Morreu de infarto na manhã deste último domingo de maio (31) o ondotólogo e artista plástico Lenildo Mambreu. Ele tinha 69 anos e seu corpo foi encontrado dentro do seu carro, no estacionamento do prédio onde resida, na rua da Baronesa. Ele estaria indo para a padaria, ou teria se sentido mal e iria buscar atendimento hospitalar. Deixa a filha Talita, fruto do seu segundo casamento.
Mambreu era professor aposentado da Faculdade de Odontologia de Campos (FOC), na qual formou gerações de profissionais. E também muitos amigos, quando o contato sério da sala de aula era por vezes complementado na humanização democrática da mesa de bar. Estava perto de se aposentar também como odontólogo da Prefeitura de Campos, onde trabalhou nos últimos anos cedido à Associação Irmãos da Solidariedade, onde era profissional querido entre os doentes, portadores de HIV. A humanidade de Mambreu era sua característica mais sóbria.
Conheci Mambreu no início dos anos 90, através de uma querida amiga comum, a advogada Rosemary Lopes de Carvalho. E dali em diante nos tornamos também amigos. Fui algumas vezes à casa dele e o recebi na minha. E dividamos mesas de amigos, restaurantes e bares entre Campos, Atafona, Grussaí, Farol e Búzios. Entre a última década do séc. 20 e a primeira do séc. 21, era mais comum nos cruzarmos na noite, quando fechamos juntos alguns bares. Contato que se tornou espaçado com os hábitos mais regrados adotados por ambos na última década.
Lenildo tinha origem italiana. Seu nome de família, segundo contava, era um abrasileiramento do fiscal da imigração, que registrou o “Manfredi” do seu avô paterno como Mambreu. Amante da boa música, adorava cantar. Depois de umas doses de whisky, sua bebida preferida nos tempos de boemia, era inevitável que lançasse o dó de peito nos versos de “Prelúdio para ninar gente grande”, composição de Luiz Vieira: “Sou menino-passarinho/ Com vontade de voar”.
Além da humanidade, da sensibilidade e do amor às artes, Mambreu tinha outras características muito pessoais. Uma delas era reforçar ou alterar a acentuação tônica ao verbalizar determinadas palavras. Que fazia para dar caráter assertivo às sentenças que proferia. Depois de algumas doses de whisky, quando queria chamar alguém, vociferava: “ANda CÁ, Esse meniNO(A)!”. Oralmente, reforçava a condição de paroxítono de “anda” e “esse”, como de oxítono de “cá”. Mas, sem provavelmente se ligar nisso, reinventava o paroxítono “menino(a)” como oxítono.
Quando realmente não gostava de algo, Mambreu também recriava uma conjugação verbal paroxítona como proparoxítona. E bradava: “Eu DEtesto!”. Citando sempre o autor, é a sentença que passei a adotar na oralidade quando quero realçar aversão a algo. Mais que qualquer explicação, quem escuta entende perfeitamente. Não é preciso conhecer as regras da língua portuguesa, basta nela se expressar e reconhecê-la de ouvido.
Além do magistério e do exercício da odontologia, outra coisa quem Mambreu levava muito a sério era a pintura. Mais que suas reinvenções na oralidade das mesas de bar, era entre tintas e tela que ele mais se concentrava em expressar sua visão de mundo. Um quadro seu de uma paisagem marinha noturna, dada de presente ao diretor teatral e poeta Antonio Roberto Kapi, acabou ficando com Neivaldo Paes Soares, após a peça “Pontal” ser encenada no bar e residência deste, no Pontal real do verão de 2010.
Entre arcadas de tubarão, cascos de tartaruga, redes de pesca e boias de navio, o quadro permaneceria como peça de decoração central de um lugar que virou lenda. Em julho de 2012, o mar saltou da tela de Mambreu para levar a construção.
Ontem, em sua última postagem nas redes sociais, Mambreu publicou aqui uma foto sua de viagem à terra do seu avô. E escreveu: “Nessa quarentena tão prolongada, nada para fazer, pelo menos é ótimo lembrar das viagens — hoje: Capri (Itália, querida) e ouvir Sinatra em LPs! Abração, amigos!”.
Hoje, após ter nos apresentado há 30 anos, Rosemary registrou aqui o que é ainda pior diante da perda de Mambreu nestes tempos de pandemia: “Dói tanto, é tão difícil, saber que ele tem tantos amigos e morreu solitário. Dói saber que ele vai ter um velório rápido e sem a presença desses amigos, que ele prezava tanto”. Após 69 anos bem vividos, a saudade é de um menino-passarinho que voou.
