“Soco na boca” de Bolsonaro revela gente imune à verdade que lhe esbofeteia a cara

 

(Foto: Presidência da República)

 

Gostar de Bolsonaro é um direito. Não gostar, idem. Mas o que o episódio da ameaça física do presidente a um repórter de O Globo no último domingo (23) tem revelado, opiniões políticas à parte, é um processo de sociopatia coletiva.

Se alguém ainda não sabe, na entrada da Catedral de Brasília, o jornalista indagou a Bolsonaro, com base no que revelou reportagem da revista Crusoé: “Por que sua esposa Michele recebeu R$ 89 mil do Queiroz?”. Ao que o presidente respondeu: “A vontade é encher a tua boca de porrada, tá?”.

Até aí nada de novo no modo real do capitão. Que só foi travestido de “Jairzinho paz e amor” justamente após a prisão de Queiroz, em 18 de junho. O motivo era sumir do cercadinho do Alvorada para evitar perguntas como a feita no domingo. Mas serviu para distensionar o ambiente político e, junto com o coronavoucher, elevar a popularidade de Bolsonaro.

Após a viralização e a péssima repercussão do vídeo, com a ameaça ao jornalista feita pelo presidente, o que fizeram ele, seu filho Carlos e a rede de fake news comandada por este e investigada pelo STF? Corromperam o vídeo, introduzindo nele uma legenda, em que a declaração de um transeunte — “Visitar a nossa feirinha na Catedral” — foi alterada para “Visitar a sua filha na cadeia”. E atribuída ao repórter.

 

 

Não espanta que 37% da população brasileira, pela última pesquisa do Datafolha antes atacado pelos bolsonaristas, apoiem o presidente. Afinal, segundo o mesmo instituto, Lula saiu do poder com 83% de aprovação. E Dilma, no mesmo mês de agosto do segundo ano do seu primeiro mandato presidencial, tinha 62% de apoio popular. Fatos esquecidos pelos, hoje, ex-lavajatistas.

O que espanta é quem se presta a reproduzir nas redes sociais as mentiras deslavadas de Bolsonaro. Que visam tirar o foco da verdadeira questão: Por que Michele recebeu R$ 89 mil de Queiroz? Espanta que tantos “patriotas”, convertidos à “moral” e aos “bons costumes”, tenham perdido a vergonha de se apresentar — ou revelar? — como verdadeiros canalhas.

Do “soco na boca”, é gente que parece imune à verdade que lhe esbofeteia a cara.

 

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