Na vida de Edvar, meio século de luta pela CDL e comércio de Campos

 

 

Charge do José Renato publicada hoje (08) na Folha

 

 

Cinco décadas de CDL

O empresário Edvar Chagas morreu na madrugada de ontem, aos 79 anos, de parada cardiorrespiratória. Ele completaria 80 anos na próxima sexta, dia 15. Foi presidente quatro vezes da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos, passando por todas as diretorias da entidade. Pela capacidade de agregar, era considerado o grande conciliador da instituição, tanto internamente, quanto em suas interrelações com a sociedade. Filiado à CDL desde 1964, esteve em todas as suas lutas nas últimas cinco décadas. Na mais recente, foi fundamental na negociação com a Prefeitura, que reduziu o aumento do IPTU de Campos em 2018.

 

Costura do empreendedor

Nos anos 1960, Edvar trabalhou na Singer Brasil. Com o know how no ramo de máquinas de costura, abriu em 1968 a Feira das Máquinas na rua dos Andradas, no prédio que hoje abriga o parque gráfico da Folha da Manhã. Com a CDL Campos inaugurada em 1963, começou a militar nela no ano seguinte, chegando à presidência em 1977 — sendo eleito novamente em 1995 e, consecutivamente, em 2000 e 2001. Após a experiência da Solar Móveis, ele adaptou o nome da sua loja original na mudança para o novo produto. Assim, em 1985, abriria a primeira Femac, na avenida Alberto Lamego, dedicada ao comércio de móveis de primeira linha.

 

Bandeira

Como líder do setor produtivo de Campos, várias foram as iniciativas de Edvar. Sobre a bandeira do imposto único, hoje hasteada pelo empresário e presidenciável Flávio Rocha (PRB), este esteve em Campos ainda na primeira metade dos anos 1990, quando era deputado federal. Como Murillo Dieguez relembra (aqui) em sua coluna na página 6, Rocha fez uma concorrida palestra na CDL. E depois mereceu uma recepção oferecida por Edvar. A partir dali, o empreendedor campista faria do imposto único uma bandeira sua e de todos os que geram empregos e divisas ao país, a despeito de uma das cargas tributárias mais altas do mundo.

 

Legado

Como também conta (aqui) a reportagem da jornalista Dora Paula Paes, publicada na página 8, foi de Edvar a ideia da Feira de Preços Especiais (Fepe). Ela foi criada em 1999, quando o presidente da CDL-Campos era Marcelo Mérida, hoje à frente da Federação Fluminense das CDLs. Encampado o projeto, nele se passou a reunir todo o resto de estoque do comércio de Campos, sobretudo vestuário, ofertado à população com descontos de até 70%. Reunidos num mesmo lugar e iniciativa, com propaganda conjunta, o sucesso foi tanto que hoje a Fepe já prepara sua 30ª edição. Há 19 anos, ganham o comércio e o consumidor do município.

 

Coragem

Junto da esposa Cicinha, dos filhos Edvar Júnior e Luciano, Edvar era anfitrião e frequentador assíduo da vida social de Campos. Numa cidade em que a vaidade pessoal é carro chefe para quem trabalha com mercadorias de ponta, soube trabalha-la como poucos. Mas o fazia também pelo prazer de receber. Não bebia nada além da cerveja moderada e se cuidava bastante fisicamente. Nos verões em Atafona, sua praia de eleição, era comum se cruzar com ele em caminhadas diárias. Não fumante, sua doença pulmonar foi consequência da coragem com que enfrentou um terrível incêndio na Femac, em 23 de outubro de 2013.

 

Amigo

Pessoalmente, Edvar era conhecido pela fidelidade aos amigos. Um dos mais próximos foi o jornalista Aluysio Cardoso Barbosa, fundador deste jornal e desta coluna de opinião, que escreveu até bem perto de morrer, em 15 de agosto de 2012. Pouco antes, quando Aluysio descobriu um câncer de pulmão e se submeteu a duas cirurgias em Porto Alegre (RS), centro de excelência na especialidade, Edvar foi um dos amigos que venceu a distância entre as planícies do Paraíba do Sul e do Guaíba, para estar ao lado do amigo. Se o jornalista estivesse vivo, difícil saber o que escreveria aqui sobre quem alçou a planaltos na madrugada de ontem.

 

Amiga

Na dúvida, melhor ficar com o que escreveu sobre Edvar a esposa de Aluysio, cuja íntegra do texto pode ser lido na capa desta edição. Mais como historiadora e poeta, do que como empresária, Diva Abreu Barbosa testemunhou (aqui) sobre 80 anos de vida, não sobre morte: “Por todo nosso caminhar, sonhamos juntos; brincamos juntos, sofremos juntos e, também, renascemos juntos! Um dia após o outro. Fraternidade que galopa em nosso tempo e em nossos prados. Aleluia! Sempre!”.

 

Publicado hoje (08) na Folha da Manhã

 

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