Academia da cidade que votou em Bolsonaro e Witzel analisa seus 100 dias

 

Presidente Jair Bolsonaro e governador Wilson Witzel (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Por Aluysio Abreu Barbosa

 

Os 100 dias de governo se tornaram emblemáticos por terem sido o período em que Napoleão Bonaparte voltou do seu primeiro exílio na ilha de Elba, em 1815, para reconquistar a França e lançar a Europa em uma nova guerra, definida na batalha de Waterloo. A referência a um dos maiores gênios militares da história é oportuna para se analisar os 100 primeiros dias dos governos Jair Bolsonaro (PSL) e Wilson Witzel (PSC), completos hoje.

Bolsonaro se elegeu sete vezes deputado federal e depois presidente da República, com base na experiência como capitão do Exército Brasileiro. Enquanto Witzel pegou carona na onda bolsonarista, que varreu o país nas eleições de outubro, destacando sua passagem como oficial dos Fuzileiros Navais, além de juiz federal, para se eleger governador do Rio. Embora o período seja curto para definir o que aguarda os brasileiros e fluminenses nos próximos três anos, oito meses e 20 dias, a Folha colheu as impressões sobre os dois governos com alguns dos acadêmicos de Campos — polo universitário que orgulha a cidade onde a maioria votou em Bolsonaro e Witzel.

Luciane Soares

Com foco na ciência e tecnologia, quem deu corte mais regional à análise dos governos federal e estadual foi a socióloga Luciane Soares, professora da Uenf:

— Como pesquisadora de uma universidade pública, destaco os cortes na área de ciência e tecnologia. O contingenciamento de 42,27% das despesas do ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) é preocupante. Precisamos consolidar os convênios de cooperação existentes e abrir outras frentes de pesquisa para que o Brasil não retroceda em uma área tão fundamental ao desenvolvimento do país. Sobre a esfera estadual, recebemos em fevereiro, na Uenf, o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Leonardo Rodrigues. Ele fez referência à “herança maldita” deixada pelo MDB. A crise enfrentada pela Uenf, Uerj e Uezo não é recente. Alterar este quadro é um desafio para a gestão Witzel. Até aqui, vimos declarações, mas poucos compromissos concretos, particularmente com a Uenf.

Igor Franco

Cada um no seu quadrado, como professor de Economia da Estácio, Igor Franco falou da sua área nas duas gestões:

— As duas quedas prematuras de ministros e uma crise política junto ao Congresso revelaram ao governo Jair Bolsonaro que governar tem pouco a ver com arroubos ideológicos. A dificuldade em articular politicamente está evidente na reforma da Previdência. Mas foi apresentada rapidamente, com uma economia superior à proposta anterior. Mantendo a prática de Temer, os cargos-chave das estatais atenderam a critérios técnicos. Witzel iniciou o mandato determinando reduções de 30% nos gastos. Porém, como a crise das contas estaduais é de folha de pagamento, corre-se o risco de sucateamento da estrutura e agravamento da falta de insumos. Ao não encampar desde o início um programa de privatizações e concessões, sob o pretexto de valorizar os ativos, o governador pode falhar num ponto crucial.

Aristides Soffiati

Geralmente preso ao estudo do passado, ao analisar o presente do Brasil e do Estado do Rio, o historiador e professor da UFF Aristides Soffiati foi incisivo:

— Aos 100 dias de gestão Jair Bolsonaro, o povo já fez sua avaliação: o pior eleito desde a redemocratização do país. A impopularidade decorre da inoperância do governo pelas forças distintas que o compõem. A linha neoliberal aposta na reforma da Previdência. Os conservadores enfatizam a questão ideológica. O ministro da Educação e Cultura Gustavo Capanema, na ditadura Vargas, era conservador. E se cercou de artistas como Drummond, Portinari e Villa-Lobos, sem lhes pedir atestado de ideologia. Já o conservadorismo de Bolsonaro, filhos e alguns ministros é tacanho. A terceira força é representada por militares e tem se mostrado a mais moderada e pragmática. Quanto ao governo de Witzel, ele buscou se associar a Bolsonaro nas eleições. Mas agora, com os atos desastrosos do presidente, começa a se afastar.

