Ícone do cinema muito além de 007, Sean Connery morre aos 90, dormindo

 

Sean Connery (Foto: Matthew Mendelsohn – Getty Images)

 

 

Em tempos pré-anabolizantes, o jovem Sean Connery como fisiculturista

Morreu na madrugada de hoje, aos 90 anos, em sua casa nas Bahamas, o ator escocês Sean Connery. Desde que o fato foi anunciado no mundo, a mídia superficial do tempo das redes sociais se prestou a ecoar o óbvio: foi o maior James Bond do cinema de todos os tempos. Sim, foi. Mas também foi muito mais que isso. Dono de físico privilegiado, que quando jovem o fez concorrer e chegar em terceiro lugar em concurso de fisiculturismo como Mister Universo, tinha um timbre de voz rouco e igualmente viril, sempre pontuado de ironia. Com presença carismática diante das câmeras e fora delas, soube exceder o estrelato dos filmes de ação para, sem abandoná-los, se tornar também um ator de grande intensidade dramática. Gigante da arte cênica, esteve entre os maiores do seu tempo.

Filho da classe proletária de Edimburgo, bela capital da Escócia, dividia quando garoto o mesmo banheiro coletivo com sua família e outras do quarteirão de classe baixa. Largou a escola aos 13, tentou a vida como leiteiro, salva-vidas e serviu na Marinha Real Britânica, da qual levaria tatuagens nos braços por vezes camufladas em seus filmes. De volta à vida civil, foi modelo vivo na Escola de Artes de Edimburgo, até fazer um teste ao teatro, que abriria suas portas à televisão e ao cinema. Seu primeiro grande filme seria a superprodução de guerra “O mais longo dos dias” (1962), de Ken Annakin, Andrew Marton, Bernhard Wicki e Darryl F. Zanuck. No mesmo ano, estrelaria o papel que o tornaria conhecido no mundo: Bond, James Bond, em “007 contra o satânico Dr. Noo”, de Terence Young.

 

Sean Connery no seu primeiro filme como James Bond, em “007 contra o satânico Dr. Noo”

 

O sucesso da franquia de 007, como do seu carismático protagonista, geraria mais seis filmes do personagem de Yan Fleming, ex-agente de inteligência britânica e escritor de populares livros de espionagem. Connery ainda estrelaria “Moscou contra 007” (1963), do mesmo Terence Young; “007 contra Goldfinger” (1964), de Guy Hamilton; “007 contra a chantagem atômica” (1965), de volta com Terence Young; “Com 007 só se vive duas vezes” (1967), de Lewis Gilbert; e “007 — Os diamantes são eternos” (1971), de volta com Guy Hamilton. Após 12 anos de separação, com James Bond encarnado por outros atores, o escocês voltaria para se despedir definitivamente do papel em “007 — Nunca Mais Outra Vez” (1983), de Irving Kershner.

 

Sean Connery e Richard Harris em “Ver-te-ei no Inferno”

 

A abertura de Connery a outras possibilidades começaria no auge do sucesso de 007, com o mestre do cinema Alfred Hitchcock. Sob sua batuta, o ator escocês estrelou o suspense psicológico “Marnie: confissões de uma ladra” (1964). Daria passos decisivos nessa transição ao estrelar “Ver-te-ei no Inferno” (1970), de Martin Ritt, ao lado de Richard Harris, outro ator que unia presença física imponente com grande capacidade dramática. No filme, o capitalismo selvagem é combatido com atos de terrorismo e a força dos punhos, numa dura comunidade mineira de imigrantes irlandeses nos EUA do século 19.

 

Sean Connery e Michael Caine em “O homem que queria ser rei”

 

Mas o filme com que Connery se libertaria de vez de James Bond seria “O homem que queria ser rei” (1975), baseado em conto de Rudyard Kipling, vivido por Christopher Plummer. Dirigido por outro mestre, John Huston, o escocês o estrelaria ao lado do craque inglês Michael Caine. Difícil dizer se é o maior filme de Huston, diretor também do clássico “Relíquia Macabra” (1941), que fundamentou o estilo conhecido como cinema noir. Mas a atuação de Connery, encarando a morte de frente, enquanto canta altivo até despencar no precipício da própria vaidade, no meio do Himalaia, é a síntese definitiva de qualquer “homem que queria ser rei”.

 

 

No ano seguinte, Connery atuaria numa daquelas pérolas do cinema muito menos conhecida do que deveria. “Robin e Marian” (1976), de Richard Lester, é o menos pretensioso e talvez o melhor filme sobre o mito de Robin Hood. Não mais o jovem vigoroso e revolucionário que “roubava dos ricos para dar aos pobres”. Mas o homem desiludido de meia idade que, na busca do seu passado de glória contra o xerife de Nottinghan vivido pelo grande Robert Shaw, reencontra a verdade derradeira entre os braços do velho amor, encarnado pela freira retirada do hábito pela paixão, a eterna “bonequinha de luxo” Audrey Hepburn.

 

Audrey Hepburn e Sean Connery em “Robin e Marian”

 

Os anos 1980 encontrariam Connery ainda vigoroso para protagonizar filmes de ação. Dois anos antes de se despedir de vez de James Bond, estrelaria “Outland: comando titânico” (1981), de Peter Hyams, na pele do xerife de uma lua de Júpiter, mais uma vez disposto a fazer valer a lei contra o sistema capitalista das grandes corporações. Mas o final daquela década reservaria ao ator escocês algumas obras primas da sua carreira. E da história do cinema. Nelas, seria o coadjuvante que rouba o estrelato dos jovens protagonistas.

 

Sean Connery e Christopher Lambert em “Highlander”

 

Em “Highlander — O guerreiro imortal” (1986), de Russel Mulcahy, Connery enseja Christopher Lambert na arte da espada e na imortalidade, que só finda para determinados escolhidos quando têm sua cabeça cortada pelo vencedor em um duelo entre iguais. A franquia depois se perdeu em filmes de qualidade inferior, mas o primeiro, com a música do Queen, é um clássico daquela “década perdida”. No mesmo ano de 1986, Connery seria o mestre também do jovem Christian Slater, dois sacerdotes jesuítas em “O nome da rosa”, de Jean-Jaques Annaud. Não mais na espada, mas no caminho à imortalidade pela fé aliada ao conhecimento, entre os Evangelhos e a obra filosófica do pagão Aristóteles. Passado na Idade Média, o filme é homônimo da obra do romancista, filósofo e semiólogo italiano Umberto Eco.

