Numa Copa em que vários favoritos já ficaram pelo caminho, hoje foi a vez de quem jogou o melhor futebol da fase de grupos (aqui) também decepcionar. Mas como em futebol o que vale é bola na rede, depois de levar dois gols do Japão, a Bélgica teve força para marcar outros três, o último aos 49’ do segundo tempo. E agora vai tentar se refazer do tremendo susto para enfrentar o Brasil, às 15h desta sexta (06).
No primeiro tempo, como o México havia feito mais cedo com o Brasil, o Japão surpreendeu ao impor sua marcação no campo de defesa do adversário, considerado franco favorito pela crônica esportiva do mundo. E a pressão revelou limitações na saída de bola e falhas na defesa que os belgas ainda não haviam mostrado na Copa da Rússia. Ainda assim, a seleção europeia criou várias chances, muitas não convertidas em gol pelo excesso de preciosismo de seus jogadores.
Depois do intervalo, quando todos pensavam que a Bélgica finalmente faria valer sua maior qualidade técnica, começou a se desenhar uma zebra de pintas e olhos oblíquos. Logo aos 2’, o meia Gaku Shibasaki armou um contra-ataque rápido e lançou Genki Haraguchi na esquerda. Revelando a falha na defesa belga no lado em que o Brasil costuma concentrar suas ações ofensivas, o atacante japonês bateu cruzado para abrir o placar.
A surpresa foi ainda maior quando, apenas quatro minutos depois, o meia Shinji Kagawa deu um lençol em seu marcador antes de servir a Takashi Inui. Ele acertou um belo chute para fazer 2 a 0. A Bélgica sentiu demais o golpe. A reação nasceu de um lance fortuito aos 24’, quando zagueiro belga Jan Vertonghen tentou cruzar de cabeça na área. A bola ganhou uma curva inesperada e o goleiro Eiji Kawashima aceitou o frango.
O empate viria cinco minutos depois, fruto das alterações do técnico espanhol da Bélgica, Roberto Martínez. Sem jogar nada, o hábil Dries Mertens havia dado lugar a Marouane Fellaini, de 1,94m, no meio de campo belga. Também de cabeça, ele completou o cruzamento de Eden Hazard para fazer 2 a 2.
Os dois gols em bolas altas não serviram de lição aos esforçados, mas baixos e ainda ingênuos japoneses. No último minuto dos descontos, eles tinham um escanteio e cruzaram uma bola alta na área belga. Com 1,99m, o goleiro Thibaut Courtois pegou sem problemas e armou com as mãos o contra-ataque.
Apesar da atuação decepcionante, o meia Kevin De Bruyne lançou o lateral Thomas Meunier pela extrema direita. Ele cruzou rasteiro da área, o centroavante Romelu Lukaku puxou a marcação, fez o corta luz e serviu a bola ao meia Nacer Chadli. Livre, ele classificou os belgas para enfrentar o Brasil.
Como a Croácia, que também ganhou com autoridade seus três primeiros jogos no Mundial, mas só passou às quartas na disputa de pênaltis (aqui) contra a Dinamarca, a Bélgica decepcionou diante do Japão. Na defesa, expôs uma linha pesada e lenta, que pode ser explorada pela rapidez de jogadores como Neymar, Philippe Coutinho, Willian e Gabriel Jesus (ou Firmino?).
Quanto ao decantado quarteto ofensivo belga, apenas Hazard e Lukaku jogaram hoje com a entrega que uma partida eliminatória de Copa do Mundo exige. Só não marcaram também seus gols por absoluta falta de sorte. Já o armador De Bruyne, estrela da Premier League, e o meia-direita Mertens mostraram uma gritante queda no nível do futebol que apresentaram na fase de grupos.
A Copa da Rússia já deixou seleções de peso para trás, como Alemanha, Argentina e Espanha. Ao mesmo tempo, evidenciou a croatas a belgas como camisas de maior tradição podem fazer falta na hora de confirmar em campo a condição de candidatos ao título.
Ainda assim, não se deve duvidar da capacidade técnica dos jogadores da Bélgica. Nem do que uma virada como a de hoje, mesmo contra o Japão, é capaz de produzir num time de futebol.