O Hospital de Campanha de Campos é um parto. Há suspeita de estupro em sua origem e, até ser finalmente dado à luz, teme-se por seu aborto. Ainda assim, é considerado fundamental no combate à pandemia da Covid-19 para todo o Norte e Noroeste Fluminense. Seus 100 leitos previstos, sendo 20 de UTI, já tiveram o prazo de entrega inicial de 30 de abril (confira aqui) adiado duas vezes: primeiro para 25 de maio (confira aqui) e depois para 12 de junho (confira aqui). E apesar de estar no olho do furacão da operação Placebo, deflagrada (confira aqui) pela Polícia Federal (PF) na terça-feira (26), tanto a secretaria estadual de Saúde (SES), quanto a Organização Social (OS) Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), responsável pela obra, garantiram que o prazo de 12 de junho será mantido. A SES confirmou em resposta às demandas da Folha, ignoradas pela assessoria do Iabas. No entanto, a reportagem teve acesso à resposta da OS enviada na quinta (28) à 4ª Vara Cível de Campos, onde é ré por conta do Hospital de Campanha. E nela pediu a alteração do “prazo estabelecido de entrega para o dia 12 de junho”.
CCC sem vaga de UTI — Enquanto isso, até sexta-feira (29), a ocupação dos 29 leitos de UTI do Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCC) de Campos era de 100%. Foi a mesma taxa integral de ocupação na UTI que fez o prefeito Rafael Diniz (Cidadania) anunciar no dia 15 (confira aqui) o lockdown no município, que passou a vigorar no dia 18. A diferença é que o CCC tinha então 19 leitos de UTI, mas colocou mais 10 em operação (confira aqui) no dia 22, no total de 29. E todos já estão ocupados. A superlotação foi reflexo do aumento dos números da Covid, que nesta última semana bateram recordes na planície goitacá: de segunda (25) para terça (confira aqui), foram 71 novos doentes, com mais 79 (confira aqui) de terça para quarta (27), chegando à quinta (28) com o total (confira aqui) de 684 casos confirmados, 2.018 suspeitos, 29 mortes oficiais e outras 12 em investigação. Até quinta, os 22 municípios do Norte e Noroeste, aos quais o Hospital de Campanha atenderia, tinham registrado (confira aqui) 93 óbitos oficiais da doença, com 2.482 casos confirmados e 2.664 suspeitos — que Macaé, governada pelo médico Dr. Aluizio (PSDB), simplesmente não contabiliza mais.
Iabas — Dos sete hospitais de campanha prometidos pelo governo estadual Wilson Witzel (PSC), apenas um foi entregue, na cidade do Rio de Janeiro. Os outros seis, inclusive o de Campos, esperam. A Defensoria Pública e a 3ª Promotoria de Tutela Coletiva do município decidiram não esperar mais. E entraram juntos com uma ação civil pública que teve liminar favorável (confira aqui) com tutela de urgência da 4ª Vara Cível da comarca, no dia 18. Que deu prazo de 10 dias a Witzel, ao seu novo secretário de Saúde, Fernando Ferry, e ao Iabas, para entregarem o Hospital de Campanha de Campos em pleno funcionamento, sob pena de multa diária de R$ 10 mil e responsabilização pessoal. Foi a esse processo que a OS respondeu na quinta, pedindo o prazo de 12 de junho. Prazo que deveria ter cumprido desde quarta, no Hospital de Campanha de São Gonçalo, e ontem, no de Nova Iguaçu. E não cumpriu. Também na quarta, O Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou (confira aqui) que o Governo do Estado não realize, autorize ou permita mais qualquer pagamento ao Iabas relacionado aos hospitais de campanha.
Placebo — Se pagaram para ver diante da decisão da 4ª Vara Cível de Campos, o Governo do Estado e o Iabas viram seus problemas com a Justiça se complicarem ainda mais, por supostamente terem aproveitado a pandemia para desviar dinheiro público. A partir dessas suspeitas, a operação Placebo foi autorizada pelo ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo investigações da PF e do Ministério Público Federal (MPF), o contrato emergencial do Estado do Rio com o Iabas para a construção dos sete hospitais de campanha, no valor de R$ 835 milhões, tem “provas robustas de fraude”. E indícios de participação do governador e sua esposa, a advogada Helena Witzel, na suposta estrutura criminosa, que envolveria também o ex-secretário estadual de Saúde Edmar Santos. Além do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, e do empresário Mário Peixoto, que operou no esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral (MDB) e foi preso no dia 14 na operação Favorito, desdobramento da Lava Jato e passo inicial da Placebo.
Briga política — Ex-juiz federal e eleito em 2018 com o apoio do clã Bolsonaro, com o qual romperia, Witzel acusou “perseguição política” na operação Placebo, depois que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro saiu do governo federal acusando o presidente de querer intervir no comando da PF no estado do Rio. O governador chegou a dizer que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), seu ex-aliado, “já deveria estar preso” (confira aqui) por conta dos crimes de “rachadinha” e ocultação de patrimônio, pelos quais o filho mais velho de Jair Bolsonaro é investigado. O fato é que na segunda (25), véspera da Placebo ser deflagrada, a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL/SP) anunciou em entrevista de rádio que governadores seriam alvos de operações federais, por conta de ilícitos cometidos durante a pandemia. Ela disse que essas operações poderiam ser chamadas de “Covidão”. Por sua vez, “placebo” é um termo médico que designa um remédio ou tratamento neutro, sem efeito prático, a não ser psicológico.
Defensor — Para que o Hospital de Campanha de Campos saia a tempo de ter efeito prático para salvar vidas, o defensor público de Campos Tiago Abud entrou com a ação civil pública, junto com a promotora de Justiça Maristela Naurath. Que no dia 18 teve liminar favorável do juiz Paulo Maurício Simão Filho. Para o defensor, as revelações da Placebo podem atrasar ainda mais a entrega da obra fundamental no combate à pandemia no Norte e Noroeste Fluminense:
— Sem fazer juízo de valor sobre a ação penal, todas as denúncias têm que ser investigadas. Mas, para a entrega do Hospital de Campanha de Campos, os efeitos podem ser ruins. Tudo que atinge esse processo administrativo na criação dos hospitais de campanha acaba se tornando um obstáculo a mais. E já havia vários sendo apresentados para a entrega da obra. A operação Placebo tinge de desonestidade a necessidade que as pessoas tinham, têm e terão desses hospitais. As vidas que podem ser perdidas por conta desse atraso, sem contar com recursos médicos e hospitalares para atendê-las, nunca poderão ser repostas — alertou Tiago.
Deputados de Campos — Com representação na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) reduzida pela Covid-19, que matou em 18 de maio o deputado estadual Gil Vianna (PSL), os outros três parlamentares da bancada goitacá se manifestaram sobre a operação Placebo. Que já rendeu dois pedidos de impeachment do governador Wilson Witzel, encaminhados na quinta à análise da Procuradoria da Casa. Os deputados campistas da Alerj também cobraram o Hospital de Campanha de Campos:
— Eu espero que os fatos sejam investigados, apurados e que todos os órgãos cumpram seu dever institucional. Não podemos esquecer que o coronavírus continua se espalhando e matando milhares de pessoas no estado do Rio de Janeiro. Os hospitais de campanha são fundamentais para desafogar o sistema de saúde. E a prioridade deve ser salvar vidas. Por isso, continuaremos atuando com firmeza para que o Hospital de Campanha de Campos seja inaugurado o mais rápido possível, colocando todas as divergências e qualquer julgamento prévio de lado em benefício da população — garantiu Bruno Dauaire (PSC), líder do partido de Witzel na Alerj.
— Lamentavelmente mais uma vez nos deparamos com nosso Estado do Rio envolvido em polêmica sobre a aplicação de recursos públicos e ações policiais. É importante que todos os fatos sejam devidamente apurados e que as instituições atuem com isenção. Para que, caso sejam confirmadas as irregularidades apontadas, os envolvidos sejam devidamente responsabilizados. Quanto ao Hospital de Campanha de Campos há um compromisso do Governo do Estado na sua implantação. E espero que finalmente o prazo de sua conclusão seja respeitado, porque é de suma importância não só para Campos, quanto para toda a região — dimensionou Rodrigo Bacellar (SD).
— Qualquer suspeita de irregularidades em qualquer instituição deve ser apurada. Confio muito na Justiça brasileira. Mas é cedo pra se fazer uma análise mais aprofundada dessa operação da PF. As investigações ainda estão em andamento, temos que aguardar. Mas nós esperamos do Governo do Estado uma posição concreta quanto ao prazo de entrega do Hospital de Campanha para o nosso interior. Que, segundo o governador, será (confira aqui) no meado de junho. Esperamos que agora de fato essa promessa seja cumprida — cobrou João Peixoto (DC).