Carlos Abraão Moura Valpassos

Quem também falou do afastamento de Witzel de Bolsonaro, após a queda de popularidade do presidente, foi o antropólogo Carlos Abraão Moura Valpassos, professor da UFF:

— Witzel parece já ter iniciado sua campanha à presidência, desvinculando sua imagem da de Jair Bolsonaro. Na Alerj, não são rechaçados políticos do PT e ocorre uma aproximação com o grupo de Anthony Garotinho. Após se eleger com o discurso de combate à “velha política”, o governador se alinha aos modos “tradicionais” de governar. Os primeiros 100 dias de Bolsonaro são marcados pela dificuldade de articulação entre suas fantasias ideológicas e o mundo real. A incapacidade de articular politicamente a reforma da Previdência coloca o governo em maus lençóis. Concessões serão necessárias e o presidente precisará, cedo ou tarde, entender que o palanque já passou. O país se arrasta sem planejamento estratégico, mas com muitas “listas de desejo”, como bem definiu a deputada federal Tabata Amaral (PDT/SP).

Hamilton Garcia

Cientista político e professor da Uenf, Hamilton Garcia analisou os caminhos políticos diferentes dos dois governos, mas com resultados talvez semelhantes:

— Bolsonaro montou um ministério de costas ao fisiologismo do Legislativo e agora precisa aprovar reformas com os votos dele. Grande parte das medidas governamentais que precisam passar pelo Congresso não são do interesse particular dos segmentos que ele representa, inclusive as leis anticrime. Elas devem contar com o apoio social para impedir que o Centrão as sequestre. Nessa aposta inicial no diálogo e na negociação, Bolsonaro perde popularidade. No caso de Witzel, o caminho foi distinto: o apoio à eleição de Ceciliano (PT) à presidência da Alerj parece ser uma composição com o fisiologismo político para governar. Como tal sistema implica em baixa efetividade do governo com altos custos, é de se esperar um desgaste crescente na popularidade do governador.

Hugo Borsani

Também cientista político e professor da Uenf, Hugo Borsani se absteve de analisar o governo Witzel, por passar os primeiros meses do ano em seu Uruguai natal. Mas falou dos 100 dias de Bolsonaro:

— Destaco três características, todas negativas. Em primeiro lugar a falta de capacidade para criar as condições políticas para governar. Essa ignorância do que implica a práxis política no Brasil e em qualquer lugar do mundo, reflete-se nos contínuos desencontros entre os próprios grupos que o apoiam. A segunda característica é a determinação por criar a própria verdade, negando fatos incontestáveis em diferentes áreas do conhecimento: que em 1964 não houve golpe de Estado, que o nazismo é de esquerda, que as mudanças climáticas são questão de opinião, ou que a medição do desemprego que faz o IBGE está errada, se assemelhando às posições de Maduro ou Cristina Kirchner. Por último, a falta de postura presidencial, observada no seu desempenho no Fórum Econômico Mundial, em Davos, e o famoso episódio do vídeo de Carnaval.

Júlio Esteves

Outro que tem acompanhado pouco o governo estadual, preferindo analisar o federal foi Júlio Esteves, professor de filosofia da Uenf:

— Com exceção das inúmeras dificuldades criadas, não pela oposição inoperante, mas por membros do próprio governo Bolsonaro, só poderia destacar as viagens que indicam promissoras mudanças de rumo nas nossas relações internacionais, mas, por ora, com escasso resultado prático. É muito pouco tempo. Não daria mesmo para fazer passar a inadiável reforma da Previdência. Entretanto, ao defender sozinho o projeto de reforma diante de uma esquerda disposta a perpetuar privilégios, Paulo Guedes fez mais por ela num só dia do que Bolsonaro nos 100. Com toda sinceridade, não tenho acompanhado muito de perto o governo estadual, apesar de ser meu patrão. No meu modo de ver, a batalha travada a nível federal sobre a reforma da Previdência é a decisiva até para a viabilidade dos governos estaduais.

