Morre aos 80 Ginger Baker, baterista de jazz e da maior banda de rock que já existiu

 

Nos tempos do Cream, Ginger Baker em primeio plano com sua bateria, escudado por Jack Bruce no baixo e Eric Clapton na guitarra

 

Sempre que me perguntam qual é a melhor banda de rock de todos os tempos, “Beatles ou Rolling Stones?”, não tenho dúvida ao afirmar: foi o Cream! Também britânica, durou pouco, é verdade. Foram apenas dois anos, de 1966 a 1968. Mas enquanto esteve em atividade, vendeu e influenciou a música tanto ou mais que suas duas congêneres mais famosas.

No domingo de hoje, acordei tarde com a notícia da morte de Ginger Baker, baterista do Cream. Antes dele, em 2014, o baixista Jack Bruce já havia feito a passagem. Completava o legendário trio o deus da guitarra Eric Clapton, sobrevivente de perdas anteriores — como as de seus camaradas em armas Jimmy Hendrix e Steve Ray Vaughan, com os quais esteve momentos antes de suas mortes.

Muito da sofisticação musical do Cream se devia à formação jazzística de Ginger Baker. Embora tenha definido o que seria o baterista de rock, ele detestava a classificação e se sempre se considerou um “baterista de jazz”. Viciado em heroína como tantos ícones do jazz, da diva Billie Holiday ao gênio do sax Charlie Parker, Baker tinha o temperamento forte e irascível. Certa vez, chegou a ameaçar Jack Bruce com uma faca. E chamou Mick Jagger, no auge do sucesso dos Stones, de “um idiota musical”. Com Clapton, depois da dissolução do Cream, chegou a tocar junto em outra super-banda de rock: a Blind Faith.

Em 2005, o Cream voltou a se reunir para uma série de shows ao vivo, nos seus últimos palcos de 1968. Trinta e sete anos depois, Baker, Bruce e Clapton tocaram quatro noites de maio no Royal Albert Hall, em Londres, e duas noites de outubro, no Madison Square Garden, em Nova York. Nelas, a maior banda de rock que já existiu voltou a executar composições próprias, como “Badge”, “White Room” e “Sunshine Of Your Love”, além da regravação de “Crossroads”, do mestre do delta blues Robert Johnson (1911/1938), que o Cream resgatou no final dos anos 1960 para influenciar outras gerações pelo mundo.

Já na casa dos 60 anos, em sucessos dos seus tempos psicodélicos, confira abaixo o que o trio de “velhinhos” foi capaz de fazer neste novo milênio:

 

 

 

 

 

Com a batida sofisticada e poderosa de Ginger Baker, o olimpo do rock está mais cheio. Jack Bruce, que nunca foi bobo em vida, vai ficar mais esperto. E o deus da guitarra, caído na Terra, ficou mais só.

O meu domingo e o de tantos outros ao redor do mundo amanheceu triste. Com o vento lamentando na planície de outro delta de rio, como um blues.

 

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