 

Sean Connery e Christian Slater em “O nome da rosa”

 

No ano seguinte, em “Os Intocáveis” (1987), de Brian De Palma, a atuação de Connery renderia a ele seu único Oscar, como coadjuvante. Um capaz de superar Robert De Niro no auge, em soberba atuação como o famoso gângster Al Capone. Na pele de Malone, velho policial de rua, Connery é recrutado pelo agente federal Eliot Ness, vivido pelo então jovem Kevin Costner, para ser o mestre de quem se insurge contra o crime tão disseminado na Chicago dos anos 1920 quanto no Rio de Janeiro das milícias de um século depois. Ao aceitar o convite, em uma das tantas cenas antológicas do filme, ele diz dentro de uma igreja: “Deus não gosta de covardes!” O poder da sua atuação foi tamanho, que o Oscar pouco se importou se interpretou um irlandês com seu inconfundível sotaque escocês.

 

Andy Garcia, Sean Connery, Kevin Costner e Charles Martin Smith em “Os intocáveis”

 

Assisti a “Os Intocáveis” pela primeira vez no antigo “Cine Veneza”, há muito inexistente, no Campos Shopping. E lembro de ter saído meio embasbacado, certo de que acabara de testemunhar um espetáculo superlativo de cinema.

 

 

Dois anos depois, Connery roubaria de novo a cena como pai de um dos personagens mais icônicos do cinema daquela década: Indiana Jones. Foi a escolha pessoal de Steven Spielberg, diretor do blockbuster “Indiana Jones e a última Cruzada” (1989). Intérprete de Jones, misto de arqueólogo e aventureiro, o ator Harrisson Ford diria que Connery passaria a cumprir para ele, a partir dali, uma referência paterna também fora das telas. Naquele mesmo ano de 1989, o escocês faria outro filme, que é muito menos lembrado do que merece: “Negócios de família”, de Sidney Lumet, outro mestre. Connery é um ladrão escocês, pai de Dustin Hoffman com uma mãe italiana, e avô do filho único destes, muito inteligente, mas que largou a universidade, vivido por Matthew Broderick.

 

Sean Connery e Harrison Ford em “Indiana Jones e a última Cruzada”

 

Com sua influência sobre o neto, o personagem de Connery consegue convencer também o filho, que largara o crime para se estabelecer como respeitável negociante de carne, para um roubo que dá errado. A cena em que o escocês vence a resistência inicial de Hoffman para participar do assalto, cantando e envolvendo-o com o seu charme, puxando-o paternalmente pela lapela do casaco, no meio de um bar de Nova York, é inesquecível. Cinema, como tudo na vida, é questão de gosto. No meu, quem disser que “Negócios de família” é candidato para estar entre melhores filmes já feitos, não mente. Talvez seja o grande papel dramático do escocês, no diálogo com Hoffman e Broderick também em grandes interpretações.

 

Sean Connery, Mathew Broderick e Dustin Hoffman em “Negócios de família”

 

Após estrelar com Connery outro filme de ação e sucesso de bilheteria, “Caçada ao Outubro Vermelho” (1990), de John McThiernan, um galã daquele tempo e ainda na ativa, Alec Baldwin diria do seu encontro com o escocês: “Quando me falaram que eu iria filmar com ele, confesso que não gostei. Não o conhecia pessoalmente, mas sabia de vários outros ex-galãs ressentidos com a perda da beleza física e da popularidade. Aí, ele entrou na sala, para uma reunião. E fiquei muito impactado. Era aquele tipo de sujeito que, mesmo se você não tivesse nenhuma atração física por outros homens, seria magnetizado por sua presença. O carisma dele concentrava todas as atenções, onde quer que estivesse, mesmo se ninguém o conhecesse”.

 

Sean Connery e Alec Baldwin em “Caçada ao Outubro Vermelho”

 

Os anos 1990 ainda trariam sucessos a Connery. A despeito da idade, brilharia em filmes de ação como “Sol Nascente” (1993), de Phillip Kaufman, ao lado de Wesley Snipes; “Lancelot — O primeiro cavaleiro” (1995), de Jerry Zucker, ao lado de Richard Gere; o blockbuster “A Rocha” (1996), de Michael Bay, ao lado de Nicholas Cage e Ed Harris; e o fracasso “Os Vingadores” (1998) — não os da Marvel —, de Jeremiah S. Chechik, ao lado de Ralph Fiennes e Uma Thurman. Nesta mesma década, fez também “O curandeiro da selva” (1992), novamente com John McThiernen, ao lado de Lorraine Bracco e do falecido ator brasileiro José Wilker.

 

Sean Connery e Nicholas Cage em “A Rocha”

 

Da experiência das filmagens na selva amazônica, em um tempo anterior às queimadas criminosas do Brasil de Jair Bolsonaro, Wilker deu seu testemunho sobre o trabalho com Connery: “Entrei atrasado na produção e comecei a ficar constrangido, ao perceber que estava atrasando o ritmo das gravações. Sean me chamou reservadamente e começou a repassar pessoalmente comigo todas as falas. Mesmo sendo um grande astro internacional, era humilde e solidário com os colegas. Ele sabia, como diz um ditado árabe, que ‘a velocidade da caravana é a do camelo mais lento’”.

 

Sean Connery e Rod Brown em “Encontrando Forrester”

 

O último papel dramático de Connery foi em “Encontrando Forrester” (2000), de Gus Van Sant. Em personagem inspirado em J. D. Salinger, autor do clássico romance “O apanhador no campo de centeio”, interpreta um escritor recluso, que é reintroduzido ao mundo por um jovem negro, vivido por Rod Brown. Seu último filme de fato, como não poderia deixar de ser, foi de ação. Em “A Liga Extraordinária” (2003), de Stephen Norrington, empresta sua pele a outro personagem literário: o caçador Allan Quartemain.

 

Sean Connery em seu último filme, “A Liga Extraordinária”

 

Em sua vida longa e plena, apesar de ordenado pela rainha Elizabeth como cavaleiro britânico, Connery foi um militante entusiasmado da independência da Escócia do Reino Unido. Perguntado algumas vezes sobre como se pronunciava corretamente seu nome de batismo, Connery esclarecia com seu sotaque escocês nasalado: “Chôun”. Além de James Bond, emprestou espírito e pele à encarnação de muitos nomes. E morreu dormindo, onde todos somos nós e tantos.

 

Sean Connery exibe seu Oscar em 1988, pela grande interpretação em “Os Intocáveis”

 

Liderança isolada de Wladimir e Caio entre pesquisas, Justiça e debates

 

Wlaidmir Garotinho e Caio Vianna com os percentuais de intenções de voto, segundo a pesquisa Paraná, da cidade que querem governar (Montagem: Elaibe de Souza, o Cássio Jr.)

A exatos 15 dias das urnas de 15 de novembro, Wladimir Garotinho (PSD) e Caio Vianna (PDT) polarizam a eleição a prefeito de Campos. Havendo segundo turno, tudo até aqui parece indicar que, salvo algo fora da curva, os herdeiros dos clãs Garotinho e Vianna o disputarão em 29 de novembro. A liderança de Wladimir e Caio não era novidade a quem conhece os bastidores da política goitacá e os analisa sem paixão. Assim como a terceira posição de Dr. Bruno Calil (SD), tudo isso foi adiantado nos dois últimos sábados (confira aqui e aqui), neste mesmo espaço de análise da semana eleitoral. E foi confirmado pela divulgação na última quinta (29) de duas pesquisas registradas: a do instituto de âmbito nacional Paraná (confira aqui) e outra, do menos conhecido Virtu.

No final da tarde de ontem, algo fora da curva aconteceu. E absolutamente inesperado, dado o deferimento em primeira instância (confira aqui) e, depois, do paracer favorável da Procuradoria Regional Eleitoral (confira aqui). Em ação da coligação de Bruno, por desincompatibilização da função de diretor do Hospital Plantadores de Cana (HPC) fora do prazo, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) indeferiu (confira aqui) por 5 votos a 1 a candidatura de Frederico Paes (MDB) a vice na chapa de Wladimir. Sem opção de troca, o único recurso agora é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Seu ex-ministro, o advogado Henrique Neves defende Frederico, considerado o vice mais forte entre as 11 candidaturas.

 

Vice de Wladimir, o empresário Frederico Paes

 

Noves fora os próximos capítulos na novela jurídica em que se converteu há anos a política de Campos, só havia duas dúvidas reais antes das duas pesquisas reveladas na quinta. A primeira: qual é a diferença de Wladimir para Caio e deste, para Bruno? A segunda: qual é o percentual de intenções dos demais candidatos? Afinal não é preciso conhecer muito de eleição para saber que, com sua pulverização em 11 candidatos a prefeito, o segundo turno será determinado não só pela diferença entre os dois líderes, como pela votação dos outros nove. Nisto, à parte a concordância sobre a liderança de Wladimir e Caio, as diferenças nos números das duas pesquisas ao primeiro turno, e em suas simulações de segundo turno, levantaram dúvidas. Que foram reforçadas pelo fato de a Paraná ter como contratante o próprio instituto, o que levanta suspeitas. E a Virtu ter como contratante o jornalista Sérgio Cunha, ex-secretário municipal do Comunicação do governo Rosinha Garotinho (hoje, Pros).

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

Registrada no TSE sob o nº 01718-2020, a Paraná ouviu 800 pessoas entre 26 a 28 de outubro. A 15 dias do pleito, a consulta estimulada é a que conta. Nela, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais para mais ou menos, a pesquisa revelou Wladimir com 28,1% das intenções de voto; Caio, com 23,5%; Bruno, com 7,2%; Rafael Diniz (Cidadania), com 6,6%; Professora Natália (Psol), com 3,4%; Odisséia (PT), com 3,0%, Tadeu Tô Contigo (Republicanos), com 2,9%; Roberto Henriques (PCdoB), com 1,1%; Cláudio Rangel da Boa Viagem (PMN), com 0,8%; Beethoven (PSDB, que foi substituído pela candidatura da Dra. Carla Waleska), com 0,4%; e Jonathan Paes (PMB), com 0,1%. Registrada no TSE sob nº RJ-09073/2020, a Virtu ouviu 600 pessoas entre 24 a 26 de outubro. E, com margem de erro de 4 pontos para mais ou menos, sua estimulada deu Wladimir com 34%; Caio, com 24%; Bruno, com 6%; Rafael, com 2%; Natália, Odisséia e Tadeu com 1% cada; com os demais abaixo disso.

Nas simulações de segundo turno, a Paraná indicou a vitória final de Caio, com 37,6% a 32,9% sobre Wladimir. Que, por sua vez, apareceu batendo o pedetista na Virtu, por 42% a 32% em 29 de novembro. Mais que as intenções de voto, a rejeição é considerada o melhor índice para determinar as chances de crescimento de quem for ao segundo turno. Mais transparente, a Paraná disponibilizou em seu site a íntegra da pesquisa, na qual Wladimir tem 29,3% de rejeição, abaixo apenas dos 59,5% de Rafael no índice negativo, no qual Caio teve 12,9%. Já o portal da Fatore, empresa do contratante da Virtu, não fez o mesmo. Entre os vários dados sonegados da pesquisa, não divulgou nenhum número de rejeição de nenhum candidato. E se limitou a dizer (confira aqui): “O prefeito Rafael Diniz confirma viés de rejeição e má avaliação de sua gestão”.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Considerado certo pela Paraná, o segundo turno foi posto em questão pela Virtu. E nisto contribuiu outra distinção fundamental entre as duas pesquisas. Além da diferença entre Wladimir de Caio — 4,6 pontos na Paraná, que cresceram a 10 pontos na Virtu —, todos os outros candidatos caíram nas intenções de votos da segunda pesquisa: Bruno, de 7,2% a 6%; Rafael, de 6,6% a 2%; Natália, de 3,4% a 1%; Odisséia, de 3,0% a 1%; Tadeu, de 2,9% a 1%; Henriques de 1,1% a menos de 1%.

 

Na comparação da Paraná a Virtu, só Wladimir cresceu nas intenções de voto. Caio empacou, enquanto Bruno, Rafael, Natália, Odisséia, Tadeu e Henriques caíram (Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

O aparente pior desempenho de Bruno, Natália, Odisséia e Tadeu talvez tenha explicação: eles não foram identificados com seus nomes oficiais de campanha, na consulta induzida da Virtu. Nela, Dr. Bruno Calil foi apresentado como Bruno Calil; Professora Natália, como Natália Soares; Odisséia, como Odisséia Carvalho; e Tadeu Tô Contigo, como Alexandre Tadeu. Já Beethoven, que desistiria da sua candidatura no dia 26, cedendo lugar a Waleska, sequer entrou na consulta concluída naquele mesmo dia, com apenas 10 prefeitáveis. Qualquer um pode conferir (faça-o aqui) na apresentação dos questionários da pesquisa no site do TSE. O contratante da Virtu foi contactado para esclarecer dúvidas sobre a metodologia, mas preferiu não falar.