Rafael Crespo Machado

Ministro da Justiça e Segurança de Bolsonaro, Sérgio Moro é ex-juiz federal como Witzel. Mas advogado e professor de Direito do Uniflu, Rafael Crespo Machado questionou os governos na área jurídica:

—  Vejo, com muita cautela, a rapidez com que se pretende aprovar projetos que afetam radicalmente o ordenamento jurídico, como, por exemplo, a reforma da Previdência e o pacote anticrime. Na primeira, se preveem valores aquém do salário mínimo para o benefício de prestação continuada, o que fere a dignidade humana. No segundo, embora existam acertos, no Congresso Nacional, tramitam há anos projetos de novo Código de Processo Penal e novo Código Penal. Por que não aproveitá-los, já que passaram por inúmeras discussões com diversos representantes da sociedade? Julgo correta a conduta do novo governador de conferir uma maior atenção às forças policiais. Todavia, reputo como inadequados discursos que lembram a política de tolerância zero, já adotada nos Estados Unidos.

Roberto Dutra

Professor da Uenf, o sociólogo Roberto Dutra destacou a falta de programa das administrações federal e fluminense:

— No lugar do inexistente programa de governo, Witzel aposta na continuidade do clima de “populismo penal” em relação à segurança pública. Na economia, o governo conta com a tendência de retomada do petróleo. Alçado ao poder pela onda conservadora criada por Bolsonaro, Witzel arrisca um distanciamento do presidente, tentando ser opção à direita. Sem programa e sem organização partidária, Bolsonaro aposta na contínua polarização ideológica vitoriosa na campanha para fidelizar sua base de extrema-direita. A vertiginosa queda de popularidade torna a estratégia cada vez mais arriscada. O enfraquecimento das perspectivas de poder alimenta as defecções, não só no Congresso, como também na campanha paralela do vice Mourão. A resposta é esse prolongamento da “guerra cultural”, usando os ministérios da Educação e das Relações Exteriores como linha de frente.

Guiomar Valdez

Historiadora e professora do IFF, Guiomar Valdez foi bastante crítica aos 100 primeiros dias do presidente e do governador:

— A vitória de Bolsonaro não me surpreendeu. Concluo que vivenciamos o “triunfo da razão cínica”. Uma combinação de Nova República inconclusa, com a permanência repaginada de um aparato repressivo traduzido em leis, decretos e instituições, que refuta a ampla liberdade democrática liberal em nome da estabilidade. Suas ações governamentais são centradas no completo abandono das urgentes e dramáticas questões sociais a serem solucionadas. Witzel também não enganou ninguém sobre sua política de Segurança Pública. Os snipers já estão aí. Cem dias depois, ele é um vitorioso do ponto de vista da desumanização, com números recordes: 1.434 tiroteios (fev/mar); 429 mortos (jan/fev), de acordo com o Instituto de Segurança Pública e Fogo Cruzado.

Goerge Gomes Coutinho

Sociólogo e cientista político, o professor da UFF George Gomes Coutinho vê diferenças entre o presidente e o governador:

— Nos primeiros cem dias cabe ao analista tentar encontrar o DNA do governo, suas características invariáveis e persistentes que podem interessar nos próximos anos. Prosseguindo, arrisco dizer que nos casos Witzel e Bolsonaro há núcleos duros discerníveis. A composição orgânica do governo Bolsonaro é bastante diversificada. Para citar apenas um exemplo: os discursos de Ernesto Araújo e Paulo Guedes, suas visões de mundo, não são apenas conflitantes. São antagônicas. O governo Bolsonaro em seus discursos e narrativas é um mosaico. Sobre Wilson Witzel, há menor isolamento. Ele demonstra maior esforço em dialogar com setores que vão muito além dos grupos que o elegeram. Neste tocante há maior elasticidade de sua atuação enquanto governador. Para Witzel o discurso mais propenso a criar cisões se encontra no campo da segurança pública.

 

Página 2 da edição de hoje (10) da Folha da Manhã

 

Publicado hoje (10) na Folha da Manhã

 

Líder do PSL na Alerj, Gil Vianna é o novo presidente do partido em Campos

 

 

Líder da bancada do PSL na Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), o deputado estadual Gil Vianna é o novo presidente do partido em Campos. A composição do novo diretório foi oficializada no início da semana pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em entrevista publicada (aqui) na Folha em 23 de fevereiro, Gil se lançou pré-candidato a prefeito de Campos em 2020.

