Filho de uma mulher forte e vanguardista, a paridade entre homens e mulheres, para mim, veio de casa. Ainda assim, se alguém perguntasse, uma década atrás, sobre essa paridade em universos culturalmente masculinos, como futebol e lutas, diria que ela não se daria em meu tempo de vida. Ledo engano!
No que se refere a força e explosão, é difícil pensar em um mundo onde os homens não estarão à frente. Mas, abalado desde que a brasileira Marta surgiu para o futebol no início dos anos 2000, esse dogma biológico cairia por terra na Copa do Mundo feminina de 2019. Vencida pelos EUA de Rapinoe, que se revelou um dos melhores times de futebol que já vi, independente de gênero.
Pois essa certeza caiu também no mundo das lutas, ainda encarado com preconceito, inclusive pelas mulheres. O que a chinesa Weili Zhang e a polonesa Joanna Jedrzejczyk fizeram no UFC 248 da madrugada de hoje, Dia Internacional da Mulher, foi de impressionar. Mesmo a alguém que acompanha as artes-marciais mistas (MMA) desde o seu início em 1993, com o campeão brasileiro Royce Gracie.
A luta entre uma asiática explosiva, que manteve seu cinturão de campeã mundial peso palha (até 52,2 kg) sobre a técnica da ex-campeã europeia, evidencia a globalização do novo esporte. Comparada à vacilante luta principal, na qual o nigeriano Israel Adesanya manteve seu título dos pesos médios (até 83,9 kg), em decisão controvertida contra o cubano Yoel Romero, deixou claro como as mulheres chegaram ao mesmo nível técnico dos homens. E como podem superá-los em raça e entrega.
Weili Zhang e Joanna Jedrzejczyk fizeram, sem nenhum favor, um dos maiores combates da história do MMA. No Dia Internacional da Mulher, numa luta decidida por pontos, derrubaram por nocaute qualquer diferença de gêneros no esporte enquanto expressão de humanidade.