“Acabou, porra!”. Foi o que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje (28), um dia depois do “inquérito das fake news”, conduzido no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ministro Alexandre Moraes, ter gerado 29 mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal contra blogueiros, empresários e políticos aliados do governo federal. Na saída do Palácio Alvorada, onde costuma falar com a imprensa sempre pressionada por sua claque, Bolsonaro questionou o cumprimento constitucional das determinações do STF pela PF: “Nunca tive a intenção de controlar a Polícia Federal, pelo menos isso serviu para mostrar ontem. Mas obviamente, ordens absurdas não se cumprem. E nós temos que botar um limite nessas questões (…) Não teremos outro dia igual ontem. Chega! Chegamos no limite. Estou com as armas da democracia na mão”.
Acuado com a investigação do STF, a reação do presidente foi coordenada com seus filhos. Apontado pela Polícia Federal (confira aqui) como chefe do “gabinete do ódio”, que opera dentro do Palácio do Planalto e seria financiado por empresários para produção e disseminação de fake news contra os adversários do presidente, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) questionou ainda ontem nas redes sociais, em sua linguagem geralmente confusa: “Querem incentivar rachaduras diante de inquérito inconstitucional, político e ideológico sobre o pretexto de uma palavra politicamente correta?”
Também ontem, no mesmo dia da operação gerada pelo “inquérito das fake news”, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) já tinha subido o tom. Em entrevista a um canal de TV, fez ameaças diretas à ordem democrática do país: “Eu até entendo quem tem uma postura mais moderada, vamos dizer, para não tentar chegar ao momento de ruptura, um momento de cisão ainda maior, um conflito ainda maior. Eu entendo essas pessoas que querem evitar esse momento de caos. Mas falando bem abertamente, opinião do Eduardo Bolsonaro, não é mais uma opinião de ‘se’, mas de ‘quando’ isso vai ocorrer (…) E, depois, não se enganem: quando chegar ao ponto em que o presidente não tiver mais saída e for necessária uma medida enérgica, ele é que será taxado como ditador”.
Presidente da Câmara Federal, o deputado Rodrigo Maia (DEM/RJ) disse hoje em entrevista à Rádio Tupi sobre as declarações de Jair Bolsonaro: “Ele fez críticas à ação do Supremo. O Supremo vai continuar tendo apoio do Poder Legislativo, da sociedade para continuar tomando as suas decisões de forma independente. É o que eu acredito fortemente. Nós vamos continuar com cada poder tomando as suas decisões”. Mais tarde, em coletiva, o líder do Parlamento reforçou: “O sistema democrático precisa ser respeitado. Qualquer frase mal colocada, como a de hoje, vai esgarçando, estressando as relações. Não podemos sinalizar à sociedade que há algum risco dos Poderes não se respeitarem. Importante que a gente volte ao caminho que começamos a construir há alguns dias”.
Maia tem adotado uma postura mais branda com Bolsonaro, desde que este cooptou o Centrão à base de apoio do seu governo, base também do presidente da Câmara. Ainda assim, o presidente da Câmara se posicionou também sobre as ameaças do seu colega Eduardo Bolsonaro, de ruptura com a ordem institucional do país: “Acredito que os militares têm responsabilidade, sabem o seu papel e sabem que seu papel não é o que muitas vezes é defendida pelo deputado Eduardo Bolsonaro. Acredito que, no momento que o Conselho de Ética voltar a funcionar, certamente todos esses casos vão avançar. É claro que o deputado terá direito a fazer sua defesa e explicar o que quis dizer. Cabe ao Conselho de Ética decidir o que faz. Esperemos mais algumas semanas para restabelecer o Conselho de Ética e ali é o caminho adequado para esses debates”.
Quem também se posicionou sobre as ameaças à ordem democrática feita pelo filho deputado, como à tentativa do pai presidente de impor limites inconstitucionais ao STF, foi o ministro deste Marco Aurélio Mello: “Não há campo para retrocesso, não é? E não passa pela minha cabeça as Forças Armadas se engajarem aí em qualquer tentativa de virar a mesa. Isso está fora de cogitação (…) o STF está atuando, e cada qual segundo a sua ciência e consciência. E aí se tem que respeitar. O inconformismo quanto à decisão judicial gera impugnação ao recurso. E evidentemente não há recurso por palavras, em público”.
Quem também respondeu às ameaças de quebra à ordem constitucional, como reação à operação da PF gerada pelo “inquérito das fake news” foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz. Após comandar 12 mil homens na missão de paz das Forças Armadas Brasileiras no Haiti, entre 2006 e 2009, ele voltou ao Brasil e passou à reserva em 2012. Ainda assim, em 2013 foi escolhido pela Força de Paz da ONU para comandar 23,7 mil militares de 20 países na missão de estabilizar uma guerra civil na República do Congo. Pela carreira militar brilhante, foi nomeado por Bolsonaro ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência. Mas foi exonerado em 13 de junho de 2019, após entrar em choque com Carlos Bolsonaro por ser recusar a usar recursos públicos para financiar o “gabinete do ódio”.