 

Arnaldo Vianna oferece apoio a Caio, que responde com foto de Rodrigo

 

 

Folha no Ar

Desde que entrou no ar em 28 de março, aniversário de Campos, entrevistando (aqui) o prefeito Rafael Diniz (PPS), o Folha no Ar tem sido uma referência na vida política da cidade. Sempre de 7h às 8h30 das manhãs de segunda a sexta, com um entrevistado ao vivo na Folha FM 98,3, o programa tem servido de caixa de ressonância às movimentações visando as eleições municipais de 2020, não só de Campos, mas também de São João da Barra. É tendência que vai se espraiar com a sequência. Quem já confirmou a presença no programa no início de maio foi a prefeita de Quissamã, Fátima Pacheco (Pode).

 

Diversidade temática

Os entrevistados não são apenas políticos. A diretora presidente do Grupo Folha, Diva Abreu Barbosa (aqui); o historiador Aristides Soffiati (aqui); o delegado titular da 146ª DP de Guarus, Pedro Emílio Braga (aqui); e o bispo católico de Campos Dom Roberto Ferrería Paz (aqui), também já bateram ponto no programa matinal da Folha FM. E a diversidade temática continuará hoje, com o presidente da OAB-Campos, Cristiano Miller. Na quinta (11) será a vez do cientista político, sociólogo e professor da UFF George Gomes Coutinho, com a rodada semanal fechada na sexta, por Igor Franco, professor de Economia da Estácio.

 

No Folha no Ar de ontem, Arnaldo Vianna voltou a dizer que, para ter seu apoio, basta o filho procurá-lo  (Foto: Isaias Fernandes – Folha da Manhã)

 

 

Debate e silêncio

Iniciada com Rafael, a sequência seguiu movimentando o tabuleiro político da cidade. Além do prefeito, passaram pelo Folha no Ar o presidente da Câmara de Campos, Fred Machado (aqui, PPS); o deputado federal Wladimir Garotinho (aqui, PSD); o secretário municipal de Desenvolvimento Humano e Social, Marcão Gomes (aqui, PR); e o ex-prefeito Arnaldo Vianna (MDB), entrevistado (aqui) da manhã de ontem. O debate foi retroalimentado pelo jornal, que publicou outra entrevista de Arnaldo (aqui) no último domingo (07). O espaço plural só não foi aproveitado por Caio e Ilsan Vianna, que na segunda se negaram a falar sobre o que deles disse à Folha o pai e ex-marido.

 

Poucas horas após o pai oferecer-lhe apoio, Caio divulgou ontem uma foto com o deputado estadual Rodrigo Bacellar (Foto: Reprodução de Facebook)

 

 

Estranho hábito

Ontem, Arnaldo culpou Ilsan pelo silêncio de Caio. O ex-prefeito voltou a dizer que, para ter seu apoio político, basta o filho procurá-lo. Foi por não ter esse apoio que o jovem despencou na eleição a prefeito de Campos em 2016, que quer voltar a disputar em 2020. Se não falou à Folha sobre o que dele disse o pai, Caio deu outra resposta: em foto com o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD), publicada ontem nas redes sociais. Seu estranho hábito de só morar em Campos às vésperas de eleição, criticado por Wladimir e Marcão no Folha no Ar, foi ontem questionado no programa por Arnaldo. Seu filho só voltou a residir na cidade há um mês.

 

Ontem, Marcos Bacellar postou nas redes sociais uma foto com Brand Arenari, secretário de Educação do governo Rafael (Foto: Reprodução de Facebook)

 

Jogo jogado

Na política e na vida, alguns aprendem a lição. Outros, não. Entre os Bacellar, que nunca deixaram de fazer o dever de casa em busca do voto de quem pretendem representar, o pai e ex-vereador Marcos (PDT, mesmo de Caio) ontem também postou uma foto nas redes sociais, mas com o secretário municipal de Educação, Brand Arenari. Filho e hoje deputado, após ganhar notoriedade como advogado na soltura do empresário Fernando Trabach, Rodrigo também já tem entrevista marcada no Folha no Ar. No último sábado (06), ele visitou a Folha da Manhã. Acompanhava o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT).

