Cuba e Chile em debate no grupo de WhastApp do blog

 

 

Este blog tem um grupo de WhatsApp, que divide com o programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, considerado por muita gente entre os mais qualificados de Campos. Talvez por sua diversidade entre profissionais liberais, professores, sindicalistas, empresários, políticos e religiosos de matizes variados. Que funciona como laboratório virtual da democracia real goitacá e tupiniquim. Com o objetivo de alimentar o Grupo Folha com pautas e análise crítica.

Moderá-lo é uma honra e uma responsabilidade. Que testa a capacidade de convivência entre pensamentos opostos, dentro do limite de respeito ao contraditório, eventualmente transposto. Quando a placa de “não ultrapasse” se faz necessária. Sobretudo em relação à disseminação de fake news e a grupos que pensam poder disputar uma pretensa hegemonia política dentro do grupo, visando torná-lo mais uma dispensável bolha virtual.

Muitas vezes debates se desenrolam no grupo. E, algumas vezes, ensejam participação da moderação. Como na noite especial de ontem. Em meio a uma overdose de espetáculos esportivos de primeira qualidade. Como a final da Copa América de futebol e as artes marciais mistas (MMA) do UFC 264, no sábado. Seguidos no domingo da final de Wimbledon do tênis, da final da Eurocopa de futebol e do terceiro jogo das finais do basquete da NBA. Tudo isso a pouco mais de 10 dias da abertura das Olimpíadas de Tóquio.

E, entre a Argentina de Lionel Messi 1×0 Brasil de Neymar Júnior, a trilogia nos pesos leves entre o estadunidense Dustin Poirier e o irlandês Conor McGregor, o Itália 1×1 Inglaterra definido na disputa pênaltis pelos goleiros Gianluigi Donnarumma e Jordan Pickford, a consagração do sérvio Novak Djokovic entre os maiores vencedores de Grand Slams da história, e do duelo que segue entre o Milwaukee Bucks do ala-pivô greco-nigeriano Giannis Antetokounmpo e o Phoenix Suns do armador estadunidense Chris Paul, o mundo gira entre outros personagens, países e disputas.

O debate sobre Cuba sempre gera polêmicas. Travado ontem à noite no grupo, inicialmente, entre o liberal Fernando Loureiro, empresário e ex-subsecretário de Planejamento e Orçamento de Campos, e a comunista Graciete Nunes, professora estadual e secretária de Comunicação do Sepe-Campos, que também pôs o Chile na discussão. Acesa por um link do UOL (confira aqui) sobre Cuba, postado no grupo pelo jurista Cleber Tinoco, advogado da Uenf.

Antes de o debate ser complementado no grupo, com maior conhecimento de causa, pelo cubano Raul Palacio, professor e reitor da Uenf — “entendo que os problemas atuais de Cuba deveriam ser resolvido pelos cubanos que moram em Cuba” —, a moderação também meteu sua colher. Segue abaixo a tentativa de análise feita, neste caldeirão borbulhante chamado mundo, após a provocação da Graciete sobre Cuba. E a perspectiva dos comunistas como ela chegarem ao poder pelo voto, nas eleições presidenciais do Chile em novembro:

 

 

Não criminalizo Cuba, Graciete. Entendo o contexto histórico da Revolução de 1959, inicialmente anti-Fulgêncio Batista e depois marxista no diapasão da Guerra Fria, pela reação dos EUA à perda do seu “quintal” caribenho. E sobretudo após a tentativa de invasão à Baía dos Porcos em 1961, chegando ao ápice no ano seguinte, em que toda a humanidade foi posta em risco, com a Crise dos Mísseis soviéticos. Mas, me desculpe, não entendo uma elite de burocratas de partido como trabalhadores. Ainda que reconheça e admire características como o acesso popular integral à saúde e à educação.

O que não concordo é com ditaduras. E penso que a defesa da democracia é um valor da tal civilização greco-romana-judaico-cristã. Talvez não universal, por sua aplicação bem mais complexa em outras civilizações, como a chinesa, a islâmica e a indiana. Embora, nesta última, uma transição interessante tenha sido feita pelo liberalismo inglês, com todas as mazelas do domínio britânico sobre a Índia. Hoje governada pelo populista de direita Narenda Modi.

Cuba integra a Civilização Ocidental. E, mais cedo ou mais tarde, terá que fazer a transição de passageiro perdido do túnel do tempo da Guerra Fria, oprimido por um bloqueio que não tem nenhuma justificativa desde a queda do Muro de Berlim em 1989 e da dissolução da União Soviética em 1991. Trinta anos depois, oxalá consiga fazê-lo com democracia e as conquistas sociais do socialismo.

Já o Chile parece ser o oposto. Montou a economia mais acertada da América do Sul com o liberalismo na ponta da baioneta da ditadura militar mais sangrenta do continente. E desde os protestos de 2019, que testemunhei diante da La Moneda, não aceita mais ter estabilidade econômica com injustiça social, sobretudo aos idosos. Se, neste contexto, os comunistas chegarem ao poder pela democracia, e dela se mantiverem zelosos, palmas para vocês.

 

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