O general Santos Cruz escreveu hoje um artigo sobre o papel da Forças Armadas diante da nova crise institucional criada pelo governo que ajudou a eleger, ao qual pertenceu, mas tem dirigido severas críticas. Como uma das lideranças mais respeitadas do Exército Brasileiro, no Brasil e no mundo, ele garantiu: “As Forças Armadas são instituições permanentes do Estado brasileiro e não participam nem se confundem com governos, que são passageiros, com projetos de poder, com disputas partidárias, com discussões e disputas entre Poderes ou autoridades”.
Confira abaixo o documentário “Congo e o general”, com legendas em português e 25 minutos de duração, da rede de TV árabe AL Jazeera. E depois a íntegra do artigo do seu protagonista:
O Militar e a Política
Por Carlos Alberto dos Santos Cruz
Todos os militares são eleitores, do soldado/marinheiro ao general-de-exército/brigadeiro/almirante. E todos votam com total liberdade de escolha nos seus candidatos e partidos de preferência. É o exercício da cidadania, na mais absoluta liberdade. É um dos pontos altos da democracia. É quando cada cidadão, em seu voto e por seu voto, vale o mesmo, independente de qualquer consideração de classe social, credo, etnia, etc. Mas a democracia é mais que isso. É também o funcionamento harmônico das instituições. É também a liberdade de imprensa e de associação. É também um processo coletivo de construção, a partir da diversidade da nossa sociedade, de um País mais justo, próspero e tolerante.
Na cultura militar, não existe propaganda nem discussão política sobre preferência de candidatos e partidos dentro dos quartéis. Quando o cidadão coloca a farda e representa a instituição, ele tem compromisso institucional e constitucional. Seu compromisso é com a Nação.
As Forças Armadas são instituições permanentes do Estado brasileiro e não participam nem se confundem com governos, que são passageiros, com projetos de poder, com disputas partidárias, com discussões e disputas entre Poderes ou autoridades, que naturalmente buscam definir seus espaços e limites. No jogo político, muitas vezes os atores são levados por interesses de curto prazo, influenciados por emoções, limitados por suas convicções. Isso é normal no ambiente democrático.
O militar da reserva, seja qual for a função que ocupa, não representa a instituição militar. O desempenho de qualquer função, quando o militar está na reserva, é de responsabilidade pessoal. As instituições militares são representadas pelos seus comandantes, que são pessoas de longa vida militar e passaram por inúmeras avaliações durante a vida profissional, seguramente escolhidos entre os melhores do seu universo de escolha. O processo seletivo acontece em todos os níveis, desde a escolha de soldados para o Curso de Formação de Cabo até a promoção para general-de-exército. A estrutura hierárquica e a conduta disciplinar são baseadas no exemplo, no respeito, na liberdade de expressão e na união de todos. A união é que realmente faz a força. Mesmo com orçamento reduzido, basta entrar em qualquer instalação para ver a educação, a dedicação e o zelo com que o patrimônio público é mantido e administrado.
As Forças Armadas estão presentes na história do Brasil, na defesa da pátria, na pacificação do país, na educação, na ciência, na construção, no desenvolvimento, etc, e até mesmo na política, em tempos passados, com todos os riscos, responsabilidades e desgastes inerentes a isso. Não por acaso, foi justamente no regime militar que as FA decidiram, acertadamente, sair da política e ater-se ao profissionalismo de suas funções constitucionais. As FA também são responsáveis por terem contribuído para o Brasil, com todos os problemas que temos, ser um dos dez maiores países do mundo. O país evoluiu e as Forças Armadas continuam presentes na defesa da pátria, nas diversas situações em que são chamadas para auxiliar a população em emergências e em apoio a algumas políticas de governo. Suas tarefas estão estabelecidas na Constituição — defender a pátria e garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem. O prestígio e a admiração que a sociedade lhes dedica foram construídos com sacrifício, trabalho e profissionalismo.
Nesse período, a democracia brasileira evoluiu e se consolidou. Temos um governo e um Congresso legitimamente eleitos, e as instituições funcionando. Os Poderes não são perfeitos, como é normal. Nunca serão, já que são feitos de homens, não de anjos. Democracia se faz com instituições fortes, buscando permanentemente o seu aperfeiçoamento. No Brasil, existe legislação que permite o aperfeiçoamento das instituições e práticas políticas. As discordâncias e conflitos não estão impedindo o funcionamento das instituições. A busca da harmonia é obrigatória aos três Poderes. É uma obrigação constitucional. As diferenças, o jogo de pressões e as tensões são normais na democracia e as disputas precisam ocorrer em regime de liberdade, de respeito e dentro da lei. Por isso mesmo, a Constituição Federal se sobrepõe aos três Poderes da República para limitar seu emprego, para disciplinar seu exercício. É nesse processo que os três Poderes moderam sua atuação, encontram seus limites e definem as condições de emprego dos demais instrumentos do Estado, inclusive as Forças Armadas, na implementação de políticas públicas.
As Forças Armadas, por serem instituições de Estado, não devem fazer parte da dinâmica de assuntos de rotina política. A dinâmica de governo não é compatível com as características da vida militar. Os militares são unidos, os comandantes são preparados, esclarecidos e mantêm o foco na sua missão constitucional.
As FA são instituições que não participam de disputas partidárias, de assuntos de rotina de governo, de assuntos do “varejo”.
Nas últimas décadas, as FA cruzaram momentos de hiperinflação, impeachment de presidentes, escândalos de corrupção, revezamento de governos com características diversas, sempre com posicionamento profissional, auxiliando a população, atentas à sua destinação constitucional, contribuindo para o prestígio internacional do País. É um histórico de orgulho do povo brasileiro e das próprias instituições. Por isso mesmo, creio que não se deixarão tragar e atrair por disputas políticas nem por objetivos pessoais, de grupos ou partidários.
Acenos políticos não arranham esse bloco monolítico que é formado por pessoas esclarecidas e idealistas, comprometidas com o Estado e com a Nação, que integram uma das instituições mais admiradas pelo povo brasileiro.
A partir das 7h da manhã desta sexta (29), quem fecha a semana e o mês de maio do Folha no Ar é o bispo diocesano de Campos, Dom Roberto Francisco Ferrería Paz. Ele falará sobre as críticas públicas que fez (confira aqui e aqui), e recebeu (confira aqui), sobre as ameaças do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra a democracia. Também analisará a atuação nas três esferas de governo contra a pandemia da Covid-19. E explicará a posição da Igreja Católica sobre o isolamento social, bem como a prática religiosa durante o período de quarentena.
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta sexta, pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.
Presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Rio de Janeiro (FCDL-RJ), Marcelo Mérida foi criticado ao final do Folha no Ar da manhã de ontem (27) pelo procurador-geral do município, José Paes Neto. Que destacou no programa da Folha FM 98,3 o fato do líder lojista ter aderido à campanha da CDL-Campos “Prefeito, apoiamos o combate ao coronavírus, mas não mate o comércio!!!”, pela flexibilização do fechamento do comércio na cidade (confira aqui) para combater a pandemia da Covid-19, sem que o setor produtivo local faça a mesma cobrança ao governador Wilson Witzel (PSC). Que ainda não entregou o Hospital de Campanha de Campos, cujo prazo inicial de 30 de abril já foi adiado duas vezes e ainda não tem data definida (confira aqui) para entrar em funcionamento. A despeito do PSC do governador ser presidido no município por Mérida, pré-candidato do partido a prefeito de Campos:
— Ainda nessa ponderação de preservação das vidas e preservação das atividades comerciais, a gente precisa manter o foco na preservação das vidas. Compreendo a angústia dos comerciantes, compreendo a angústia das instituições de classe, que estão sofrendo uma pressão muito grande. Mas acho até que essa campanha da CDL poderia ser mudada para “governador, não deixe o comércio morrer”. Porque o prefeito vem fazendo a sua parte, vem ampliando a capacidade do município (confira aqui) de fazer os atendimentos. Agora, as instituições de classe precisam também cobrar ao governador. Alguns representantes dessas instituições são, inclusive, muito próximos ao governador. Marcelo Mérida é presidente do partido do governador, conta com o apoio do governador nessa pré-candidatura (a prefeito). Acho que tem que cobrar ao prefeito (Rafael Diniz), mas que se faça campanha para cobrar também ao Governo do Estado (…) A gente sabe que essas medidas que estão sendo tomadas (pelo governo municipal) não são as mais agradáveis, mas são as mais necessárias. Mas da mesma maneira que se chama o governador aqui (em Campos) para almoços, para eventos, para inaugurações, no momento que tem que se cobrar, que tem coisas aparentemente equivocadas acontecendo, é preciso se cobrar de todos os atores, não só do poder público municipal — observou o procurador.
Com contato tentando desde ontem, logo após o Folha no Ar com José Paes, Marcelo Mérida retornou após a cobrança por sua posição ser reforçada publicamente no Folha no Ar da manhã de hoje, com o deputado estadual Bruno Dauaire, correligionário do líder lojista no PSC do governador. Mérida admitiu estar apoiando e participando da campanha da CDL-Campos. E disse não ver contradição em cobrar ao prefeito e ser presidente municipal do partido de Witzel:
— Antes de ser político, sou empresário. Foi por conta da condição de líder lojista que entrei na vida pública. A reabertura do comércio de Campos não é um pleito individual, mas coletivo. O principal é salvar vidas, mas não podemos deixar o comércio morrer. Nunca preguei desobediência civil aos decretos municipais, mas o diálogo. O Hospital de Campanha é essencial, não só para Campos, mas para toda a região. É preciso colocá-lo em funcionamento o mais rápido possível. O seu adiamento gera insegurança para as autoridades de saúde, para a população e também ao setor produtivo. Mas a atmosfera administrativa do Governo do Estado não está ao alcance da sigla partidária. Em Campos, as instituições do setor produtivo vêm pedindo diálogo. O comércio, a indústria e seus trabalhadores estão na insegurança. A gente vê isso no município e no Estado do Rio. Inciativas como a ampliação de leitos no CCC (Centro de Controle e Combate ao Coronavírus de Campos) precisam se ampliar. A CDL foi feliz ao dizer que é favorável ao combate à Covid-19, mas que não pode deixar o comércio morrer — pregou Mérida.
Lançada na mesma terça em que Campos bateu recorde de casos da pandemia — com 71 novos doentes registrados (confira aqui) nas 24 horas anteriores, superado no dia seguinte (confira aqui) com mais 79 novas confirmações de Covid —, a campanha da CDL-Campos pela flexibilização do comércio gerou questionamento e apoio nas redes sociais. Na postagem do link da matéria na página do Folha1 no Facebook (confira aqui), vários leitores comentaram:
— Dizemos sim ao isolamento social, dizemos sim à depressão, ao desemprego, à violência por conta do desemprego, e por aí vai… todas as pessoas desorientadas por conta desse difícil momento em que vivemos. Por isso não podemos fazer críticas — argumentou Adriana Chagas.
— Só leio lorotas e mais lorotas! Esqueçam a recuperação do comércio, aproveitem as liquidações que vão acontecer, pois logo após vão fechar as portas — disse Henrique Pereira.
— Será que vão aceitar crediário? Quero ver receber dos falecidos da Covid… — indagou Fábio da Silva.
— Isolamento é o que temos. Se o comércio abrir não vai ter quem vá comprar enquanto não acalmar essa quantidade de infectados. CDL não entendeu isso???? — interrogou Ana Cancio.
— Que o comércio abra e só vá à rua quem precisar comprar. Caso contrário, em muito pouco tempo, a crise financeira vai trazer inúmeros prejuízos, inclusive à saúde de todos — analisou Daniel Aguiar.
— Tem que abrir sim, pois se ficar mais tempo com as portas fechadas não morrerão do vírus e sim de fome — alertou Eunice Porto.
— Só estão pensando no dinheiro — opinou Janete Mendes.
— Abre que vocês vão ver se tem quem compra ou não. O povo já está nas ruas sem comércio. Imagina com o comércio aberto — projetou Edvaldo Moreira.
— Sem contar que corre o risco da força de trabalho adoecer — advertiu Reginaldo Genecy.
— Quem quiser trabalhar, que trabalhe. Quem não quiser, que fique em casa. Simples assim! — simplificou Glayson Almeida.
— É só quem está em casa com bucho cheio e contas pagas, dinheiro certo por mês e sem precisar ir à rua, ficar em casa. Simples. Mas não critique quem realmente precisa para sobreviver. Entendam uma coisa nem todo mundo é igual. Há pessoas que vendem almoço para comer na janta, um leão por dia. É só continuar em casa que não irá se contaminar — tentou separar Leandro Pessanha.
— Os dias do comércio, como o do Centro, estão com os dias contados. E não é só por conta da Covid — analisou Giselya Morais.
— Os caras acham que estão sustentando a humanidade. Tenho pena. Se vocês saírem do mercado, outros substituirão. O capitalismo é assim. Vocês mais do que ninguém deveriam entender isso. Quantas empresas quebram e outras substituem? Sempre foi assim e sempre será. Pessoas perdem o emprego o tempo todo, isso faz parte da vida. Quem está preocupado com a própria vida, não está nem aí para lenga-lenga — analisou Rose Menezes.
— Salvar vidas é essencial! — priorizou Rosangela Jesus.
