Comandante Henrique: 8º BPM foi o que mais prendeu no RJ, sem uma morte

 

Comandante do 8º BPM, tenente-coronel Luiz Henrique Barbosa no Folha no Ar (Foto: Genilson Pessanha – Folha da Manhã)

 

“Quando foi dito isso pelo governador (‘tiro na cabecinha’ do bandido portando fuzil), ele quis demonstrar tranquilidade do agente (de Segurança Pública) no seu cenário de operação. E isso tem trazido grandes resultados. Os números (diminuição dos homicídios em 19% no estado do Rio e de 34%, em Campos, na comparação entre 2018 e 2019) não mentem. E têm sido o motivo desse avanço na redução do crime. Então eu acho que que é uma política que fez a Segurança Pública avançar. Sou a favor. Não do enfrentamento no sentido pejorativo, mas da tranquilidade do agente poder agir sem ser culpado preliminarmente. O agente do estado representa toda a população. Nós temos 500 mil habitantes aqui em Campos, que estão nos apoiando nas nossas ações. E o 8º Batalhão foi o que mais prendeu no estado do Rio de Janeiro. E, paralelamente a isso, nós não tivemos uma morte por intervenção dos agentes do estado. Então aqui nós exercermos aquilo que todo mundo prega: prisão sem nenhuma letalidade violenta com qualquer criminoso. Foram mais de duas mil prisões nesse cenário de guerra”.

Foi o que disse no Folha do Ar 1ª edição da manhã de hoje o tenente-coronel Luiz Henrique Barbosa, comandante do 8º BPM, sobre a política do governo Wilson Witzel (PSC), de enfrentamento ao crime organizado. Ele também falou sobre os abusos das casas noturnas e seus clientes em áreas residenciais:

— A Polícia Militar se faz presente em todas essas regiões. Mas sabemos que existem várias casas noturnas, boates, e não existe a possibilidade estrutural de dar conta de tudo. Mas a Polícia Militar, sempre que acionada pelo 190, se faz presente. Da ação completa, nós estamos falando também da atuação do município (Guarda Civil Municipal e superintendência de Postura). É importante que haja integração, é importante que se faça a avaliação dos locais que estão sendo permitidos os alvarás. A Polícia Militar tem restrições legais: perturbação do sossego, infelizmente tem que se ter o ofendido. Se você perturba o sossego, você perturba o sossego de alguém. Eu sei que não é bom, não é legal, expõe, levar o solicitante. Mas é tipificado, a Polícia Militar não tem como mudar a legislação.

Nesse ponto da entrevista, o comandante Henrique foi contraposto com a análise do policial federal Roberto Uchôa, com especialização em Segurança Pública na UFF e mestrando em Sociologia Política pela Uenf. Que já questionou (aqui) essa suposta exigência legal de que os moradores impedidos de dormir na própria casa, durante a note e madrugada, tenham que acompanhar a condução de quem perturba a ordem pública até a delegacia de Polícia Civil:

— Essa é uma medida sem fundamento. Em tempos de disque denúncia e de incentivo ao papel da sociedade civil como auxiliar das forças policiais através do fornecimento de informações, expor a pessoa que faz a reclamação parece ser muito mais uma forma de evitar as denúncias, do que de realmente resolver o problema que aflige os moradores.

Ao que o comandante do 8º BPM, que foi também comandante da Guarda Civil Municipal de Volta Redonda por oito anos, alegou:

— Nós estamos falando da perturbação do sossego. A Polícia Militar sempre vai ao local, no sentido de equacionar, de abaixar o som, de acabar. Mas o policial militar não pode levar aquela pessoa à delegacia porque estava com o som alto. Porque vai chegar na delegacia e o delegado vai perguntar: mas quem é o ofendido? Então isso tudo é questionável.

E foi novamente contrastado sobre essa necessidade de exposição dos moradores de bairros residenciais impedidos de dormir, na análise da questão pelo presidente da OAB-Campos, Cristiano Miller. Que cobrou a participação da fiscalização também por parte do poder público municipal para solucionar o problema:

— Entendo que a exigência de identificação dos moradores vai contra todos os princípios básicos que norteiam a gestão da segurança pública. A ideia adequada deve ser no sentido de fomentar a participação da sociedade, sem qualquer risco de exposição. Se, para cumprir o seu papel, o poder público condiciona que o cidadão se exponha, é sinal de que efetivamente a legislação não está sendo cumprida pela municipalidade. Em verdade, a participação da sociedade se dará com a “denúncia”, mediante a apresentação dos focos do problema, jamais devendo ser exigido do cidadão que ele se identifique e se exponha. A participação do cidadão deve ser colaborativa. Sendo assim, o que se espera é que o poder público municipal cumpra com o seu papel fiscalizador e efetivamente zele pela ordem pública, preservando o cidadão que deseja simplesmente exercer os seus direitos e receber segurança pública de qualidade

O comandante do 8º BPM respondeu:

—  Nós estamos trabalhando isso com a delegacia (de Polícia Civil), estamos tentando achar soluções que possam ser mais amenas para aquelas pessoas que sofrem.

 

Confira o vídeo, nos três blocos abaixo, da entrevista com o tenente-coronel Luiz Henrique Barbosa, comandante do 8º BPM:

 

 

 

 

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