Linha de transmissão de Caio
Quem repete que a eleição a prefeito de Campos em 2020 será definida pelo índice mais baixo de rejeição tenta posar de analista político, mas trabalha pela pré-candidatura de Caio Vianna (PDT). Ainda sem pesquisas confiáveis, elas não são necessárias para avaliar que as maiores rejeições entre os principais pré-candidatos são do prefeito Rafael Diniz (PPS) e do deputado federal Wladimir Garotinho (PSD). O primeiro, pela decepção diante da ilusória expectativa gerada por sua vitória no 1º turno de 2016. Ilusão que contaminou também o governo. Já Wladimir herdou a imensa rejeição do pai, o ex-governador Anthony Garotinho (sem partido).
Acertos
Caio, que não tem nada a ver com isso, joga o jogo. Voltou a morar em Campos, onde só passa a residir antes das eleições, abandonando a cidade sempre que as urnas não lhe sorriem. Reatou a relação pessoal e política com o pai, o popular ex-prefeito Arnaldo Vianna (MDB), que em 2016 apoiou Geraldo Pudim (MDB) contra o próprio filho. Este também tem mostrado a sabedoria marquetológica de manter escondida a mãe, a ex-vereadora Ilsan Vianna (PDT). Na decantada rejeição, ela representou (e talvez ainda represente) a porção “ruim” dos governos Arnaldo, papel de Garotinho nos dois governos Rosinha.
O “bom” e o “mau”
Nessa brincadeira da dupla entre o “bom” e o “mau”, levada a sério tanto na lida policial, quanto na política, Caio tem mostrado outra grande vantagem: ter como aliado o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD). O filho de Arnaldo evita qualquer contato com a mídia que não seja sua assessoria de campanha. Após a entrevista de Wladimir (aqui) no programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, na última segunda (22), no mesmo dia a Folha cumpriu seu dever ético de ofertar a Caio espaço ao contraditório. Também citado pelo filho dos Garotinho, quem não se calou foi Rodrigo. E, como é do seu estilo, respondeu (aqui) com veemência redobrada.
“Seu pilantra!”
Mesmo antes da Folha FM existir e assumir rapidamente a liderança entre as rádios de Campos e região, quando Garotinho ainda ostentava seu próprio grupo de comunicação, ficou famosa uma intervenção do então vereador Marcos Bacellar (hoje, PDT). Em programa de rádio que o ex-governador disparava sua metralhadora giratória, alguém ligou e se identificou como ouvinte comum. E, após ganhar acesso de áudio ao vivo, se revelou: “Aqui é Marcos Bacellar, seu pilantra!”. O filho de Marcos fez parecido ontem com o filho de Anthony. Só assumiu o próprio nome em uma mídia que não existe para ecoar (nem calar) grupo político.
Rodrigo, Marcão e Garotinho
Verdade que Wladimir ouviu de Rodrigo o que não quis, após dizer o que quis no microfone de rádio mais ouvido de Campos. Nele, diferente do que fez até aqui o governo Rafael, partiu para a desconstrução de Caio. Como também pisou nos calos dos Bacellar, teve resposta forte. O problema do deputado federal é que ele não tem, em seu grupo, quem faça o que o estadual tem feito por Caio. Rafael tem o ex-vereador e atual secretário de Desenvolvimento Humano e Social Marcão Gomes, único nesta pré-campanha que (aqui) peitou Rodrigo de igual para igual. Wladimir só tem Garotinho. E, quando este fala, atrai muito mais rejeição que empatia.
PSC e empresariado
Quem conhece eleição sabe que rejeição só define vitória no 2º turno, quando impõe o teto de crescimento dos dois candidatos. Mas só chega lá quem soma mais intenções de voto no 1º. Neste sentido, Wladimir teria grande reforço com o apoio do PSC, liderado na Alerj por seu parceiro político Bruno Dauaire. Além do apoio do governador Wilson Witzel, se o empresário Marcelo Mérida (hoje, PSD) também for para a legenda, poderia levar junto o apoio de parte da classe produtora local, que se ressente de distanciamento do governo Rafael. E que rusgas tolas nas redes sociais com o presidente da CDL/Campos não ajudam a aproximar.
Linha de transmissão de Wladimir
Quando foi ao Folha no Ar da última segunda, Wladimir criticou o projeto de transporte público do governo Rafael. Falou em desfavorecimento aos donos das vans que tomaram as vias do município nos governos Rosinha. Pois ontem, no dia seguinte, a bancada de oposição na Câmara Municipal protocolou um pedido de afastamento do presidente do IMTT, Felipe Quintanilha. Segundo o edil Eduardo Crespo (PR), por “injustiças cometidas contra os donos e trabalhadores das vans”. Sobretudo no transporte, cujo novo modelo vem tendo boa aceitação do campista, é preciso algum talento para ser linha de transmissão.
Publicado hoje (24) na Folha da Manhã