O que Datafolha e Ibope revelam das eleições a governador e presidente

 

 

Paes, Romário e Garotinho

Após o Ibope, na segunda (20), ontem (22) foi a vez da Datafolha divulgar suas consultas para governador do Rio e presidente da República. Entre os dois institutos de pesquisa mais conceituados do país, houve muitas similaridades e algumas diferenças. Na disputa ao Palácio Guanabara, a liderança de Romário Faria (Pode), que já não era isolada no Ibope, não existe mais no Datafolha. Na estimulada deste, Eduardo Paes (DEM) teve 18%; Romário, 16%; e Anthony Garotinho (PRP), 12%. O político de Campos só fica em empate técnico na liderança se forçada ao máximo a margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos.

 

Rejeição a governador

No pelotão intermediário a governador, outra diferença entre Ibope e Datafolha. O primeiro instituto colocou Tarcísio Motta (Psol), com 5%, à frente de Indio da Costa (PSD), com 3%. Enquanto o segundo transformou o empate técnico em absoluto: Tarcísio e Indio estariam com os mesmos 3%. Definidoras do primeiro turno, as intenções de voto são sempre limitadas no segundo pela rejeição. E, no índice negativo, o líder isolado nos dois institutos é Garotinho: após bater impressionantes 55% no Ibope, ele registrou 45% no Datafolha. Neste, foi seguido à distância na rejeição a Paes (32%), Romário (23%), Indio (19%) e Tarcísio (10%).

 

Recordar é viver

Entre as duas pesquisas ao Palácio Guanabara, a comparação entre os três líderes no empate técnico indica uma curva descendente de Romário e outra ascendente, de Paes. Garotinho está na briga pelo primeiro turno, mas sua enorme rejeição indica dificuldades no eventual segundo, contra qualquer adversário. É um limitador que ele encara desde 2014, quando chegou a liderar a corrida, mas morreu na praia, ficando fora do turno final entre o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) e Marcelo Crivella (PRB). Este hoje apoia o político campista, mas sofre grande desgaste como prefeito do Rio.

 

Voto de Lula

De governador do Rio a presidente do Brasil, Ibope e Datafolha apontam a liderança isolada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Se, na estimulada do primeiro, ele bateu 37%, subiu ainda mais no segundo: 39%. Preso desde 7 de abril e virtualmente inelegível pela Lei da Ficha Limpa que sancionou quando presidente, é favorecido pela condição de vítima. Nas fatias dos institutos, seu eleitor tem o perfil delineado: é sobretudo feminino, tem 45 anos ou mais, cursou só o fundamental, ganha até dois salários mínimos e se concentra no Nordeste e Norte. Afirmar que o pobre de pouco estudo vota em Lula, além do maniqueísmo, tem critério estatístico.

 

Capitão pró e contra

Sem Lula na disputa, como todos os institutos registram há dois anos, o líder isolado é Jair Bolsonaro (PSL). Ele teve 18% na estimulada do Ibope e 22%, no Datafolha. Salvo o imponderável, como a gravação do presidente Michel Temer (MDB) pelo empresário Joesley Batista, tudo indica que o ex-capitão do Exército estará no segundo turno. Mas uma vez lá, pelas simulações do Datafolha, seria batido por quase todos os principais adversários: 34% a 45% por Marina Silva (Rede), 33% a 38% por Geraldo Alckmin (PSDB) e 35% a 38%, por Ciro Gomes (PDT) — empate técnico na margem de erro de dois pontos para mais ou menos.

 

Voto de Bolsonaro

As projeções ruins no segundo turno têm motivo simples: 39% do eleitorado não votariam em Bolsonaro de jeito nenhum. Líder de rejeição, ele é seguido por Lula (34%), Alckmin (26%), Marina (25%) e Ciro (23%). Embora Fernando Haddad, candidato estepe do PT, tenha rejeição só de 21%, é o único de quem o ex-capitão ganharia no segundo turno: 38% a 29%. O eleitor padrão de Bolsonaro também é descrito pelo Datafolha: masculino, entre 35 e 44 anos, ensino superior, ganha mais de 10 mínimos e se concentra no Sul do país — única região onde supera até Lula, por 28% a 25%. Seu voto majoritário é do homem rico que fez faculdade.

 

Debate na Uenf

Quem esteve ontem em Campos, para participar de um debate da Uenf, foi o deputado federal Wadih Damous (PT). Ex-presidente da OAB-RJ, ele tem também atuado na defesa de Lula. Após a exibição do documentário “O processo”, dirigido por Maria Augusta Nunes, Damous participou de um debate na sala de cinema da universidade, com o jornalista Marcel Silvano e a professora Luciane Soares, presidente da Aduenf. Lançado em 2018, o filme narra o processo de instabilidade política do país iniciado em 2013, culminando no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), concluído em 2016.

 

Publicado hoje (23) na Folha da Manhã

 

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Este post tem um comentário

  1. Marcos Paulo

    Dois candidatos ruins e um inelegivel, é a fase que o Estado Rio vive, não se vê uma luz no fim do tunel. O engraçado disso tudo é ver eduardo paes “fechando” com rafael diniz achando que vai conseguir votos em Campos… Nem os vereadores/candidatos colocam foto com rafael diniz pra não perder votos, imagine eduardo paes (trecho excluído pela moderação). eee Campos…

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