 

Retomada

O secretário de Saúde de Campos, Abdu Neme, afirmou que autorizou ontem a retomada de cirurgias bariátrica pela rede pública. O procedimento estava suspenso no município desde 2015 devido a interrupção no convênio entre a Prefeitura com os hospitais credenciados, por falta de pagamento. Segundo Abdu, a obesidade acarreta uma série de problemas de saúde, como diabetes e doenças cardiovasculares, e a cirurgia de redução de estômago pode auxiliar na prevenção dessas doenças e fornece mais qualidade de vida para as pessoas. O anúncio foi feito em entrevista ao Folha no Ar 2ª edição, sempre entre 17h30 e 19h, na Folha FM.

 

Equipamentos

Ainda na entrevista, Abdu Neme ressaltou que hoje irá entregar 10 respiradores novos ao Hospital Ferreira Machado (HFM). Os equipamentos têm a função de bombear ar aos pulmões e possibilitar a sua saída de modo cíclico para oferecer suporte ventilatório ao sistema respiratório. Há 20 dias à frente da secretaria da pasta que absorve mais demandas para governos em todas as esferas, Abdu tem demonstrado fazer um trabalho mais prático e eficiente, como não era visto na Saúde da gestão do prefeito Rafael Diniz até então. Não é à toa que o novo secretário declarou que é preciso “trabalhar um dia por três”.

 

Com Mário Sérgio

 

Publicado hoje (10) na Folha da Manhã

 

Renovação sob suspeita na denúncia de “rachadinha” contra Ferrugem

 

 

Charge do José Renato publicada hoje (09) na Folha

 

 

“Rachadinha” na Câmara?

Não é preciso ser formado em Direito, como é o caso do ex-vereador Thiago Ferrugem (PR) e de vários outros políticos de Campos, para conhecer e respeitar o princípio básico de qualquer estado democrático de direito: todo acusado é inocente, até que se prove em contrário. Mas a denúncia do Ministério Público (MP) de Campos contra Ferrugem, divulgada ontem (aqui) no blog Opiniões, além de grave, remonta o que há de pior na política. Segundo a 1ª Promotoria de Investigação Penal, pelo menos de janeiro a dezembro de 2017, o então vereador forçou seus assessores parlamentares na Câmara Municipal de Campos à prática da “rachadinha”.

 

Renovação do garotismo

Dentro do garotismo, que dominou a política de Campos de 1989 até 2017, Ferrugem integra a ala jovem, que prega a renovação do grupo e é encabeçado pelo deputado federal Wladimir Garotinho (PSD). Mas tem também entre seus expoentes o deputado estadual Bruno Dauaire (ainda PRP). Não por acaso, Wladimir é considerado o nome garotista mais forte na eleição a prefeito de Campos, em 2020. E se cogita que, caso a prefeita sanjoanense Carla Machado (PP) tenha sua condenação na Machadada confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bruno dispute o poder no município que já foi governado por seu pai e avô.

 

A idade e os meios

Wladimir e Bruno não têm nada a ver com a denúncia de concussão — corrupção mediante exigência — contra Ferrugem. Mas são aliados no movimento que tenta renovar o garotismo. Referência dos “cabeças brancas” no grupo, Edson Batista (PTB) desfez a aliança de 30 anos com Garotinho. E deu o motivo: “Com Wladimir não caminho de jeito nenhum”. A reação é compreensível. O que o eleitor pode não compreender é uma renovação só na idade; não nos meios. Sobretudo quando já condenados pela Justiça. Segundo o MP, Ferrugem queria o 13º de seus assessores para pagar a defesa na Chequinho, que lhe custou o mandato de vereador.

 

Repercussão

A entrevista do ex-prefeito Arnaldo Vianna (MDB) à Folha, publicada domingo, circulou bastante nas redes sociais, com reações favoráveis e contrárias. Ontem, no Folha no Ar 1ª edição, da Folha FM (98,3), Marcão Gomes (PR) analisou, concordando com alguns pontos, discordando de outros, sobretudo quando Arnaldo diz que não há tempo para mudanças na Saúde. Durante o dia, a Folha buscou repercutir com os citados na entrevista. Caio Vianna (PDT) e a mãe, Ilsan, não retornaram a tentativa de contato. Abdu Neme (PR) não atendeu. A redação não conseguiu falar com Geraldo Pudim (MDB). Wladimir preferiu não comentar.

