Brasil de Neymar não foi brilhante, mas conseguiu sua vaga às oitavas

 

Paulinho e Thiago Silva, autores dos gols contra a Sérvia que classificaram o Brasil às oitavas (Foto: Pedro Martins – Mowa Press)

Por Aluysio Abreu Barbosa

 

Funcionou com o melhor jogador de futebol do mundo. Parece não ter dado errado com um candidato a chegar lá. Na terça (26), as críticas foram fundamentais para que Lionel Messi humanizasse a qualidade única do seu jogo, conduzindo a Argentina na suada classificação às oitavas de final da Copa da Rússia, com a vitória de 2 a 1 sobre a Nigéria. Um dia depois, ontem foi a vez de Neymar marcar mais por seu futebol do que pelo cabelo, xingamentos, reclamações, simulações e choro sem lágrimas. Ele não deixou o seu na vitória de 2 a 0 do Brasil sobre a Sérvia, mas enfim jogou nesse Mundial mais para o time do que para o ego.

O anúncio de que o craque jogaria de acordo com o que dele deseja a torcida, foi dado antes da bola rolar. Após a execução do hino brasileiro se restringir à versão reduzida da Fifa, Neymar sorriu em aprovação quando seus conterrâneos cantaram o restante à capela, ecoado nas arquibancadas do estádio do Spartak de Moscou.

Soado o apito inicial, o primeiro susto não veio com a marcação sérvia sob pressão, mas quando Marcelo parou a jogada pela esquerda. Eram ainda 8’ do primeiro tempo quando um dos principais jogadores do Brasil anunciou que não tinha mais condição de jogo. E levou mais um minuto para que Filipe Luís entrasse em campo para substituí-lo na lateral-esquerda.

Pelas redes sociais, Marcelo garantiu na noite de ontem não ter sofrido nada grave. Sem ele, quem ficou em campo tentou resolver. Aos 25 minutos, Filipe Luís iniciou uma jogada pela esquerda, entre Neymar e Gabriel Jesus. O camisa 10 do Brasil concluiu o lance, obrigando o goleiro Stjokovic a uma boa defesa.

O time de Tite encontrava dificuldades com a força da marcação da Sérvia, com maior média de altura entre as 32 seleções na Rússia. Mais baixas e técnicas, a Argentina e o Brasil foram semelhantes não só na resposta de seus craques às críticas sofridas pelas atuações dos dois primeiros jogos. Os belos lançamentos que geraram o primeiro gol de ambos, em seus jogos decisivos da terça e da quarta, também foram muito parecidos.

Contra a força física dos nigerianos, foi o meia Éver Banega quem enfiou uma bola longa para Messi, em incisão pela área, abrir o placar. Diante dos gigantes sérvios, coube a Philippe Coutinho o passe em profundidade para que o meia Paulinho penetrasse na área para encobrir o goleiro Stjokovic. Aos 36’: Brasil 1 a 0. O entrosamento veio também do Barcelona, onde os dois jogadores brasileiros atuam.

Aos 45 do primeiro tempo, em outra jogada com Filipe Luís pela esquerda, Neymar buscou o ângulo oposto do gol sérvio, mas a curva da bola abriu demais. Após o intervalo, com a vitória ainda parcial da Suíça sobre a Costa Rica, a Sérvia voltou do vestiário com disposição para tentar vencer e continuar na Copa.

Dos 10 aos 20 minutos, eles promoveram uma blitzen sobre a área brasileira. Jogador mais temido do ataque adversário, o grandalhão Mitrovic perdeu duas boas chances. Na primeira, após Alisson rebater para o meio da área, o centroavante sérvio cabeceou em cima de Thiago Silva. Depois, em cruzamento da direita, ele testou para a defesa do goleiro brasileiro.

Cansada pela marcação sob pressão do primeiro tempo e pelo volume de ataque no começo do segundo, os sérvios ofereciam espaços na defesa. Após conseguir um escanteio em jogada individual pela ponta esquerda, Neymar cobrou aos 33’, para Thiago Silva dar número definitivo ao placar. Ele teve espaço aberto pelo trabalho do companheiro de zaga, Miranda, que puxou a marcação de Mitrovic.

Com a ducha de água fria, a Sérvia claramente se entregou. O Brasil ainda produziu outras chances, mas ficou nisso. Se não foi brilhante, bastou para se classificar às oitavas em primeiro lugar no Grupo E. E sinalizou uma trajetória ascendente para encarar mais um duelo, às 11h da próxima segunda, contra um velho conhecido: o México, que ontem levou de 3 a 0 da Suécia.

No mesmo dia em que a Alemanha só ganhou o direito de pegar a Lufhtansa de volta para casa, ficou de bom tamanho.

 

 

 

ALISSON – No primeiro tempo, deu três socos em bolas alçadas na área. Na etapa final, fez mais quatro defesas, mas numa delas cometeu o erro primário de rebater para o meio da área. O centroavante Mitrovic cabeceou e Thiago Silva salvou. NOTA 6.

FAGNER – Não é Daniel Alves, cortado por contusão antes da Copa, mas tem jogado melhor do que Danilo na estreia contra a Suíça. Na defesa, recebeu bastante ajuda de Willian, que descia para acompanhar as investidas do lateral-esquerdo Koralov. Nota 6,5.

