Arnaldo Vianna (MDB) será candidato a prefeito de Campos em 2020? A pergunta foi lançada (aqui) pelo próprio ex-prefeito, que tirou certidão negativa de improbidade administrativa e inelegibilidade, além de duas certidões de nada consta em decisões condenatórias com trânsito em julga e em antecedentes criminais. Ele apresentou esses documentos no final da última semana. E disse que, na próxima, irá ao Rio se reunir com o diretório estadual do MDB. A pauta do encontro será a possibilidade de concorrer na próxima eleição municipal.
As certidões foram pedidas pelo advogado de Arnaldo, Antônio Carlos Dias Vieira, o Toninho. Há cerca de um ano, assumiu a assessoria jurídica do ex-prefeito. Procurado pela reportagem da Folha, ele admitiu não ter conhecimento completo de todos os processos do seu cliente, mas admitiu que seus antecessores deixaram “uma situação crítica”. Ainda assim, aposta na possibilidade da candidatura:
— Pela certidão negativa de improbidade e inelegibilidade, não vejo porque Arnaldo não possa concorrer a cargo público. Pode vir uma nova condenação? Pode! Mas caberá recurso.
Arnaldo já disputou duas eleições a prefeito com base em liminares da Justiça. Em 2008, quando foi o segundo mais votado a prefeito no primeiro turno, só conseguiu disputar o segundo por conta de nova liminar. Rosinha Garotinho (hoje Patri) chegou a fazer uma carreata da vitória, mas teve que adiar a comemoração até o turno final. Em 2012, novamente candidato à Prefeitura, Arnaldo ficou em terceiro lugar, atrás de Makhoul Moussallem (então no PT) e de Rosinha, que se reelegeu ainda no primeiro turno. O ex-prefeito sequer chegou a ter os votos contabilizados pela Justiça Eleitoral.
A eleição à Prefeitura de 2016 não contou com a participação direta de Arnaldo. Mas ele foi considerado fundamental no resultado das urnas. Enquanto seu filho único, Caio Vianna (PDT) ostentava o apoio do pai, chegou a liderar (aqui) a série histórica de pesquisas do instituto Pró-4. Mas por conta de divergência internas, o ex-prefeito acabou sendo obrigado a sair do PDT e, depois, até do nanico PEN, antes de ir ao MDB e oficializar (aqui) seu apoio a Geraldo Pudim (MDB). Nos bastidores, comentava-se que os polos da disputa, misturando família e política, eram a ex-veredora Ilsan Vianna (PDT), mãe de Caio e ex-mulher de Arnaldo, e a atual esposa deste, a psicóloga Edilene Vianna (MDB).
Se não conseguiu transferir sua popularidade a Pudim, Arnaldo feriu de morte a candidatura do filho em 2016, que desidratou até terminar o pleito em terceiro lugar. Antes, Caio fez um acordo por baixo dos panos com o ex-governador Anthony Garotinho (hoje sem partido), na tentativa de forçar o segundo turno. No último debate antes das urnas, na InterTV, o filho do ex-prefeito fez clara dobrada com o candidato garotista Dr. Chicão (PR). Mas ambos foram batidos ainda no primeiro turno por Rafael Diniz (PPS), que venceu em todas as zonas eleitorais do município.
Consumado o pleito a prefeito, Garotinho passou a apostar publicamente na realização de uma nova eleição. E Caio se animou com a possibilidade de disputá-la com o apoio do ex-governador, com quem se reuniu (aqui) várias vezes no Rio, no prédio do “Palavra de Paz”, que era monitorado pela Polícia Federal. Após Garotinho ser condenado e preso na operação Chequinho, o filho de Arnaldo se mudou de Campos. Voltou a residir no município só para disputar a eleição a deputado federal em 2018. Mas voltou a perder e se mudou mais uma vez da cidade que sonha governar, onde só voltou a residir há pouco mais de um mês.
Em 2019, após ter sugerido (aqui) que Caio tivesse uma mulher como vice em sua chapa a prefeito, e de ter criticado publicamente (aqui) o fato do filho só aparecer em Campos nos períodos pré-eleitorais, o ex-prefeito passou a ter o apoio ostentado pelo jovem pedetista, em fotografias nas redes sociais. Ao lançar a possibilidade de voltar a concorrer à Prefeitura em 2020, Arnaldo descartou a possibilidade de disputá-la contra o filho:
— Temos um acordo. Se eu me candidatar, Caio me apoiará. Se eu não vier, apoio ele. Não dá para nós dois concorrermos juntos.
Publicado hoje (28) na Folha da Manhã