 

Doação

A unidade de coleta móvel do Hemocentro Regional de Campos estará nesta quinta-feira, das 8h às 15h, no estacionamento Santa Casa de Misericórdia. Atualmente são necessárias doações de todos os tipos sanguíneos, principalmente por conta da chegada de mais um feriadão prolongado nos dias 19, 21 e 23 de abril. A unidade de coleta móvel é uma alternativa para ajudar a manter o estoque do banco de sangue abastecido. Vale lembrar que o Hemocentro funciona todos os dias no Hospital Ferreira Machado, das 7h às 18h.

 

Degustação

O 1º Circuito Gastronômico de Farol será realizado entre os dias 15 e 23 de abril. O evento, que será realizado dentro da programação do Festival de Outono, promete aquecer a economia da praia campista e atrair turistas. Ao todo, 13 restaurantes e bares vão ofertar frutos do mar em pratos para duas pessoas, por R$ 36,90. O evento é organizado em parceria pelo Departamento de Turismo de Campos e a Associação de Comerciantes, Hoteleiros e Similares de Farol de São Thomé (Aschom).

 

Atividades

Estão abertas as inscrições para 500 vagas de atividades esportivas gratuitas nas modalidades natação, hidroginástica e futsal. As atividades serão realizadas na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), que firmou convênio com a Fundação Municipal de Esportes de Campos. As inscrições podem ser feitas na Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários da Uenf (Proex), de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h, e das 14h às 16h.

 

Com Mário Sérgio e Arnaldo Neto

 

Publicado hoje (09) na Folha da Manhã

 

Marcão na segunda do Folha no Ar, antes de Arnaldo Vianna na terça

 

Marcão foi o entrevistado desta segunda do Folha no Ar (Foto: Isaías Fernandes – Folha da Manhã)

 

No início da manhã de hoje, o secretário de Desenvolvimento Humano e Social de Campos, Marcão Gomes (PR), foi o entrevistado do Folha no Ar, programa ao vivo da Folha FM 98,3, sempre das 7h às 8h30, de segunda a sexta. Ele analisou a entrevista de Arnaldo Vianna (MDB) publicada (aqui) no último domingo (07) pela Folha da Manhã, respeitou as críticas do ex-prefeito ao governo Rafael Diniz (PPS), mas discordou de algumas delas. O secretário foi bem mais incisivo ao se estender na comparação proposta (aqui) pelo deputado federal Wladimir Garotinho (PSD), entrevistado do Folha no Ar na última sexta (05), entre as gestões municipais de Rafael e Rosinha Garotinho (Patri): “A marca que eu enxergo no governo da mãe dele, da família dele, é da corrupção. Está comprovada pela Justiça”, alfinetou Marcão.

 

Arnaldo Vianna em entrevista à Folha (Foto: Genilson Pessanha – Folha da Manhã)

 

Nesta terça (09), o entrevistado do Folha no Ar será Arnaldo Vianna. Na interface entre jornal, rádio e mídias sociais, a partir da entrada no ar da Folha FM em 29 de março, o ex-prefeito foi o entrevistado do jornal no último domingo. Do impresso e do digital às ondas da 9, ele terá a novamente a chance de analisar a realidade de 2019 com vistas à eleição a prefeito de 2020, que tem seu filho Caio Vianna (PDT) como pré-candidato. E se este, diferente de 2016, dessa vez terá o apoio político do pai.