— Hora ótima para abrir! Curva ascendente 50 novos casos/dia uma cidade com poucos leitos e transporte urbano de última. É isso: extermínio geral! — resumiu Felipe Tilio.
— Se precisar de alguma UTI deixa pro pessoal que tá respeitando o isolamento — propôs Ricardo Curty.
— É muito difícil entender que quem está estrangulando a economia é o vírus, não a Prefeitura? Se abrir tudo amanhã, vai aumentar o contágio e o movimento não vai voltar ao normal de qualquer maneira — explicou aqui Leandro Rabello Monteiro, professor de biologia evolutiva da Uenf. Que, na sua condição de especialista, tinha sido entrevistado no Folha no Ar (confira aqui) de 13 de maio.
A partir das 7h desta quinta (28), o convidado do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, é o deputado estadual Bruno Dauaire (PSC). Líder do partido do governador Wilson Witzel na Assembleia Legislativa, ele analisará a operação federal Placebo deflagrada (confira aqui) na terça (26) sobre a gestão estadual. E das suas possíveis consequências no Hospital de Campanha de Campos, que já teve o prazo de entrega adiado duas vezes e ainda (confira aqui) não tem data definida para entrar em funcionamento. Também falará sobre a pandemia da Covid-19 na perspectiva do ano eleitoral de São João da Barra e Campos.
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta quinta, pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.
“Prefeito, apoiamos o combate ao coronavírus, mas não mate o comércio!!!”. Assim, com o apoio em azul e a ressalva em vermelho, pontuada com três exclamações, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos começou uma campanha, colando cartazes nas portas do comércio de setores não essenciais da cidade, fechado para combater a pandemia da Covid-19. Iniciada ontem (26), a campanha foi às ruas no mesmo dia que o município registrou (confira aqui) 71 novos casos da doença nas 24 horas anteriores. Foi o maior número da doença desde que seu primeiro caso em Campos foi confirmado (confira aqui), em 23 de março. Em outra coincidência de datas, foi o mesmo dia em que o comércio foi fechado (confira aqui) por decreto municipal, para tentar evitar o colapso do sistema de saúde.
— O pequeno comerciante não tem como ficar 60 dias fechado. Há muitos que talvez não consigam abrir nunca mais. O comércio da área central obedece ao fechamento. E sofre fiscalização rigorosa se não fizer. Mas basta ir à periferia para constatar que o mesmo não acontece. Concordamos que a prioridade tem que ser salvar vidas. Mas queremos discutir alternativas com o governo municipal. A farmácia, a padaria e o supermercado não funcionam dentro de regras, como dias e horários específicos, afastamento entre as pessoas, fornecimento de álcool gel e exigência do uso de máscaras? Por que não estabelecer as mesmas regras para o resto do comércio? Queremos poder dar essas sugestões ao prefeito. Nosso movimento não é político, é pela sobrevivência do setor — disse José Francisco Rodrigues, presidente da CDL-Campos. Ele tenta coordenar o movimento pela flexibilização do funcionamento do comércio com outras entidades representativas do setor produtivo no município, como Acic, Sindivarejo, Firjan e Carjopa.
— A Prefeitura de Campos vem mantendo a porta sempre aberta ao diálogo com todas as instituições, sobretudo do setor produtivo, desde que a pandemia começou. Mantemos contato constantemente e já nos reunimos diversas vezes com os representantes da CDL, da Acic, do Sindivarejo, da Firjan e da Carjopa. O que não houve ainda foi uma reunião com a CDL desde que seu novo presidente assumiu (no dia 8, confira aqui). Mas é importante e certamente vamos marcar. Entendemos a questão econômica, que o comércio está sofrendo com as restrições do isolamento social, mas só estamos seguindo as recomendações das autoridades médicas e sanitárias — disse o prefeito Rafael Diniz (Cidadania).
A partir das 7 da manhã desta quarta (27), o convidado do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, é o procurador-geral do município, José Paes Neto. Ele falará sobre a operação Placebo, deflagrada hoje (confira aqui) pela Polícia Federal contra o governo estadual Wilson Witzel (PSC). E de como isso poderá afetar o Hospital de Campanha de Campos, prometido inicialmente para 30 de maio, adiado duas vezes e ainda (confira aqui) sem data definida para entrega.
José Paes falará também sobre a decisão judicial da 4ª Vara Cível de Campos, que no dia 18 (confira aqui) deu prazo de 10 dias ao município para ampliar sua capacidade para 457 leitos clínicos e 129 leitos de UTI específicos à Covid-19. E dará seu testemunho pessoal na condição de quem foi infectado (confira aqui) e recuperado (confira aqui) da doença.
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