A Comissão e a eleição
Por Sérgio Arruda
Sobrevivemos, eu e minha equipe de colegas, a uma semana das mais exaustivas que já tivemos durante toda a nossa e existência laboral na Uenf. Era uma semana que, aliás, se repetia já que a eleição se decidiu em dois turnos. Nunca antes na história da nossa universidade, ocorreu de um pleito de tal dimensão se estender por um segundo turno, e ainda mais depois do drama de um empate para a vaga de segundo lugar no primeiro turno.
À equipe de 11 integrantes de Comissão foi confiada a tarefa de preparar uma mega-operação eleitoral para garantir o voto dentro da urna de cerca de 8,2 mil pessoas, dos quais 293 professores, 574 técnicos administrativos e 7.379 estudantes, mais da metade dos quais matriculados nos três cursos à distância oferecidos em 11 municípios-polos do estado.
A Uenf é uma universidade pequena quando comparada a todas as demais universidades públicas do país. Mas ela se tornou gigantesca quando uma operação desta grandeza teve que chegar a todos os polos em dois sábados em que os turnos se realizaram, localizados em cidades que vão de Paracambi e Petrópolis, até São Francisco e Bom Jesus do Itabapoana, passando também por Macaé onde se instalam, além de um polo EaD, um outro campus universitário com duas graduações e pós-graduações. Na sequência, a votação nos dois campi, sendo o maior o que se localiza aqui em Campos, marcou de forma mais efetiva a visibilidade do processo e despertou o interesse da imprensa local.
Tudo começou há quatro meses, quando fomos designados pelo Conselho Universitário como integrantes de uma Comissão com a tarefa de botar uma eleição pra andar. E foi o que fizemos até a madrugada da última quarta-feira (18), quando toda a força tarefa culminou suas intensas atividades com o anúncio do resultado final.
A mega-operação acionou nos dois turnos mais de uma centena de pessoas entre comissionados, voluntários, mesários, motoristas, coordenadores dos polos, fiscais de chapa, além de servidores em geral que, direta ou indiretamente, foram acionados para garantir a mobilidade de todos.
A presença às urnas foi efetivamente baixa. Apenas 24,47% dos eleitores aptos compareceram e depositaram seu voto, basicamente uma eleição por amostragem. Por outro lado, votou quem quis. E o percentual de votos brancos e nulos foi insignificante: 1,69% apenas. O segmento que mais compareceu foi o dos professores, ou seja, 254 dos 293 aptos votaram, o que representa 86,69% deles. No segmento dos técnicos administrativos, o percentual caiu para 76,49% e despencou para 17,95% entre os alunos. Ou seja, de cada 10 alunos, menos de dois participaram do processo.
Na Universidade do Terceiro Milênio, como é chamada a Uenf desde os seus projetos iniciais por Darcy Ribeiro, talvez esteja faltando um modelo mais prático de eleição que possa favorecer o comparecimento em massa do eleitor pelas vias da cultura e aparelhamento da cibernética com seus softwares inteligentes e seguros. De qualquer forma, o modelo arcaico usado nesta teve lá os seus encantos nostálgicos.
A Comissão, que viveu o estresse natural de viver a responsabilidade de um pleito tão importante, permaneceu unida, apesar de algumas poucas divergências na interpretação de alguns incidentes. A Resolução definida pela Comissão, documento que definiu apenas as regras essencialmente técnicas, às vezes, pareceu insuficiente para resolver algumas desavenças que surgiram, principalmente nos dias de votação, quando tivemos de controlar o andamento e o favorecimento equânime dos direitos dos eleitores e candidatos.
No mais, ser chamado a participar de uma Comissão não chega a ser um sonho de consumo acadêmico para nenhum de nós, pelo menos pra mim como docente, porque nos toma muito tempo e dedicação. Contudo, nesta, apesar do cansaço, estamos satisfeitos pelo dever cumprido. E legaremos a nossa experiência adquirida para as futuras comissões.