Não poderia fechar o dia sem lembrar que morreu hoje Moraes Moreira, aos 72 anos. Alheio ao pesadelo real da pandemia da Covid-19, morreu dormindo.
Da sua história como compositor e cantor, que tão bem soube unir a riqueza da raiz da música popular brasileira com os elementos eletrônicos da música pop internacional, dos Novos Baianos à carreira solo de brilho encerrada com sua morte, outros tantos já escreveram mais e melhor.
Sobre sua história com Campos e São João da Barra, escrita através da Folha da Manhã, em shows antológicos no verão de 1989, em Chapéu de Sol e Farol de São Thomé, e em 2005, no Teatro Trianon, Diva Abreu Barbosa já falou aqui, na boa matéria da Paula Vigneron.
Mas não podia encerrar o dia sem lembrar de outra face do gênio da música: a de flamenguista apaixonado. E antes disto, em fé que comungo, um ziquista juramentado.
Lembrando de Moraes, não dá para esquecer de quando Zico aposentou as chuteiras do Flamengo. No último dia 6 de fevereiro, fez (aqui) 30 anos. Em que eu e 100 mil pessoas indagávamos em uníssono ao maior craque da história do Maracanã, das arquibancadas do estádio, os versos do músico ainda frescos dos seus shows em Chapéu de Sol e Farol: “Por que parou? Parou por quê? Por que parou? Parou por quê?”
Como Moraes Moreira, tenho saudades do Galinho. E, desde hoje, de quem tão bem as cantou:
“E agora como é que eu fico
nas tardes de domingo
Sem Zico no Maracanã?
Agora como é que eu me vingo
de toda derrota da vida?
Se a cada gol do Flamengo
Eu me sentia um vencedor
Como é que ficamos os meninos,
essa nova geração?
Arquibaldo, geraldinos,
como é que fica o povão?
Será que tem outro em Quintino?
Será que tem outro menino?
Vai renascer a paixão ou não?
Falou mais alto o destino
e o Galinho vai cantar
láiá laiá
vai cantar noutro terreiro
no coração brasileiro
uma esperança
quem sabe o fim dessa história
não seja o V da vitória
o V da volta, volta
Volta Galinho
que aqui tem mais
carinho e dengo
vai e volta em paz que o Flamengo
já sabe como esperar
você voltar”