Sorriu.
Acendeu as luzes. Olhou para o espelho. Estavam gastos, ele e a moldura. Não era tão ruim, pensou. Ajeitou os cabelos. O relógio apontava o amanhecer. No corpo, pontadas. Também não era tão ruim assim, analisou pela segunda vez. Esta chata mania de pensar, pensou.
E sorriu.
Os ponteiros do relógio mostravam os poucos minutos para o amanhecer. O corpo em ritmo de pontadas. Terminou de se arrumar. Os primeiros raios de sol entravam pelas frestas entreabertas. Havia deixado assim desde o começo das dores no correr das horas.
Do outro lado, o dia apontando em cores. Tempo perdido. Do seu lado, pontuavam as dores. Somos tão jovens, gritava um carro pela rua.
Sorriu.
Sentia o quarto esquentar enquanto seu corpo esfriava. Ouvia crescentes barulhos na rua enquanto os seus silenciavam vagarosamente. Ouviu o tic-tac do relógio enquanto os perdia. Sentiu seu corpo anoitecer enquanto amanhecia.
Lindo! Lindo! Lindo!
Num texto curtinho coube tudo, Paulinha, uma vida inteira! Beijo, querida !