THIAGO SILVA – Além de salvar o Brasil no momento de maior pressão da Sérvia, cabeceou o escanteio de Neymar, no primeiro pau, para fechar o placar. Deixou para Miranda o combate direto com o grandalhão Mitrovic e jogou mais na base da classe. NOTA 8,5.

MIRANDA – Travou uma batalha física com Mitrovic, sem levar a pior. Quando preciso, recorreu a chutões para espanar bolas na área brasileira, mas também demonstrou categoria nas antecipações. NOTA 8.

MARCELO – Com espasmo muscular na região lombar, saiu chorando de campo, aos 9 minutos iniciais. SEM NOTA. Foi substituído por FILIPE LUÍS, que teve trabalho com as subidas do lateral-direito Rukavina. Sem se igualar ao titular na parte ofensiva, obrigou o goleiro Stjokovic a fazer uma defesa difícil, em chute fora da área. NOTA 7.

CASEMIRO – Único marcador do meio de campo brasileiro, teve trabalho com a pressão sérvia, sobretudo no começo do segundo tempo. NOTA 6,5.

PAULINHO – Não foi o melhor em campo, como elegeu a Fifa, mas finalmente apareceu na Copa como homem-surpresa no ataque, como cansou de fazer no Barcelona e em jogos do Brasil pelas Eliminatórias. Concluiu com classe um belo passe de Philippe Coutinho, seu colega no clube espanhol, para abrir o placar. NOTA 7. Foi substituído aos 11 da etapa final por FERNANDINHO, que entrou para reforçar a marcação no meio de campo e aliviar a pressão sérvia. Mas esta só diminuiria com o segundo gol brasileiro. NOTA 6.

WILLIAN – Novamente decepcionou tecnicamente, mas cumpriu uma importante função tática, na disputa com o lateral-esquerdo Koralov, melhor jogador da Sérvia. NOTA 6,5.

PHILIPPE COUTINHO – Tentou jogadas pela esquerda com Neymar, com quem demonstra cada vez mais afinação. E acertou um belo passe para o gol de Paulinho, numa bola longa que lembrou a enfiada do meia argentino Banega, um dia antes, para o golaço de Messi contra a Nigéria. NOTA 8. Foi substituído por RENATO AUGUSTO aos 35 do segundo tempo. SEM NOTA.

NEYMAR – Ainda não teve uma atuação de candidato a melhor jogador do mundo, mas ontem finalmente se destacou mais pelo futebol do que pelo cabelo, xingamentos, reclamações, simulações e choro sem lágrimas. Ao atuar mais menos para o ego e mais para o time, teve sete finalizações, três delas colocando o goleiro Stjokovic para trabalhar, além de acertar 63 dos 80 passes tentados. E sofreu apenas três faltas. NOTA 7.

GABRIEL JESUS – Com 10,2 quilômetros percorridos, foi o jogador brasileiro que mais correu em campo. Não é um peso morto, como foi Fred na última Copa. Mas o jovem centroavante completou ontem seu terceiro jogo sem balançar as redes da Copa da Rússia. NOTA 6.

 

 

 

STJOKOVIC – Com nome de um grande craque iugoslavo da linha, nos anos 1990, foi exigido pelo Brasil. Sem culpa nos dois gols. NOTA 7.

RUKAVINA – A preocupação com o potencial ofensivo brasileiro pela esquerda, mesmo com a saída de Marcelo, não o impediu de apoiar. NOTA 7.

MILENKOVIC – Marcava Thiago Silva quando este fez o gol. NOTA 6.

VELJJOVIC – Lento como seu companheiro de zaga. NOTA 6.

KORALOV – Destaque da sua seleção, talvez tenha sido o melhor lateral-esquerdo da fase de grupos na Copa. Apesar do duelo com Willian, tentou apoiar. NOTA 7.

MILINKOVIC-SAVIC – Antes do jogo, disse que os brasileiros eram bons atacando, mas não defendendo. Ontem o volante confirmou sua primeira observação, não a segunda. NOTA 6.

MATIC – Teve trabalho na marcação, na qual levou cartão amarelo por uma falta tática em Gabriel Jesus, e tentou apoiar. NOTA 6,5.

KOSTIC – O meia-direita surpreendeu em ações ofensivas pela esquerda, mas nada que fizesse diferença. NOTA 6,5. Foi substituído por RADONJIC aos 37 do segundo tempo. SEM NOTA.

LJAJIC – Levou cartão amarelo por uma falta em Neymar fora de campo. Ativo no ataque, sobretudo em tramas com Koralov. NOTA 6,5. Cansou e foi substituído por ZIKOVIC aos 30 da etapa final. SEM NOTA.

TADIC – O mais hábil da seleção sérvia, tentou, mas conseguiu chegar ao gol brasileiro. NOTA 6,5.

MITROVIC – Temido nas bolas aéreas, mais pela altura e porte físico, do que pela habilidade, teve sua chance ao cabecear dentro da área brasileira, mas em cima de Thiago Silva. NOTA 6. Foi substituído por JOVIC aos 44 do segundo tempo. SEM NOTA.

 

Página 10 da edição de hoje (28) da Folha

 

Publicado hoje (28) na Folha da Manhã

 

fb-share-icon0
Tweet 20
Pin Share20

Este post tem um comentário

  1. Sandra

    Amos lá Brasil .Vamos que vamos

Deixe um comentário