A partir das 22h30 de hoje, o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL) será o entrevistado do programa “Central das Eleições”, da GloboNews. No correr da semana, a bancada de jornalistas da emissora, comandada por Miriam Leitão, já sabatinou os presidenciáveis Álvaro Dias (Podemos), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB).
No combate necessário às fakenews dos políticos e seus militantes, a imprensa do mundo parece estar aprendendo com seus erros. Nos EUA, liderados (aqui) pelo Washington Post, os jornalistas passaram a fazer a checar e denunciar cada afirmação falsa do presidente Donald Trump. Antes tarde do que nunca, o filtro necessário e didático parece estar surtindo efeito.
Abaixo do Equador, os jornalistas parecem também ter aprendido a lição, depois da polêmica entrevista de Bolsonaro na segunda, ao Roda Viva da TV Cultura. Na oportunidade, o candidato se mostrou à vontade nos pontos mais polêmicos, como as acusações de machismo, racismo e apoio à ditadura militar (1964/85). Mas demonstrou fragilidade na hora de falar de suas propostas sobre economia, saúde e educação.
Como apertou todos os candidatos entrevistados anteriormente, os jornalistas da GloboNews devem hoje também fazê-lo com Bolsonaro. Mas é improvável que um deles vá reeditar a estultice de dizer que Jesus foi um “refugiado”, como fez Bernardo Mello Franco no Roda Viva. Tampouco Bolsonaro deve repetir as suas, como afirmar: “os portugueses nem pisaram na África”, ou “se aumentar o emprego, a necessidade de procurar os hospitais diminui”.
De qualquer maneira, as eventuais fakenews serão nacionalmente desmascaradas. Como a GloboNews fez com todos os demais presidenciáveis sabatinados. Independente do resultado real da entrevista de daqui a pouco, não é preciso muita inteligência para se prever sua absoluta ausência em quem vai invadir as redes socias para confirmar o que delas falava Umberto Eco — “deram voz aos imbecis” — e regurgitar:
— A imprensa brasileira é toda formada de comunistas!
— O cérebro desse grande complô marxista são as Organizações Globo!
No filtro paciente às fakenews, o jornalismo sério vai aplicando sobre o “pensamento” dessa gente o que Bolsonaro propõe aos estupradores: castração. Por limitação de intelecto e/ou caráter, pode não impedir que violentem a verdade. Mas estanca a reprodução.