França de Mbappé e Croácia de Modric disputam hoje a final da Copa

 

Mbappé e Modric disputam hoje a Copa do Mundo e o título de craque do torneio (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

Antes da disputa do terceiro lugar da Copa da Rússia, conquistado ontem (aqui) pela Bélgica, a França que a derrotou já era apontada como favorita à final de hoje, ao meio-dia, contra a Croácia. E a relativa facilidade com que os belgas derrotaram ontem a Inglaterra, por 2 a 0, reforça esse aparente favoritismo francês entre os dois finalistas, sobreviventes de duas chaves desiguais na força dos adversários.

Contra a vantagem teórica da França, a Croácia demonstrou outra no campo: capacidade de reação. Após vencer todos os jogos na fase de grupos — o que os franceses não fizeram — os croatas saíram em desvantagem no placar em todos os jogos das fases eliminatórias. Ainda assim, deixaram para trás Dinamarca, Rússia e Inglaterra, todos após prorrogação, pelo direito de jogarem hoje a final. Embora tenha despachado adversários mais fortes — Argentina, Uruguai e Bélgica —, a jovem seleção da França não saiu atrás no placar em nenhum dos seus seis jogos até aqui.

Nos valores individuais, as duas seleções se equivalem. E têm como destaques seus respectivos camisas 10. Além do título, eles hoje travam um duelo particular na disputa de craque da Copa. Na França, a camisa que já foi de Zidane não tem pesado às costas do jovem e veloz atacante Mbappé. É o primeiro jogador com menos de 20 anos, depois de Pelé, a marcar mais de um gol em jogo eliminatório de Copa. Na Croácia, a 10 é envergada por um dos maiores meias do futebol mundial: o experiente e cerebral Modric. É capaz de determinar as ações de seu time, como talvez nenhum outro jogador, entre as 32 seleções que se apresentaram na Rússia.

Apesar do brilho individual dos seus astros, os times finalistas estão longe de se resumirem a eles. Entre os croatas, Modric é escudado no meio de campo por Rakitic. Os dois unem em sua seleção grande parte do poder de criação do Real Madrid e do Barcelona. No ataque, os destaques são o perigoso centroavante Mandzukic e Perisic, pela esquerda, melhor jogador das semifinais contra a Inglaterra. Ele não treinou ontem junto de seus companheiros, mas é pouco provável que não entre hoje em campo.

Do meio para a frente, Mbappé também tem um grande parceiro: como ele, Griezmann já marcou três gols no Mundial. Em contrapartida, o centroavante Giroud perdeu vários, não marcou nenhum e terá sua última chance hoje de desencantar. Mas é na meia cancha que a França demonstra, se não a mesma qualidade da Croácia, um grande equilíbrio: o clássico meia Pogba vem em desempenho crescente e ainda não mostrou tudo que sabe na Rússia. Isso sem contar Kanté, melhor volante do Mundial.

Na posição, Brozovic pode não estar no mesmo nível, mas equilibrou a marcação no setor para liberar Modric e Rakitic à criação. Atrás deles, a Croácia tem uma sólida dupla de zaga, com Lovren e Vida — à altura dos franceses Varane e Umtiti. Na lateral-direita, também há equilíbrio entre o francês Pavard e croata Vrsaljko. No lado oposto, a França mantém o nível alto com Hernández, enquanto os adevrsários talvez tenham em Strinic o ponto fraco da sua defesa. Por fim, o meia-esquerda Matuidi e o direita Rebic não têm sido destaques individuais em suas respectivas equipes, mas nelas desempenham importantes funções táticas.

Nos últimos 20 anos, França e Croácia conquistaram desempenhos de mais destaque que seleções com muito mais tradição do mundo da bola. Desde que ganharam a Copa pela primeira vez, em 1998, contra o Brasil, os franceses disputarão sua terceira final. Em 2006, eles perderam o título para a Itália, depois que Zidane perdeu a cabeça.

Principais herdeiros da antiga Iugoslávia, clássica escola do futebol, os croatas conquistaram o terceiro lugar logo em seu primeiro Mundial como nação independente. Foi em 98, quando perderam a semifinal justamente para a França, numa virada de 2 a 1. Mas, dali em diante, a Copa passou de sorrir a quem disputa sua final pela primeira vez —  como foi o caso também da Espanha, em 2010.

No retrospecto, a vantagem é dos Bleus. Em quatro jogos disputados, eles tiveram três vitórias — incluindo a semifinal de 98 —, com um empate. Hoje, a maior consistência e a juventude entrarão em campo com a França. A experiência e capacidade de superação, com a Croácia. Pátria de soldados e poetas, a Rússia não esquecerá nenhum dos dois.

 

Página 12 da edição de hoje (15) da Folha

 

 

Publicado hoje (15) na Folha da Manhã

 

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Este post tem um comentário

  1. Anis Tavares Murad

    Estou torcendo para a Croácia ganhar, e para que a França ZiDane!

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