“Eu não estou vendo com muito entusiasmo esse quadro que está aí, de (pré-)candidaturas (a prefeito de Campos em 2020). Eu sempre fiquei esperançoso que tivesse um outsider, que saísse desse quadro antigo de sucessão familiar. É só uma vontade. Se eu tivesse que olhar para a realidade, eu diria: é o Rafael (Diniz, Cidadania), é o Wladimir (Garotinho, PSD), é o Caio (Vianna, PDT). A disputa vai se dar aí. O Rafael tem desgaste, há que reconhecer isso. O Wladimir, por sua vez, embora faça um bom mandato de deputado federal, traz o desgaste familiar. E o Caio é um menino que ainda não brotou de forma exuberante, embora tenha sido bem votado, de forma até surpreendente para deputado (federal em 2018, quando não se elegeu, mas fez 21.017 votos, 18.900 deles em Campos)”. Essa foi a opinião de um respeitado analista da política goitacá, o professor Luciano D’Ângelo (PT), convidado que encerrou na manhã de hoje a rodada semanal de entrevistas do programa Folha no Ar 1ª edição, da Folha FM 98,3.
Com o conhecimento de quem foi secretário municipal de Campos duas vezes, nos governos Arnaldo Vianna (PDT) e Carlos Alberto Campista (ex-PDT, hoje sem partido), assim como de Niterói, na gestão Godofredo Pinto (PT), Luciano foi por décadas considerado um dos maiores articuladores petistas no interior do Norte Fluminense. Primeiro diretor eleito da antiga Escola Técnica Federal, hoje Instituto Federal Fluminense (IFF), no último ano da ditadura militar no Brasil (1964/85), ele cobrou que Campos tenha um prefeito que “faça uma coisa diferente”:
— A obrigação principal do prefeito é ter um lema para a cidade. E que a sociedade reconheça o lema dele. Eu tive um lema quando fui diretor da Escola (Técnica Federal de Campos). Naquela ocasião, o lema se justificava, era democracia. Eu vim para democratizar a Escola, que era autoritária, não por conta do ex-diretor. Era por conta de uma ditadura militar autoritária. Tudo que eu fiz na Escola estava fundamentado na redemocratização. Então eu quero um prefeito, que o munícipe olhe para ele, entenda qual é o lema dele e colabore com ele. (O governo Rafael) claramente não tem isso, não tem um apelo. Ele não trouxe a população com ele para ajudá-lo a governar. Isso é política. Falta isso. E aos outros também. Isso, para mim, é uma questão fundamental. É a comunicação com a sociedade. Aí, diga-se de passagem, Garotinho, com todos os defeitos, eu sempre fui seu adversário, essa identificação com o povo, os governos dele sempre tiveram. Não da forma melhor. Mas tenho que reconhecer também que esse município viveu esses últimos anos (no governo Rafael) debaixo de uma grave crise econômica.
Pelo papel histórico na redemocratização do que hoje é o IFF, seu ex-diretor foi saudado por vários ex-estudantes durante o Folha no Ar, através das redes sociais do programa. Inclusive pelo atual reitor, professor Jefferson Manhães de Azevedo, candidato à reeleição este ano, como anunciou aqui, em entrevista à Folha em 27 de abril). Luciano também analisou o processo eleitoral da maior instituição de ensino de Campos e região, que ja começou (aqui) e cujo pleito deve ocorrer no próximo dia 10 de dezembro:
— Pelo que estou informado, o Jefferson deve ser candidato único, como foi da última vez. Então acho que não vai polarizar. Ele fez uma boa gestão e é um bom quadro.
Após o final de semana, o Folha no Ar 1ª edição volta ao ar na próxima segunda-feira (14), na Folha FM 98,3. Sempre a partir das 7h da manhã, trará outros educadores da cidade: a reitora do Uniflu, Inês Ururahy e outros dois professores da instituição, Rafael Crespo e Cristiano Miller, que também é presidente da OAB-Campos. Eles regressam a Campos após uma missão acadêmica na Espanha, onde participaram de eventos na Universidade Coplutense de Madrid e na Universidade de Burgos.
Antes da rodada da próxima semana, a partir desta segunda, confira os quatro blocos do Folha no Ar da manhã de hoje, com o professor Luciano D’Ângelo: