 2010 (mas ainda acompanho minha “ex” pela internet). De qualquer forma, continuam a torcida pelo sucesso e a alegria por ter feito parte dessa história. Que se multipliquem os 40 anos.
(*) Jornalista do Lance e ex-editor de Esporte da Folha
Publicado hoje (07) na Folha da Manhã