Por que votar em Wilson Witzel e Eduardo Paes a governador do Rio?

 

Wilzon Witzel (PSC) ou Eduardo Paes (DEM)? O ex-juiz saiu com mais de 20 pontos percentuais de vantagem no primeiro turno, mas o ex-prefeito do Rio conseguiu se aproximar nas intenções de voto, segundo as pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas ontem. Numa eleição bem disputada, um dos dois candidatos será eleito hoje governador do Rio. O advogado Paulo André Arêas e o sociólogo George Gomes Coutinho falaram sobre suas escolhas.

 

Paulo André Arêas e George Gomes Coutinho

 

Folha da Manhã – Por que votar no seu candidato para governar o Estado do Rio?

Paulo André Arêas – Acredito que o candidato Wilson Witzel, além de se apresentar como algo de novo na realidade política do nosso Estado, embora adote uma vertente mais conservadora, representa a esperança, em que se baseia boa parte da população, de que haja uma mudança de rumos na administração estadual.

George Gomes Coutinho – Eduardo Paes detém experiência política inegável como prefeito do Rio de Janeiro, uma capital complexa para dizer o mínimo. No legislativo ocupou duas vezes a posição de deputado federal. Se estiver disposto a gastar saliva e sola de sapato pode deixar o Estado em melhor condição do que encontrará. Será um plano de trabalho longo, talvez de todo o mandato.

 

Folha – Por que não votar no adversário do seu candidato?

Paulo – Acredito que existem razões básicas para isso. O candidato Eduardo Paes é sujeito que figura há bastante tempo no cenário político do Rio de Janeiro. A população, sobretudo a do nosso Estado, vem impulsionando-se numa atual onda de renovação, o que se justifica não somente pelos mais graves recentes escândalos da história brasileira ocorridos em todos os níveis de Poder, mas, principalmente, pela convicção de que os rumos da nossa sociedade precisam ser modificados.

George – Wilson Witzel definitivamente não demonstra em sua trajetória profissional a expertise que viabilizaria o enfrentamento dos não poucos obstáculos e desafios que neste momento o estado do Rio de Janeiro enfrenta. Para além disso, suas propostas no âmbito da segurança pública causam arrepios e franca preocupação a todo e qualquer cidadão que tenha sido minimamente versado nos princípios que devem reger o Estado Democrático de Direito.

 

Folha – Independente do voto, as pesquisas apontam a vitória de Wilson Witzel (PSC). Dá para esperar algo diferente?

Paulo – Sim, é possível que algo de diferente ocorra por diversas razões. Primeiramente, a falibilidade das pesquisas de voto é algo que tem se mostrado bastante evidente, seja pela deficiência de métodos de pesquisa adotados e de sua implementação prática, seja por eventual intuito das entidades encarregadas das pesquisas de manipular perante a própria população as suas reais intenções de votos. Exemplo disso foi o resultado do próprio primeiro turno das eleições para governador do nosso Estado, em que, embora desacreditado pelas pesquisas, o candidato Wilson Witzel foi o mais votado de todos.

George – Decerto pesquisas oferecem uma fotografia cada vez mais precisa das preferências do eleitorado em um dado momento. Contudo, as eleições de fato podem gerar surpresas que neguem as previsões das pesquisas. Jogo é jogo. Não tem sido infreqüente no segundo turno um voto mais circunstanciado por parte do eleitor derivando em reversão de preferências.

 

Folha – Após sair bem atrás no primeiro turno, segundo o Ibope Eduardo Paes (DEM) conseguiu virar o jogo na capital. Espera uma disputa mais acirrada do que parecia inicialmente?

Paulo – Espero, sim! Embora as pesquisas, conforme apontado acima, tenham se demonstrado bastante vacilantes quanto ao percentual de votos a serem dados a cada candidato, a polarização decorrente da existência de somente dois candidatos no segundo turno das eleições permite que haja migração de eleitores que, num primeiro momento, teriam outros candidatos como escolhidos.

George – Muito provavelmente sim, justamente pelas características deste segundo turno no Estado do Rio. Afinal, há um outsider que faz parte de um movimento de “mudança a todo custo”, tal como em Minas. De outro lado, enquanto adversários, tanto em Minas quanto no Rio, há políticos com experiência, currículo e “algo a mostrar” dentre suas realizações.

 

Folha – Um fator que pode determinar o pleito a governador é o voto evangélico, que já elegeu Marcelo Crivella (PRB) prefeito carioca e agora está majoritariamente com Witzel. A cidade do Rio é considerada, no Brasil e no mundo, um lugar de liberdade no pensamento e nos costumes. O avanço evangélico está mudando isso?

Paulo – Essa pergunta é contraditória! Num mundo democrático, em que a pluralidade de ideias é, por si, um dos valores de maior importância, é contraditório afirmar que o avanço evangélico possa vilipendiar a liberdade de pensamento, pois é a própria liberdade de pensamento que garante aos evangélicos o direito de manifestarem, por entre outros meios, sua vontade através do voto!

George – Precisamos ter parcimônia neste debate. O voto conservador evangélico de hoje, o voto conservador católico de outrora, o moralismo periódico ecumênico nacional, não produziu mudanças estruturais na cultura e nos costumes. Os conservadores são derrotados por sua própria natureza que nega ou tenta frear artificialmente as mudanças sociais que são francamente inevitáveis.

 

Segunda dobra da página 2 da edição de hoje (28) da Folha

 

Publicado hoje (28) na Folha da Manhã

 

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