Até lá, confira a íntegra da entrevista de Marcão nos cinco vídeos abaixo:

 

 

 

 

 

 

MP denuncia Thiago Ferrugem por “rachadinha” na Câmara de Campos

 

Ex-vereador, Thiago Ferrugem foi denunciado pelo MP pela suposta prática de “rachadinha” (Foto: Rodrigo Silveira – Folha da Manhã)

 

 

A 1ª Promotoria de Investigação Penal (PIP), do Ministério Público (MP) de Campos, denunciou o ex-vereador Thiago Ferrugem (PR) por crime de concussão — corrupção mediante exigência. Afastado da Câmara Municipal após condenação na Chequinho em maio de 2018, Ferrugem é acusado da suposta prática da “rachadinha” com seus assessores parlamentares, que seriam obrigados a lhe repassar a maior parte dos seus vencimentos. Formalizada no último dia 5 pelo promotor Fabiano Rangel Moreira, titular da 1ª PIP, a denúncia agora será distribuída para uma das três Varas Criminais de Campos, onde será julgada. Ferrugem nega todas as acusações e diz estar tranquilo para respondê-las em juízo.

Após receber relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre uma assessora de Ferrugem, o promotor instaurou um Procedimento de Investigação Penal. “A partir de então, diligências foram encetadas e constatado que o denunciado, em razão do seu cargo de vereador municipal, exigia, mensalmente, de (nome mantido em sigilo), e dos demais assessores parlamentares, parte significativa do salário que os mesmos recebiam pelo trabalho desempenhando, prática muito comum no meio e que leva o apelido de ‘rachadinha’”.

A denúncia foi oferecida após a ex-assessora e o ex-vereador serem ouvidos pelo MP. Segundo a suposta vítima, a prática de “rachadinha” era imposta por Ferrugem a todos seus assessores na Câmara Municipal. Diz o MP: os “depoimentos revelaram que (nome mantido em sigilo) era obrigada a sacar, mensalmente, a quantia aproximada de R$ 2.700,00, ou seja, a maior parte do salário mensal, e instruída pelo denunciado a colocar os recursos em um envelope e a entregar os valores, mensalmente, a um homem ainda desconhecido e da confiança do denunciado. Os valores foram mensalmente entregues ao homem da confiança do denunciado, que ia buscar no endereço da vítima”.

O repasse de salário da ex-assessora a Ferrugem teria ocorrido de janeiro de 2017, quando assumiu na Câmara de Campos, até dezembro daquele mesmo ano. Até que o então vereador teria pedido aos assessores que lhe fossem repassados 100% do 13º. O motivo seria custear as despesas com a defesa da Chequinho em Brasília, que acabaria lhe custando o mandato: “no gabinete que mantinha como então vereador, na Câmara Municipal de Campos, o denunciado, de forma livre e consciente, exigiu, para si, diretamente, vantagem indevida correspondente ao décimo terceiro salário integral, que seria recebido pela então assessora parlamentar (nome mantido em sigilo), aproximadamente R$ 2.372,04, justificando que seria para custear elevadas despesas que estaria tendo que arcar com a contratação de um advogado em Brasília”.

A reunião para exigência do repasse integral do 13º dos assessores teria ocorrido na presença de todos, em novembro de 2017. Insatisfeita, a denunciante e suposta vítima “encaminhou um e-mail anunciando que não poderia dispor do seu décimo terceiro salário e por isso preferia pedir ‘exoneração do cargo’. Logo após, o denunciado respondeu positivamente ao pedido de exoneração, tacitamente aceitando. Sem negar ou descaracterizar a acusação feita, sem desconstituir a afirmação concernente ao ‘décimo terceiro’, afirmou estar ‘triste’ de ter sido escrita a mensagem por e-mail”.

A denúncia do MP contra o ex-vereador conclui dizendo que “o denunciado foi ouvido e negou parcialmente os fatos, mas reconheceu ter enviado e-mail, ter enviado a mensagem de WhatsApp, reconheceu ter feito a reunião de novembro de 2017, de ter narrado problemas pessoais financeiros numa reunião pública de trabalho e que ‘não se recorda de ter pedido ajuda financeira aos assessores na referida reunião’”.

Procurado hoje para falar sobre a denúncia da prática de “rachadinha” quando vereador, Ferrugem disse: “Isso nunca existiu. Começou com uma investigação contra ela (sua ex-assessora), num relatório do Coaf. Da mesma forma que fiz quando depus no Ministério Público, vou responder a isso com tranquilidade. A quebra de sigilo bancário de quem me acusa revela saques que não obedecem à rotina de repasse narrada. Ela (a denunciante) cita outras pessoas e todas negaram. Está instalada uma caça às bruxas na política do Brasil. E essa denúncia é mais um fruto disso”.