 

No questionário da consulta induzida da Virtu, disponível no site do TSE, Tadeu Tõ Contigo foi apresentado como Alexandre Tadeu; Dr. Bruno Calil, como Bruno Calil; Cláudio Rangel da Boa Morte como Cláudio Rangel; Professora Natália como Natália Soares; e Odisséia como Odisséia Carvalho. Bethoven, nem qualquer nome do PSDB, foi apresentado como opção ao eleitor (Reprodução do TSE)

 

Além de mais correta na apresentação dos candidatos e seus nomes, mais transparente na apresentação integral dos seus números, ser um instituto bem mais conhecido no Brasil, ter ouvido mais pessoas em Campos, com margem de erro menor, em período mais recente no tempo, a Paraná teve outra clara vantagem sobre a “concorrente”. Sua pesquisa foi divulgada no dia 29, assim que podia ser pela legislação. Mesmo podendo ser divulgada desde o dia 27, a pesquisa Virtu só se deu a conhecer horas depois da do outro instituto, revelando intenção de “resposta”. Os questionamentos feitos pelo TSE à Paraná, sobre apresentação por bairros dos dados da corrida eleitoral a prefeito, foram respondidos ontem a contento. No estilo agressivo do clã Bacellar que o apoia, Bruno fez outro questionamento (confira aqui): “a pesquisa (Paraná) é divulgada por um site que possui publicidade da Prefeitura de Niterói, onde o prefeito já declarou apoio a um candidato a prefeito de Campos”. No caso, Caio.

 

Bruno e Natália, revelações até aqui da eleição (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

É o mesmo estilo agressivo que levou ao questionamento na Justiça Eleitoral, em ação coordenada pelo deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD), que conseguiu ontem uma vitória parcial no TRE, por 5 a 1, no indeferimento da candidatura de Frederico, vice de Wladimir, na tentativa de comprometer toda a chapa. Como há consistente jurisprudência em contrário (confira aqui) firmada no TSE, caberá a este a decisão final. No voto, se as pesquisas estiverem corretas, a não ser que exista uma campanha capaz de conquistar mais de 3 mil eleitores por dia em Campos, nestas duas últimas semanas que ainda nos separam das urnas, a liderança de Wladimir e Caio parece matematicamente segura. Consigam ou não vencer essa considerável desvantagem, candidatos pela primeira vez, Bruno e Natália já surgem como as revelações da disputa.

 

Debate do Fidesc, com transmissão ao vivo da Folha FM 98,3 e PlenaTV, neste dia 5 (Arte: IFF e Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Enquanto isso, nesta penúltima semana antes do pleito goitacá, na terça (03) a eleição a presidente dos EUA prenderá a atenção do mundo, que terá seus rumos (confira aqui) definidos por ela, em apuração que pode se prolongar. Na quinta (05), a partir das 20h, será a vez do debate (confira aqui) do Fórum Institucional de Dirigentes do Ensino Superior de Campos (Fidesc). Terá transmissão ao vivo pela Folha FM 98,3, em rádio e streaming no Facebook, e pela PlenaTV nos canais 181 e 406 (em HD) na NET, canal 3 na VerTV, canal 24 na Blue e canal 24 na SFnet. Dessa vez, diferente do que aconteceu no confuso debate da Carjopa, no último dia 26, espera-se que todos os 11 candidatos a governar Campos estejam presentes. Sobretudo os três que lideram a corrida.

 

Publicado hoje (31) na Folha da Manhã

 

Morre aos 47, na Bahia, o campista Bernardo Lusitano Esteves

 

Bernado Lusitano Esteves

Morreu ontem na Bahia, de infarto, o campista Bernardo Lusitano Esteves. Tinha 47 anos. Faria 48, como os meus, no próximo dia 9. Deixa o filho Lucas, os irmãos Nicholas e Matheus. Mas quem era ele? “Um ponto de referência de quem sou”.

Conheci Bernardo na Escola Santo Antônio. Estudamos juntos todo o primário. Que hoje abriga o Hortifruti da Formosa. Em seus bancos, batemos bafo das figurinhas do Brasil na Copa de 1982. Lusitano, como Bernardo de nome e origem, Fernando Pessoa completaria por seu heterônimo Álvaro de Campos: “Eu passava ali de noite e de dia./ Desde ontem a cidade mudou”.

Adolescentes, reencontraria Bernardo no Auxiliadora em 1987. Foi um ano bom. Tom Jobim lançaria “Passarim”; Legião Urbana, “Que país é este”; Bernardo Bertolucci, “O último imperador”; Cacá Dieguez, “Um trem para as estrelas”. Pessoa, por Campos, bisaria o refrão: “Desde ontem a cidade mudou”.

Adultos, nos estranharíamos três vezes. Sem nenhuma pretensão de Cristo ou Pedro, Simão ou Sarmet, nosso amigo de infância e toda a vida. As três, ébrios, foram nas saídas de festas. Lusitano como Bernardo, Pessoa advertiria: “Meu coração tem pouca alegria,/ E isto diz que é morte aquilo onde estou”.

Bernardo ganhou o mundo. Morou anos nos EUA, em Tampa Beach, na Flórida. Recuou ao Equador e, sem o descer, habitou também Rio Branco do Acre. Se não morresse, voltaria lá para estar com Pedro nestes finados. Antes, em vida, lecionou Pessoa a quem fica: “Mas ao menos a ele alguém o via,/ Ele era fixo, eu, o que vou”.

A última vez que encontrei Bernardo, há cinco anos, malhávamos numa academia. Ficava na mesma Formosa da nossa infância. Vendo o passado comum umedecer os olhos, Pessoa verteu ao ouvido em sussurro: “Se morrer, não falto, e ninguém diria/ Desde ontem a cidade mudou”.

Além dos versos que rabisquei na mesa de alvenaria da casa do seu avô, acho que Bernardo nunca leu Pessoa. Esteves, era também Lusitano. E, como Campos, se despede em outro poema: “o Esteves voltou-se e viu-me./ Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo/ Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança”.

Vá em paz, meu irmão!

 

Reações opostas de Wladimir e Caio à pesquisa em que lideram a prefeito

 

Wladimir questinou pesquisa Paraná que o colocou na liderança à disputa pela Prefeitura de Campos, seguido de perto por Caio, que comemorou o resultado (Montagem: Elaibe de Souza, o Cássio Jr.)

As reações à pesquisa Paraná (confira aqui) foram opostas entre os dois nomes que, segundo ela, hoje polarizam a disputa pela Prefeitura de Campos. “Um instituto sediado no Paraná, além de não conhecer a nossa cidade, fez uma pesquisa por telefone, que sempre aponta grandes distorções”, questionou o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD), prefeitável que apareceu liderando a amostragem, com 28,1% das intenções de voto. “A pesquisa registrou o que a gente está vendo nas ruas todos os dias. O povo está abraçando o 12, é uma onda”, apostou Caio Vianna (PDT), segundo colocado na pesquisa com 23,5%, mais de 16 pontos percentuais à frente do terceiro, Dr. Bruno Calil (SD).

Numa eleição atípica, com restrição ao contato físico pela pandemia da Covid-19 e sem debates entre os prefeitáveis nas redes abertas de TV, esta eleição a prefeito vinha sendo também atípica pela falta de pesquisas registradas. Sobre a Paraná divulgada hoje, a 17 dias das urnas de 15 de novembro, confira abaixo o que disseram Wladimir e Caio. Além da análise dos também candidatos Bruno Calil, Rafael Diniz (Cidadania), Professora Natália (Psol), Odisséia (PT), Tadeu Tô Contigo (Republicanos) e Roberto Henriques (PCdoB). Até o presente momento Jonathan Paes (PMB) e o ex-candidato Bethoven (PSDB), registrado na pesquisa, não se posicionaram. Candidata tucana substituta, Dra. Waleska e o prefeitável Cláudio Rangel da Boa Viagem (PMN) preferiram não comentar.

— Um instituto sediado no Paraná, além de não conhecer a nossa cidade, fez uma pesquisa por telefone, que sempre aponta grandes distorções. As ruas mostram outra coisa e sigo confiante de que o povo de Campos não vai novamente escolher um aventureiro, não há mais tempo para arriscar. Campos precisa de um governo de verdade e comprometido — pregou Wladimir Garotinho.

— A pesquisa registrou o que a gente está vendo nas ruas todos os dias. O povo está abraçando o 12, é uma onda. O campista não quer repetir gestões de irresponsabilidade, de desperdício do dinheiro público, com obras faraônicas ou inacabadas, nem de incompetência. A pesquisa aponta isso. Vamos continuar debatendo a cidade nestes pouco mais de 16 dias que nos separam da eleição. A população está vendo isso e nos dando esse resultado positivo. Tenho certeza que ainda vamos crescer mais e assumir a liderança anda no primeiro turno. Está na hora da virada — apostou Caio Vianna.

— Não me surpreende que as práticas políticas sigam as mesmas, tendo como principal característica a mentira. Induzir a população de Campos ao erro, seja nas falsas promessas ou falsas pesquisas, não é novidade, infelizmente. Por isso, por essas práticas, Campos não aguenta mais a velha política. Diminuir o número de indecisos e “esticar” margem de erro para favorecer candidatos é prática antiga e reflete apenas a frustração de quem não encontrou nas ruas o carinho ou o resultado que esperava. Curiosamente, o mesmo Instituto apontava o Dr. Chicão (hoje, SD) em 2016 como favorito. Para o governo do estado, dava como certa a vitória de Eduardo Paes (DEM). Os resultados todos se lembram. Para piorar, a pesquisa é divulgada por um site que possui publicidade da prefeitura de Niterói, onde o prefeito já declarou apoio a um candidato a prefeito de Campos. De qualquer maneira, a verdade sempre aparece e no dia 15 iremos descobrir a verdade do povo, não as frustrações e mentiras de um grupo político desesperado — reagiu Bruno Calil, 3º colocado, com 7,2% das intenções de voto.

— Vimos muitos equívocos em pesquisas nos últimos anos e, nesta reta final, a reflexão vai fazer a diferença. As pessoas querem corrupção e irresponsabilidade de novo? Sigo dialogando, mostrando não só a terra arrasada que encontramos, como também os avanços da nossa gestão. A população entende nossa mensagem e vai dar a resposta no momento certo — manifestou-se Rafael Diniz, 5º colocado, com 6,6%.

— Recebemos o resultado da pesquisa com muito entusiasmo, primeiro porque estamos em crescimento e, segundo, porque ela confirma nossa percepção das ruas: há seara para um governo popular, de escuta e deliberação pelas pessoas. Elas estão desacreditadas, vemos isso pela quantidade assustadora de brancos e nulos, não querem mais do mesmo, mas não conhecem outra solução ou alternativa. Nos tornarmos conhecidos é o grande desafio para uma campanha de poucos recursos. Até mesmo àquelas que têm em quem votar não estão convictas. Entre os 11 candidatos, estamos em 5º lugar, com uma campanha sem recurso financeiro, que conta com uma militância ética, feita de trabalhadores, com o fôlego da juventude e a vontade da esperança. A nossa campanha é feita com pé no chão, olho no olho e diálogo franco. Não tenho dúvidas que cresceremos muito mais e que, efetivamente, somos a opção ao lado do povo mais pobre e sofrido da nossa cidade — projetou Professora Natália, 5ª colocada, com 3,4%.

— Essa pesquisa é extremamente importante não só para nós, como para toda Campos. Podemos observar que temos 45% dos eleitores indecisos (45,6% na espontânea) que iremos disputar. Na espontânea aparecemos com 1,4%, dado muito relevante. Acreditamos que aumentando ainda mais os nossos trabalhos nas redes sociais, nas reuniões domiciliares, nossa carreata neste sábado (31), atividades de rua como panfletagens, bandeiraço, com todo cuidado, que o momento de pandemia exige, vamos chegar ao segundo turno — disse Odisséia (PT), 6ª colocada, com 3%.

— Respeito a pesquisa, mas os números não refletem o que vejo nas ruas. Diariamente recebo o apoio de pessoas cansadas das famílias que há décadas se revezam no poder, deixando a cidade e os cidadãos cada vez mais pobres. A verdade será conhecida no dia 15 de novembro — questionou Tadeu Tô Contigo (Republicanos), 7º colocado, com 2,9%.

— Eu não sou de negar pesquisas. Mas essas pesquisas com índices tão diferentes de uma para outra são suspeitas. Parece “pesquisa ao gosto de quem encomenda” para escolher adversários e induzir que o candidato que eles temem não tem chance. Estão subestimado o eleitorado. O dia da eleição vai derrubar essas pesquisas. Isso já aconteceu em eleições passadas — observou Roberto Henriques, 8º colocado, com 1%.

 

Eleição polarizada entre Wladimir e Caio, apesar do destaque de Bruno e Natália

 

De acordo com pesquisa Paraná divulgada hoje, Wladimir e Caio polarizam a eleição a prefeito de Campos, apesar do destaque de Bruno e Natália, candidatos pela primeira vez (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

O primeiro turno da eleição a prefeito de Campos está polarizado entre o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD), com 28,1% das intenções de voto, e Caio Vianna (PDT), com 23,5%. Em segundo lugar, este teria mais de 16 pontos percentuais de vantagem sobre o terceiro colocado, Dr. Bruno Calil (SD), que apareceu com 7,2%. Em seguida, viriam o prefeito Rafael Diniz (Cidadania), com 6,6%; Professora Natália (Psol), com 3,4%; a ex-vereadora Odisséia (PT), com 3,0%; o ex-vereador Tadeu Tô Contigo (Republicanos), com 2,9%; e o ex-prefeito Roberto Henriques (PCdoB), com 1%. Os outros três candidatos teriam menos que isso. Foi o que revelou hoje a pesquisa do instituto nacional Paraná, registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o número RJ-01718/2020 e divulgada aqui, pelo blog Ponto de Vista, do Christiano Abreu Barbosa.

Corrida à Prefeitura de Campos pela pesquisa Paraná divulgada hoje (Reprodução)

Com restrição ao contato físico pela pandemia da Covid-19 e sem debates entre os prefeitáveis nas redes abertas de TV, ausência causada pelo número recorde de candidaturas, esta eleição a prefeito vinha sendo também atípica pela falta de pesquisas registradas. Sem elas, com base na apuração dos bastidores da disputa, foram feitas algumas apostas aqui, em artigo de análise, publicado no último sábado (24). Que, corretas sobre a liderança de Wladimir e Caio, a pesquisa Paraná revelou equivocada em um ponto central: o segundo lugar do pedetista não está ameaçado, pelo menos até agora, pela força da campanha de Calil, capitaneada pelo deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD). Com 16,3 pontos percentuais atrás nas intenções de votos, a 17 dias das urnas, o SD pode estar mais próximo de eleger uma boa bancada de vereadores, do que de furar a polarização majoritária entre os representantes dos clãs Garotinho e Vianna.

Ainda assim, como Cristiano corretamente registrou e a análise de sábado havia adiantado, Bruno Calil e Professora Natália, ambos em suas primeiras eleições, surgem até aqui como as revelações do pleito de 15 de novembro. Outro ponto equivocado no artigo, em contraste com a pesquisa Paraná, foi a existência de um suposto bloco intermediário, composto entre Rafael e Tadeu. Se o atual prefeito está logo atrás de Calil, o prefeitável do Republicanos apareceu depois de Natália e Odisséia na amostragem divulgada hoje. Os votos da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), ligada à Record onde Tadeu é um conhecido apresentador, até agora não surgiram como esperado. Assim como o apoio do clã presidencial Bolsonaro à sua candidatura.

 

A três semanas da urna, Wladimir contra Caio ou Bruno?

 

Campos entre Wladimir Garotinho, Caio Vianna e Bruno Calil (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Wladimir Garotinho (PSD) lidera a corrida à Prefeitura de Campos, com vaga praticamente garantida ao segundo turno. A vaga restante seria disputada por Caio Vianna (PDT), ainda com vantagem, mas diminuída pela força da campanha de Dr. Bruno Calil (SD). Abaixo, em bloco intermediário, viriam o prefeito Rafael Diniz (Cidadania) e o ex-vereador Tadeu Tô Contigo (Republicanos). Em ordem alfabética, o terceiro bloco seria composto por Beethoven (PSDB), Cláudio Rangel da Boa Viagem (PMN), Jonathan Paes (PMB), Odisséia (PT), Professora Natália (Psol) e Roberto Henriques (PCdoB). Com muitas pesquisas, mas poucas registradas para divulgação, é o que as casas de aposta informais apontam se a eleição fosse hoje. Como é daqui a 22 dias, todas as 11 candidaturas têm, em tese, as mesmas chances. E todas as apostas têm o mesmo valor real de qualquer outra antes do páreo cruzar a linha final.

Na aposta pela liderança de Wladimir, outra surgiu na semana que se encerra: seu vice, o empresário Frederico Paes, será mantido até a segunda, dia 26, quando acaba o prazo para mudança nas chapas? Considerado o vice de maior peso — sobretudo na “pedra” (98ª Zona Eleitoral), tradicional bastião de resistência ao garotismo —, Frederico teve sua candidatura questionada na Justiça Eleitoral. A coligação “Nova Força” (SD, DEM, PTC e PV), de Bruno Calil, alega que o vice adversário teria se desincompatibilizado fora do prazo das funções de diretor do Hospital Plantadores de Cana (HPC) e presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde e Estabelecimentos de Saúde da Região Norte Fluminense (SindihNorte).

 

Vice de Wladimir, Frederico Paes

 

 

Deputado estadual Rodrigo Bacellar

No último dia 16, após parecer favorável (confira aqui) do Ministério Público Eleitoral, Frederico teve sua candidatura a vice deferida (confira aqui) pelo juiz Paulo Maurício Simão Filho, da 76ª ZE de Campos. Mas a coligação de Calil, montada e comandada pelo deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD), recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Se a decisão sair depois do dia 26, ou antes e ratificar a primeira instância, não afeta a chapa do filho do casal mais famoso da Lapa. Mas se sair antes e for desfavorável, colocaria a candidatura garotista em risco. Wladimir tem dito que, ainda assim, não mudará a chapa, apostando todas as fichas na reversão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

De aposta em aposta, naquelas que indicam um bloco dianteiro na corrida à Prefeitura, as candidaturas de Wladimir e Caio apostam que o crescimento de Bruno, pela força da sua campanha capitaneada por Rodrigo, mesmo se continuar sem bater teto, não teria tempo para ultrapassar o pedetista. Na última quinta (22), o prefeitável do SD reconheceu (confira aqui) no programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, que ele hoje disputaria com Caio uma vaga ao segundo turno com Wladimir. O que é endossado pelo fato das campanhas destes dois terem passado a semana atacando a candidatura de Bruno nas redes sociais. Ao mesmo tempo em que Rodrigo investe sobre candidatos a vereador dos clãs Garotinho e Vianna. Líder do primeiro, o ex-governador admite internamente sua preocupação com o crescimento do nome apoiado pelo clã Bacellar. Ainda observador arguto de eleições, Anthony Garotinho preferia que seu filho enfrentasse o filho do ex-aliado e ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT) no eventual turno final.

 

Líderes políticos dos seus clãs, o ex-governador Anthony Garotinho, o ex-prefeito Arnaldo Vianna e o ex-vereador Marcos Bacellar (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

As apostas não desconsideram as chances do bloco intermediário da disputa, que seria composto de Rafael e Tadeu. O primeiro finalmente reencontrou o político de talento inato que teve mais brilho como vereador de oposição a Rosinha, do que como prefeito. A despeito de um governo unanimemente criticado pela comunicação, sua campanha mostra a mesma qualidade da vencedora de 2016. Seu dilema é que o campista que observasse os muitos buracos das suas ruas pintados de rosa há quatro anos, hoje os contabiliza ainda mais numerosos, de esquina a esquina em qualquer ponto de Campos. E, ainda que não estejam pintados de verde, a campanha eleitoral de 2020 ecoa ao rádio do mesmo carro obrigado a driblar crateras. Ver isso só agora é se arriscar a cair nelas por miopia.

 

Buracos nas ruas de Campos, pintados de rosa em 2016, e agora (Fotos: Folha da Manhã – montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Por sua vez, se tem o “voto de cabresto” da Igreja Universal, o católico Tadeu conta com o apoio dos Bolsonaro em sua campanha para furar esse teto. Ele e alguns outros observadores, vendo do ângulo de outras campanhas, acreditam que isso poderia alterar o quadro. Já outra raposa felpuda da política goitacá, mesmo conservadora, faz a ressalva: “Os presidentes Fernando Henrique Cardoso, Lula e até Dilma Rousseff foram tão ou mais populares que Jair Bolsonaro. E isso nunca elegeu prefeito em Campos por conta do apoio do PSDB ou do PT”.

 

Prefeito Rafael Diniz e ex-vereador Tadeu Tô Contigo (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

O fato talvez mais relevante é que, se Rafael e Tadeu fizerem juntos o mínimo de 30 mil votos, e Caio e Bruno não desidratarem à frente deles nas apostas, isso tornaria muito difícil a possibilidade de a eleição ser definida no primeiro turno, pelo teto do garotismo sobre Wladimir. Tanto mais se alguém na pulverização das outras seis candidaturas for além do que hoje se projeta. Nesta alternativa, entre os quatro marinheiros de primeira viagem, o potencial de Natália Soares é considerado. Mesmo quando comparada a políticos experientes, como o ex-prefeito Roberto Henriques e a ex-vereadora Odisséia Carvalho. E apesar do racha que as candidaturas próprias do Psol, PCdoB e PT trazem à esquerda de um município que deu quase 65% dos seus votos válidos a Bolsonaro na última eleição majoritária.

 

Professora Natália, Roberto Henriques e Odisséia (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Jovem, articulada e fruto do polo universitário em que a cidade se transformou há anos, entre nossas poucas heranças positivas dos tempos das “vacas gordas” dos royalties, Natália pode surpreender. E somar pontos na sucessão da esquerda identitária do Psol sobre a velha esquerda sindical do PT, como maior partido da esquerda fluminense. Mesmo que os petistas pareçam ter mais chances reais de eleger um vereador em Campos do que os psolistas.

Lesley Beethoven

Prefeitável sabatinado no Folha no Ar de sexta (22), Beethoven disse que, se eleito, sua prioridade seria pagar os servidores em dia — o que já é feito hoje com grande dificuldade. Diante do déficit orçamentário de Campos para 2021 (confira aqui), o tucano classificou as promessas (confira aqui) de retomada dos programas sociais garotistas Cheque Cidadão e Passagem Social como “irresponsáveis” e “estelionato eleitoral”. Entre os 11 prefeitáveis, elas são feitas apenas por Caio (confira aqui) e Natália (confira aqui). São as mesmas que Rafael fez em 2016. E que, eleito no primeiro turno, não conseguiu cumprir, dando início ao desgaste da sua popularidade entre as camadas populares.

“Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. É a definição batida, mas vera, imortalizada pelo ex-governador mineiro Magalhães Pinto. Nesta semana que se encerra, a apenas outras três das urnas de 15 de novembro, foi assim que as nuvens pareceram no horizonte da planície. E não passam de meras apostas.

 

Publicado hoje (24) na Folha da Manhã.

 

Último debate antes da eleição que definirá presidente dos EUA e rumos do mundo

 

Joe Biden abriu sua participação no último debate antes da eleição a presidente dos EUA exibindo a Donald Trump a máscara de proteção facial que, segundo o candidato democrata, teria evitado metade das 222 mil mortes por Covid-19 no país (Foto: Morry Glass- AP Photo)

 

No final da noite brasileira dessa quinta, acabou o último debate antes da eleição que definirá o presidente dos EUA e os rumos do mundo. Diferente do primeiro, no bate-boca (relembre aqui) de 29 de setembro, desta vez houve debate. Entre o presidente republicano Donald Trump e o candidato democrata Joe Biden, venceu a novidade do microfone interrompido ao final do tempo de fala de cada um. No Brasil, já existe há muito tempo. Nos EUA, teve que ser adotado para conter as interrupções constantes do seu atual mandatário.

Trump não conseguiu fazer das acusações de corrupção na Ucrânia contra Hunter Biden, filho de Joe, a bomba que prometia. Foi, no máximo, um estalinho. Mas o presidente demonstrou presença de espírito, e seu conhecido talento como comunicador, quando ridicularizou Biden pai após este se voltar à câmera e dizer que os candidatos deveriam estar ali discutindo não as suas famílias, mas a do eleitor de classe média dos EUA.“Viu? É isso que políticos fazem!”, taxou Trump, ao gosto do tal eleitor de classe média.

Abraham Lincoln, presidente que liderou os EUA em sua Guerra Civil (1861/1865) para libertar os negros da escravidão, e seria assassinado por isso

Se tinha perdido a chance de “matar” Trump no debate anterior, com a revelação então fresca de que o presidente que se diz milionário não pagou nada de imposto de renda em 10 dos últimos 15 anos, Biden acertou ao retomar o caso para responder às denúncias de corrupção dirigidas ao seu filho. Como acertou ao chamar seu adversário de “racista”. E também ridicularizá-lo, após Trump ter delirado ser o presidente dos EUA que fez mais pelos negros desde Abraham Lincoln, líder do país em sua sangrenta Guerra Civil no séc.19 para libertar os negros da escravidão.

Trump se safou bem no bloco inicial, dedicado à Covid-19 nos EUA, deixando sua liderança desastrosa na crise sanitária passar sem novos danos. E conseguiu conduzir o debate dali até a metade, quando um Biden até então no polo passivo da “dança” abraçou o eixo da principal questão da pandemia aos vivos. E afirmou com convicção que, se eleito, irá impor o salário mínimo de US$ 15,00 por hora — lá não é por mês — ao trabalhador dos EUA.

Na questão racial para além dos negros, Biden condenou a desumanidade promovida pelo governo Trump. Que separa os pais dos filhos entre os imigrantes latinos capturados na fronteira com o México. Mas o atual presidente não reagiu mal, ao lembrar que as jaulas usadas para confinar e separar seres humanos como animais de zoológico foram uma invenção do governo Barack Obama, do qual Biden foi vice. Ao que o agora cabeça de chapa democrata não teve resposta.

No final do debate, outra oposição de visão de mundo ficou clara entre os dois candidatos. Como fez ao se comparar com Lincoln, Trump mentiu de cara deslavada ao declarar seu “amor” pela preservação ambiental. Ao que Biden respondeu dizendo que marcará seu eventual governo pela transição da matriz energética do petróleo nos EUA para alternativas limpas, como a solar e a eólica. O presidente disse ser “ótimo” saber que o adversário era contra a energia fóssil. Ainda que tirado de contexto, talvez fosse uma dúvida que o favorito nas pesquisas não precisasse gerar.

Todos os analistas diziam que, para tentar virar o jogo, Trump precisava de um nocaute neste último debate a menos de duas semanas das urnas de 3 de novembro. Mesmo que cerca de 1/3 do eleitorado dos EUA, onde o voto não é obrigatório, já tenha votado pelos Correios. O fato é que, no embate retórico do final da noite dessa quinta, qualquer vencedor só seria definido por pontos. Sem excluir o empate como possibilidade.

Agora é no voto. Não só no popular, onde Hillary Clinton superou Trump por quase 3 milhões de eleitores em 2016. Mas do complicado sistema do colégio eleitoral, onde vence quem levar os estados com mais delegados. Neles, Biden também mantinha vantagem nas pesquisas, mais apertada, até o debate de ontem. Como Hillary tinha quatro anos atrás, considerada a vencedora dos três debates antes das urnas. O resultado, no entanto, foi o mundo que temos hoje.

Aos cínicos que professam que tanto faz ao Brasil quem vencer a eleição a presidente dos EUA, o aviso: ela pode influenciar muito mais o governo Jair Bolsonaro do que o despencar nas pesquisas dos seus candidatos a prefeito do Rio e São Paulo. A ver.

 

Tudo que disseram à Folha FM os 11 candidatos a prefeito de Campos

 

Campos e a cidade que Dr. Bruno Calil, Betehoven, Jonathan Paes, Roberto Henriques, Professora Natália, Caio Vianna, Cláudio Rangel da Boa Viagem, Odisséia, Rafael Diniz, Wladimir Garotinho e Tadeu Tô Contigo querem governar (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

“Em tempos de pandemia e não havendo o debate direto entre os candidatos a prefeito, a população de Campos agradece ao grupo Folha da Manhã a oportunidade de conhecer estes mesmos candidatos, bem como as suas propostas através destas belíssimas entrevistas individuais. Muito obrigado. É a Folha prestando um serviço inestimável à população campista”. Foi o que registrou na manhã de ontem (20) um telespectador do streaming ao vivo do programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, na entrevista (confira aqui) com Tadeu Tô Contigo (Republicanos). Ele encerrou a primeira rodada de sabatinas da rádio com os 11 candidatos a prefeito de Campos, que será reiniciada (confira aqui) a partir das 7h15 desta quinta (22) com o candidato Dr. Bruno Calil (SD).

Na verdade, para além de entrevistas individuais, os 11 prefeitáveis de Campos terão pela frente a chance de três debates entre eles. O primeiro, nesta segunda (26), é uma iniciativa da (confira aqui) associação Comerciantes e Amigos da Rua João Pessoa e Adjacências (Carjopa), a partir das 20h, no Automóvel Clube Fluminense. O segundo será promovido virtualmente (confira aqui) em 5 de novembro, também a partir das 20h, pelo Fórum Institucional de Dirigentes do Ensino Superior de Campos (Fidesc), com transmissão ao vivo pela Folha FM 98,3 e PlenaTV. O terceiro foi anunciado hoje (confira aqui) para 11 de novembro pelo jornal Terceira Via, do Grupo Imne, ainda sem informação de horário, no Centro de Convenções da Uenf.

 

Advertência feita no painel com os gestores universitários Edilbert Pellegrini, Inês Ururahy e Jefferson Manhães de Azevedo, que seria repetida por vários outros dos 34 representantes da sociedade civil organizada

 

Nas sabatinas particulares da Folha FM, todos os 11 candidatos tiveram e terão o mesmo espaço, com a entrevista dividida nos mesmos três blocos temáticos: 1) crise financeira do município e alternativas (confira a série da Folha da Manhã sobre o tema, publicada entre 18 de julho e 26 de setembro, aqui, aqui, aquiaquiaqui, aquiaqui, aqui, aquiaqui e aqui); 2) eventuais contradições do candidato e da candidatura; e 3) propostas de governo. A ordem das entrevistas foi definida mediante sorteio (confira aqui) desde 28 de setembro, acompanhado virtualmente pelos representantes das 11 candidaturas. E será mantida na segunda rodada de entrevistas, que será encerrada em 6 de novembro, a nove dias das urnas.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Enquanto as entrevistas da Folha FM com os 11 candidatos não recomeçam nesta quinta, confira abaixo os vídeos, em ordem cronológica, com que os mesmos 11 já disseram na primeira rodada da rádio mais ouvida da cidade e da região. Que pode, desde já, ajudar na formação de opinião dos mais de 307 mil eleitores aptos a votar a prefeito de Campos em 15 de novembro:

 

DR. BRUNO CALIL (SD) – 05 DE OUTUBRO

 

 

 

 

 

 

BEETHOVEN (PSDB) – 06 DE OUTUBRO

 

 

 

 

 

JONATHAN PAES (PMB) – 07 DE OUTUBRO

 

 

 

 

 

ROBERTO HENRIQUES (PCdoB) – 08 DE OUTUBRO

 

 

 

 

 

PROFESSORA NATÁLIA (PSOL) – 09 DE OUTUBRO

 

 

 

 

 

CAIO VIANNA (PDT) – 13 DE OUTUBRO

 

 

 

 

 

CLÁUDIO RANGEL DA BOA VIAGEM (PMN) – 14 DE OUTUBRO

 

 

 

 

 

 

ODISSÉIA (PT) – 15 DE OUTUBRO

 

 

 

 

 

RAFAEL DINIZ (CIDADANIA) – 16 DE OUTUBRO

 

 

 

 

 

WLADIMIR GAROTINHO (PSD) – 19 DE OUTUBRO

 

 

 

 

 

TADEU TÔ CONTIGO (REUBLICANOS) – 20 DE OUTUBRO