Lula e Moro: Olhos nos olhos, quero ver o que você faz

 

 

 

Charge do José Renato publicada hoje (07) na Folha da Manhã

 

Anticlímax

Um anticlímax. Sem prisão, Habeas Corpus (HC), nem discurso de Lula. Assim se deu o dia de ontem, desde que às 17h venceu o prazo dado pelo juiz federal Sérgio Moro para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se apresentasse para cumprir sua pena na Superintendência da Polícia Federal (PF) do Paraná. No caso do triplex do Guarujá, em 12 de junho, o Tribunal Federal Regional da 4ª Região (TRF-4) condenou o petista a 12 anos e um mês de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Seu pedido de HC foi negado na madrugada desta quinta (05), por 6 votos a 5, no Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Craques das suas torcidas

Moro foi acusado de ter sido rápido demais ao deferir a ordem de prisão de Lula, 19 minutos após ter recebido o sinal verde do TRF-4. Foi no final da tarde da mesma quinta em cuja madrugada se encerrou a sessão do STF. Já Lula tirou o dia seguinte para cadenciar o jogo num campo conhecido, que o lançou da liderança sindical à política ainda nos anos 1980: o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista. E a disputa correu em regras mistas: jurídicas e políticas. Como parece ter sido, até aqui, o confronto que polariza o país entre dois “craques”, cada qual em seu jogo e às suas respectivas torcidas: Lula e Moro.

 

Lula perde outro HC

A disputa jurídica, pelo menos antes de uma eventual prorrogação, acabou ontem por volta das 16h15, quando o ministro Félix Fischer, relator da Lava Jato no Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou mais um pedido de Habeas Corpus da defesa de Lula. O anterior havia sido negado em 6 de março, por 5 votos a 0. Como a decisão mais recente se deu 45 minutos antes do prazo dado por Moro ao ex-presidente para se entregar em Curitiba, o jogo mudou de lado. Se antes dava ouvido aos aliados políticos açodados que o conclamavam à resistência, jogador malandro, Lula lançou na fogueira para o seu jurídico.

 

Nervosismo

Com a bola dividida rolada, os advogados Sepúlveda Pertence, José Roberto Batochio e Cristiano Zanin — reforçados por Wadih Damous (PT), deputado federal e ex-presidente da OAB-RJ — buscaram diálogo com o delegado Maurício Leite Valeixo, superintendente da PF no Paraná e encarregado por Moro das negociações. Antes, o nervosismo era tanto que Sepúlveda divulgou que o HC de Lula tinha sido negado. Na verdade era um HC pedido por advogado particular. Desmentido pela assessoria do STJ, o ex-presidente do STF disse que se confundiu. Fez pouca diferença, após o HC da defesa também sair pela linha de fundo do STJ.

 

Agressões (I)

Na tentativa de pegar um naco da popularidade de Lula, presidenciáveis como o líder do MTST, Guilherme Boulos (Psol), e a deputada estadual gaúcha Manuela d’Ávila (PC do B), pregavam a insurreição no trio elétrico no ABC paulista. Mais realista, o advogado Batochio reconheceu que é possível que Lula tenha também a prisão preventiva decretada, devido à desobediência civil e ameaça à ordem pública. Na quinta, duas equipes de reportagem, do Correio Braziliense e do SBT, foram agredidas por sindicalistas da CUT em Brasília.

 

Agressões (II)

Na mesma quinta, um homem foi agredido em frente ao Instituto Lula em São Paulo. Após ter chamado o ex-presidente de ladrão, ele foi empurrado até colidir contra um caminhão em movimento e teve traumatismo craniano. Identificado por filmagens de celular, o agressor foi Manoel Eduardo Marinho, o Maninho, ex-vereador do PT por cinco mandatos em Diadema (SP). No dia seguinte, um grupo de vândalos vestidos de vermelho atacou e pichou o prédio em Belo Horizonte onde a presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, tem um apartamento. Foi ela quem deu o voto de Minerva que negou o HC de Lula no Supremo.

 

Prisão preventiva?

O MST admitiu participação na manifestação no prédio de Carmen, não no vandalismo. Também ontem, o movimento fechou estradas em 40 pontos do país. Na Paraíba, um motorista atirou na perna de uma militante. Antes da pichação, a presidente do STF colocou na pauta desta quarta a votação dos HCs do ex-ministro Antonio Palloci e do deputado afastado Paulo Maluf. Com isso, o ministro Marco Aurélio Mello não poderá levar à mesa duas Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs). Elas podem mudar a jurisprudência que levou à prisão de Lula. Mas, se este for alvo também de prisão preventiva, não fará diferença. Do novo recurso do PT endereçado a Marco Aurélio, o sorteio do STF deu Edson Fachin.

 

Publicado hoje (07) na Folha da Manhã

 

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Este post tem um comentário

  1. cesar peixoto

    A verdade é se for prender todos que roubaram tem que prender todos os politicos,de uma coisa eu tenho certeza ele foi o melhor de todos que governaram esse país,espero que depois da prisão não venha acontecer qualquer tipo de vandalismo

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