Nota 7,5 ao governo Wladimir
Nota 7,5 aos seis primeiros meses de governo Wladimir Garotinho (PSD). Entre a professora e historiadora Sylvia Paes e o bispo diocesano de Campos, Dom Roberto Ferrería Paz, foi a média da avaliação dos seis primeiros meses (confira aqui) do governo Wladimir Garotinho (PSD), entre as feitas no Folha no Ar de segunda (05) e ontem (06). No programa da Folha FM 98,3, Sylvia abriu a semana sendo mais rigorosa, e deu nota 6 ao desempenho do novo Executivo goitacá. Que elevou sua média de aprovação a partir da nota 8,5 dada pelo líder católico.
Sylvia Paes: nota 6
“Avaliar com tão pouco tempo, é difícil. Contudo, (Wladimir) tem se mostrado um aluno bastante presente às aulas. E atento às demandas, que não são fáceis de serem resolvidas. São problemas que vem se agravando desde que o município era rico e não fez planejamento. Saúde, educação, mobilidade, segurança e moradia são problemas sérios. Tem que se priorizar alguns setores, porque não tem como atender todos eles. Eu daria uma nota 6, acreditando que ainda vai melhorar bastante. Sou uma professora bem ruinzinha, mas acredito na competência dos meus alunos. E do atual governo”, apostou Sylvia na manhã de segunda.
Dom Roberto: nota 8,5
“Eu daria um 8,5. Ele não encontrou uma situação fácil. E tratou de honrar o compromisso de reabrir o Restaurante Popular. Isso não é uma política pública perfeita, mas ao alimentar os pobres, se pratica o bem, e nós estamos de acordo com isso. Ele é mais acessível, o problema da gestão anterior (de Rafael Diniz, Cidadania) é que houve uma ‘incomunicação’. Então, isso nos dá possibilidades de dialogar. Agora, veremos, porque tem muita coisa que precisa sair do programa. Outra coisa que parece que ele cumpriu, é que seus pais não interferissem. Ele tem todo o direito de construir um caminho próprio” pregou Dom Roberto na manhã de ontem.
Polêmica da praça
Outra questão tratada nas entrevistas foi o anúncio do prefeito de uma parceria (confira aqui) com a Associação Evangélica de Campos (AEC) para recuperar o Parque Alberto Sampaio. Que seria chamado de Praça da Bíblia, incluindo o anfiteatro que leva o nome (confira aqui) do falecido diretor teatral Antonio Roberto de Góis Cavalcanti, o Kapi. Após reação da classe artística (confira aqui), o prefeito recuou parcialmente (confira aqui), mantendo o nome de Kapi no anfiteatro, com a divisão do parque entre artistas e religiosos. Na sexta (02) o Conselho Municipal de Cultura (Comcultura) decidiu (confira aqui) pela formação de comissões para acompanhar o projeto no Executivo e no Legislativo, onde ele será votado.
Fábio Ribeiro garante Kapi
Presidente do Legislativo goitacá e ouvinte do Folha no Ar, o vereador Fábio Ribeiro (PSD) mandou um áudio durante a entrevista com Sylvia Paes. Que foi nela reproduzido: “A minha proposta não é um pacote fechado e dias (a serem ocupados alternadamente por religiosos e artistas). É sentar com os representantes da AEC e dos artistas, mas não só a AEC, porque não será limitado a uma igreja. E a gente conversar sobre a ocupação, com o Poder Executivo, responsável pelos parques e jardins, como o gestor do espaço. E também, lógico, preservando o nome (de Kapi) ao anfiteatro. Disso aí a gente não abre mão”.
Conselhos municipais
Após ouvir o presidente da Câmara, Sylvia comentou: “Bom dia, Fábio! Quem bom que você está aí, atento. Bom também saber que o debate está continuando e, com certeza, teremos bons frutos. Porque todas as decisões sobre o uso do nosso território precisam do espaço de debate. O conflito precisa existir para que as conclusões sejam as melhores. Se não há esse conflito que gera o debate, não vai dar coisa boa. A gestão pública precisa entender que a decisão sobre o espaço público não é apenas dela, o Executivo e o Legislativo. A decisão passa por ouvir os cidadãos de Campos onde eles estão representados, nos conselhos municipais”.
A Bíblia e os artistas
Ontem, Dom Roberto também comentou a questão: “Em um estado laico, o espaço público deve ser garantido a todos, sem seletividade. Quando privilegiamos um grupo sobre o todo, estamos privatizando o público. Sendo a Praça da Bíblia, se os irmãos afro-brasileiros quiserem fazer um culto lá, como serão acolhidos? Tem certos setores evangélicos muito hostis aos cultos afro-brasileiros. Se vai reconhecer o teatro como espaço dos artistas, isso é inegociável. A Bíblia é um símbolo religioso que agrupa mais de 80% dos campistas. Mas o símbolo não necessita que tenha uma associação que tome conta do parque inteiro. O parque é público”.
Estado e religião
Uruguaio, Dom Roberto ouviu os versos do maior poeta do romantismo brasileiro, Castro Alves: “A praça é do povo/ Como o céu é do condor”. E depois a pergunta: “Se essa parceria fosse proposta à Diocese, o senhor aceitaria?”. Ele respondeu: “Não! Eu chamaria todas as igrejas, seria ecumênica a administração. Faríamos um conselho de igrejas, um conselho de religiões. Ao ser um espaço público, não pode ficar em monopólio de nenhuma igreja. Apesar de ser uma associação de evangélicos, há outras associações da fé. Sempre haverá o problema da exclusão. Eu acredito não ser salutar esse relacionamento entre Estado e religião”.
Publicado hoje na Folha da Manhã