Gratidão a quem abriu as portas
Por Paula Gicovate(*)
A Folha da Manhã é essencial na minha formação. Antes de entrar na faculdade eu fiz um estágio na redação do jornal e lá eles me ouviam, davam atenção para as minhas dúvidas e meus pitacos de foca, me deixavam trabalhar. A alegria que eu tinha ao ler meu nome nas matérias que eu assinava era indescritível. Nunca esqueço de um dia que eu pedi para Aluysio Abreu Barbosa me deixar escrever sobre a Parada LGBT do Rio de Janeiro. Uma estagiária cheia de ideias e uma máquina digital. Ele disse que eu podia fazer, e que se fosse boa o bastante ele me daria a capa da Folha 2. Lá fui eu para o Rio, para a avenida Nossa Senhora de Copacabana com um bloquinho, uma caneta e minha vontade de mostrar para o mundo o quanto aquela manifestação era importante, de resistência.
Digitei a matéria no Rio, do computador da minha irmã, e mandei no mesmo dia. Ele não respondeu, fiquei num baita suspense, mas na segunda-feira estava lá, a capa com a minha matéria e as minhas fotos, meu nome embaixo como jornalista. O orgulho foi enorme, definidor. Minhas palavras tinham um lugar, importavam! Logo depois ele me chamou em sua sala para finalmente dizer o que achou. Disse que tinha gostado muito, e que se eu quisesse, me efetivava, mas entendia se eu quisesse correr o mundo. E assim o fiz. Fiz letras, me tornei roteirista e escritora, mas tudo começou ali, naquela redação, nas reuniões de pauta, no contato com uma família incrível e jornalistas que eu admiro e que me ensinaram muito.
Obrigada, Folha.
(*) Ex-repórter de Folha Dois e roteirista da Rede Globo
Publicado hoje (09) na Folha da Manhã