 

Folha FM: semana que fechou com Wladimir se inicia segunda com Marcão

 

Wladimir Garotinho foi entrevistado na sexta por Aluysio Abreu Barbosa, Marco Antônio Rorigues e Arnaldo Neto (Foto: Isaías Fernandes – Folha da Manhã)

 

 

No início da manhã sexta (05), o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) encerrou a semana do Folha no Ar, programa ao vivo da Folha FM 98,3, sempre das 7h às 8h30, de segunda a sexta. Ele falou do quadro nacional, com a proposta de reforma da Previdência encaminhada pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) ao Congresso Nacional. E também da conjuntura local, lançando a mãe, a ex-governadora e ex-prefeita Rosinha Garotinho (Patri), condenada à inelegilidade até 2024, como nome que uniria seu grupo político na eleição de Campos em 2020. Também fez críticas ao governo Rafael Diniz (PPS) e repondeu as que lhe foram feitas (aqui) pelo deputado estadual Gil Vianna (PSL) e (aqui) pelo presidente da Câmara Municipal de Campos, Fred Machado (PPS). Estendeu sua análise até São João da Barra, governada pela prefeita Carla Machado (PP), irmã de Fred, e falou de seus projetos como deputado federal.

 

Marcão Gomes (Foto: Rodrigo Silveira – Folha da Manhã)

 

Nesta segunda (08), o entrevistado do Folha no Ar será o secretário de Desenvolvimento Humano e Social de Campos, Marcão Gomes (PR). Após presidir a Câmara Municipal no primeiro biênio e de tentar uma cadeira na Câmara Federal em outubro, ele foi uma das principais mudanças na gestão Rafael em 2019, ano em que a agenda política entrou com mais força na administração de Campos. Abaixo, para quem não pode ouvir a entrevista de Wladimir na manhã de sexta, nem assistir à sua reexibição às 17h do mesmo dia na Plena TV, seguem os cinco vídeos com a íntegra do programa:

 

 

 

 

 

 

Dom Roberto em vídeo no Folha no Ar, antes de Wladimir nesta sexta

 

Dom Roberto entre Aluysio Abreu Barbosa e Arnaldo Neto, diante de Marco Antônio Rodrigues (Foto: Isaias Fernandes – Folha da Manhã)

 

Sempre de 7h às 8h30, de segunda a sexta na Folha FM 98,3, o entrevistado do Folha no Ar desta quinta foi o bispo católico de Campos Dom Roberto Ferrería Paz. Ele falou sobre a desconstrução dos direitos da mulher, o significado do nome de Francisco adotado pelo Papa, o avanço dos evangélicos que chamou de “irmãos”, a ascensão e queda dos governos de esquerda na América do Sul, as administrações Jair Bolsonaro (PSL) e Rafael Diniz (PPS), a educação como instrumento de inclusão, o flagelo do tráfico de drogas nas áreas mais carentes, os direitos LGBT e o uso indiscriminado do nome de Deus como perigo à democracia. E deixou sua “mensagem final de que só o amor constrói”.

No anúncio à esquerda, a entrevista do deputado federal Wladimir Garotinho (PSD) nesta sexta (05) foi veiculada em grupos de WhatsApp ligados ao seu grupo político. Ele fechará a semana do Folha no Ar. Ela retorna na segunda (08), com o secretário de Desenvolvimento Humano e Social de Campos, Marcão Gomes (PR). E segue na terça (09), com o médico e ex-prefeito Arnaldo Vianna (MDB); na quarta (10), com o presidente da OAB-Campos e professor de Direito da Uniflu, Cristiano Miller; na quinta (11) com o sociólogo, cientista político e professor da UFF George Gomes Coutinho; e, na sexta (12), com Igor Franco, professor de Economia da Estácio.

Enquanto isso, quem não pôde ouvir a entrevista matinal de Dom Roberto na Folha FM, nem assistir sua reprise às 17h na Plena TV, pode conferir sua íntegra nos cinco vídeos abaixo: