Presidente da Asflucan detalha importância do projeto Fênix e da cana para a região

 

Tito Inojosa, produtor rural e presidente da Asflucan (Foto: Folha da Manhã)

 

“Nós temos que acreditar no agronegócio. E o caminho do agronegócio é o projeto Fênix. Foi ouvido todo mundo: Firjan, CDL, Acic, todas as universidades (de Campos); foi aberto para outras prefeituras darem opinião. Nós (da Associação Fluminense dos Plantadores de Cana, Asflucan) conhecemos muito de Campos e Cardoso Moreira, mas não os outros municípios (22, do Norte e Noroeste Fluminense). Esse projeto nasceu agora, em fevereiro, tem 30 dias. Por isso ele não vai ficar engessado e irá sendo somado com as contribuições de outros municípios. Nós temos que ter entrada com o Governo do Estado para conseguir as coisas emergenciais, que são estradas e canais”. Foi o que explicou na manhã de hoje o produtor rural Tito Inojosa, presidente das Aflucan, que lidera o projeto Fênix, para retomar a vocação agropecuária de Campos e região. Que será apresentado ao governador Cláudio Castro, talvez, na semana que vem.

Embora seja destinado a todo o setor produtivo do Norte e Noroeste Fluminense, Tito falou com especial atenção da agroindústria sucroalcooleira. Que foi o eixo econômico de Campos do século XVII, no início da sua colonização, até ser substituída no início dos anos 1990, mais de 300 anos depois, pelos royalties do petróleo. Que entraram em curva descendente a partir de 2014, gerando a grave crise financeira que hoje vive o município. O presidente da Asflucan deu números à importância econômica que a atividade ainda tem:

— Este ano, com as chuvas de março, eu acredito que a gente passe de dois milhões de toneladas de cana (na safra 2021). Passando disso, eu acredito que o nosso faturamento no Estado do Rio passe de R$ 1 bilhão. Aí seria 10% da Agrisa (usina de açúcar e álcool de Cabo Frio) e R$ 900 milhões do setor sucroalcooleiro de Campos. E outra importância do setor: o dinheiro fica aqui. Você está pagando produtor (de cana), você está rodando o cara que tem oficina, você está rodando borracheiro, você está rodando loja de peças da nossa região, está rodando o comércio com essas pessoas comprando nos nossos supermercados; diferente de outras atividades, que parte do recurso vai para fora.

Apesar de considerada por muitos abandonada a partir da entrada do dinheiro do petróleo, Tito lembrou que este deixou heranças também no agronegócio. Como é o caso da Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), hoje responsável pela operação da Sapucaia. Que, junto à Canabrava, é uma das duas usinas que restaram em atividade em Campos. Ao lembrar da origem da Coagro nos recursos dos royalties, ele também lembrou a necessidade de irrigação para aumentar a produtividade da cana nas terras do município:

— Uma coisa foi alavancada (a partir dos recursos do petróleo), a Coagro. A Coagro foi feita (em 2003) com o dinheiro do Fundecam (Fundo de Desenvolvimento de Campos), na época de Arnaldo Vianna (PDT, então prefeito de Campos), na usina São José. A condição pela qual a Cooperativa nasceu foram os recursos do Fudecam. Assim como para a modernização da usina, que estava moendo, mas muito precariamente, muito sucateada. Eu fiquei lá um ano e meio, vivi isso, a usina vivia quebrando. Então, esse foi um dinheiro do Fundecam bem aplicado, no setor sucroalcooleiro. Como foi bem aplicado na Purac Síntese. Agora, teve outros projetos em que houve falhas, houve erros, diversos erros. Mas eu não estou aqui para culpar ninguém. E o financiamento que veio do Fundecam para a lavoura, parte disso pegou a seca. Enquanto nós não tivermos condições de ter um projeto de irrigação, para que você possa ter 65, 70 toneladas de cana por hectare, nós não vamos conseguir competir com São Paulo.

O presidente das Asflucan também lembrou que a volta da usina Paraíso à atividade, deve movimentar a economia da Baixada Campista. Cujos produtores de cana ficaram desestimulados, desde que a Coagro passou da usina São José para a Sapucaia:

— O impacto de Paraíso é recuperar a Baixada Campista, que praticamente hoje está sem cana. Os produtores estão voltando a plantar, o produtor precisa acreditar. Com a Coagro que está voltando a plantar (cana) nas áreas arrendadas do Grupo Othon, que a maior parte é na Baixada. Eles (a Coagro) arrendaram, se não me engano, 8 mil hectares de área. Tem diversos produtores (de cana na Baixada) que estão procurando a gente. O problema foi o desânimo que o pessoal ficou com o fechamento da Paraíso. Essa travessia de cana pela cidade (da Baixada para moer em Sapucaia ou na Canabrava) é complicadíssima.

 

Confira abaixo, em três blocos, os vídeos da entrevista de Tito Inojosa, presidente da Asflucan, ao Folha no Ar na manhã de hoje:

 

 

 

 

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