Até a tarde de ontem
Até a tarde de ontem, a pesquisa presidencial do Ibope divulga no dia anterior apontava tendências que pareciam cristalizadas. A primeira: com 22% de intenções de votos, Jair Bolsonaro (PSL) aparentava ter seu acesso garantido ao segundo turno. A outra vaga seria disputada por Ciro Gomes (PDT), 12%; Marina Silva (Rede), 12%; e Fernando Haddad (PT), 6% — Geraldo Alckmin (PSDB), também na briga numérica, com 9%, tem a dificuldade de disputar o mesmo eleitor antipetista com Bolsonaro. Só que este perderia no segundo turno para qualquer um dos adversários, à exceção de Haddad.
Favorito e azarão
Líder no primeiro turno, com 10 pontos percentuais de vantagem sobre os concorrentes mais próximos, Bolsonaro teria uma desvantagem semelhante no segundo turno. Ele perderia para Ciro por 11 pontos (33% a 44%), por 10 pontos para Marina (33% a 43%) e por nove pontos para Alckmin (32% a 41%). Só com Haddad, o resultado seria um empate técnico na margem de erro: 37% a 36% para o ex-capitão. A inversão do seu favoritismo é definida pela rejeição que também lidera: 44% não votariam nele de jeito nenhum. No mundo, se considera que 35% é o limite de rejeição para um candidato vencer uma eleição de dois turnos.
A Facada
Ao eleitor guiado pela razão, a pesquisa aponta duas opções bastante óbvias entre os cinco candidatos competitivos: A) quem não quer Bolsonaro presidente da República, basta não votar em Haddad; e B) quem não quer o PT de volta ao governo, é só não votar em Bolsonaro. O voto em um parece ser o único capaz de eleger o outro. Todavia, uma rápida navegada pelas redes sociais basta para perceber que a razão há muito abandonou o debate político no país. E esse ódio acéfalo e recíproco entre os brasileiros se cristalizou, na tarde de ontem, numa facada no abdômen de Bolsonaro, durante passeata de campanha em Juiz de Fora (MG).
Como o eleitor reagirá?
Quem não gosta de Bolsonaro, do que ele representa, do que diz ou propõe, é simples: não vote nele. Mas celebrar uma facada é assumir para si o discurso de intolerância pelo qual o esfaqueado é acusado. Operado na Santa Casa de Juiz de Fora, ele teve lesão nos intestinos grosso e delgado, que foram suturados. Está na UTI, seu quadro é grave, mas estável, e a recuperação estimada entre oito a 10 dias. Do boletim médico de volta ao Ibope, todas as suas projeções, inclusive a impossibilidade da eleição ser vencida em turno único, agora terão que esperar a próxima consulta, após o atendado, para saber como o eleitor reagirá ao ocorrido.
Como já reagiu
Não é preciso muito esforço para lembrar da última campanha presidencial. Era 13 de agosto de 2014, quando um acidente aéreo matou o presidenciável do PSB Eduardo Campos. E por pouco não levou sua vice, Marina, ao segundo turno. Entre o fato e a urna há quatro anos, foram 53 dias. De ontem a 7 de outubro, são só 32. Um pouco mais atrás no tempo, era 23 de agosto de 1954 quando a população brasileira foi dormir pedindo a renúncia do presidente Getúlio Vargas. E, após seu suicídio na madrugada, foi o mesmo povo que amanheceu o dia 24 querendo linchar Carlos Lacerda. Algoz de Getúlio, ele foi obrigado a deixar o país.
“A mando de Deus”
Aos olhos do mundo, o Brasil de hoje abriu a semana com o incêndio do Museu Nacional. Quatro dias depois, o candidato a presidente líder nas pesquisas foi esfaqueado na rua. Autor do atentado, Adelio Bispo de Oliveira tem 40 anos, origem humilde e curso superior. Foi filiado entre 2007 e 2014 ao Psol, que repudiou a ação. Isolado e aparentando transtorno, é leitor da Bíblia e disse aos policias que agiu “a mando de Deus”. Seu olhar perdido, após ser preso, é o retrato real da destilação diária de ódio do brasileiro, sem nenhum lado do “bem”. O país ameaça se tornar uma briga de rua. Sabe-se como começa, mas ninguém como termina.
Paes lidera isolado
Enquanto as dúvidas pairam sobre o quadro nacional, o estadual parece mais nítido na última pesquisa Datafolha. Feita entre 4 e 6 de setembro, com 1.357 eleitores de 35 municípios, foi divulgada ontem. Comparada com a consulta anterior do instituto, Eduardo Paes (DEM) pulou de 18% para 24% das intenções de votos e se isolou na liderança. Romário (Pode) caiu de 16% para 14%, enquanto Anthony Garotinho (PRP) diminuiu de 12% para 10%. Barrado ontem por unanimidade pelo TRE, Garotinho está empatado tecnicamente com Romário e Tarcísio Motta (Psol), que subiu de 5% para 7%. A margem de erro é de três pontos para mais ou menos.
Publicado hoje (07) na Folha da Manhã
Engraçado que o Bolsonaro onde anda pelo Brasil é ovacionado pela população, qualquer pesquisa na internet ele tem mais de 70% de intenção de votos, aí vem a mídia nojenta através de institutos de pesquisas compradas pelo governo, empurrar goela abaixo que tem 20ne poucos % e perde no segundo turno.
Caro Eduardo,
Esse negócio de regurgitar fake news para chamar a mída de “nojenta” e as pesquisas de “compradas”, lembra o que FHC disse certa vez sobre Dilma: “bate a carteira e grita pega ladrão”.
Grato pela chance de execitar a memória!
Aluysio