Na tarde de hoje, os presidentes da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP/AL), e do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, reagiram publicamente aos discursos golpistas feitos ontem, em Brasília e São Paulo, pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Lira, político conhecido pela firmeza, miou. Fux, jurista conhecido pela polidez, rugiu.
Lira ignorou o crime de responsabilidade cometido por Bolsonaro, ao dizer em São Paulo que ele e seus apoiadores não cumprirão as decisões judiciais do STF que não concordarem. O deputado foi duro somente ao que a coluna Ponto Final de hoje adiantou: não aceitará mais os questionamentos feitos ontem pelo capitão à decisão plenária da Câmara que sepultou em 10 de agosto a PEC bolsonarista do voto impresso.
No resumo da sua ópera alagoana, Lira garantiu que vamos ter eleição com urna eletrônica em 3 de outubro de 2022 — o que é obrigação constitucional e democrática, não favor. Mas não teremos aberto, pelo menos por enquanto, nenhum dos mais de 100 pedidos de impeachment do capitão.
Por sua vez, com seu sotaque de surfista carioca, Fux deu um recado duro a Bolsonaro, sem citar seu nome em nenhum momento, e aos seus seguidores. Na dúvida ainda das consequências práticas ao que foi dito ontem pelo presidente aos seus “cercadinhos” braziliense e paulistano, expandidos em dois meses de organização intensa, uma certeza: será preciso mais que um cabo e um soldado do Exército, ou dois tanques fumacentos da Marinha, para passar da bravata ao gópi:
— A crítica institucional não se confunde, nem se adequa com narrativas de descredibilização do Supremo Tribunal Federal e de seus membros, tal como vêm sendo gravemente difundidas pelo chefe da nação. Ofender a honra dos ministros, incitar a população a propagar discurso de ódio contra a instituição do Supremo Tribunal Federal e incentivar o descumprimento de decisões judiciais são práticas antidemocráticas, ilícitas e intoleráveis (…) Infelizmente tem sido cada vez mais comum que alguns movimentos invoquem a democracia como pretexto para ideais antidemocráticos. Estejamos atentos a esses falsos profetas do patriotismo (…) Povo brasileiro, não cai na tentação das narrativas fáceis e messiânicas (…) O Supremo Tribunal Federal também não tolerará ameaças à autoridade das suas decisões. Se o desprezo às decisões judiciais ocorre por iniciativa de qualquer dos Poderes, essa atitude, além de representar um atentado à democracia, configura crime de responsabilidade (…) Ninguém, ninguém fechará esta Corte! — garantiu o presidente do STF.
Confira abaixo os vídeos com as íntegras dos pronunciamentos de Lira e Fux:
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