Ex-vereador que marcou época como presidente da Câmara Municipal de Campos, Marcos Bacellar (SD) enviou ontem ao blog uma nota sobre o infeliz ocorrido entre seu filho, o secretário estadual de Governo Rodrigo Bacellar (SD), e o prefeito Wladimir Garotinho (PSD). Infeliz, sobretudo, pelo fato de Rodrigo ter colocado a primeira-dama Tassiana Oliveira numa discussão, provocada por Wladimir, que deveria ser apenas política.
Rodrigo, à sua maneira, se desculpou ainda na noite de ontem, em nota oficial publicada em seu perfil no Instagram, por qualquer eventual ofensa que tenha feito a Tassiana. O secretário estadual disse:
— Não conheço a senhora Tassiana e minhas palavras, deturpadas por eles, não foram ofensivas contra ela, que tem sido inserida por seu marido no meio político com intenções eleitorais. Não a ofendi, como não gostaria que a minha esposa fosse, assim como não citei nenhuma informação que não seja de conhecimento público, mas caso tenha se sentido ofendida, peço desculpa. Porém, a alerto de que, quem a vida toda ofendeu adversários, foi a família que ela entrou, onde desrespeitam até pessoas que já morreram ou ainda estavam em tratamento contra o câncer.
Abaixo, o texto do pai de Rodrigo, Marcos Bacellar, sobre o assunto. Que enviou ao blog por WhatsApp, assinando-o como “o terror de Chucky”, em referência ao personagem da franquia de filmes de terror, com o qual ele apelidou o ex-governador Anthony Garotinho (sem partido) no passado:
“‘O cavaco não cai longe do pau’
Anthony Garotinho nunca respeitou ninguém, mete o pau em tudo e em todos. Fez política a vida toda assim, fazendo alianças com quem joga rasteiro, usando e jogando pessoas no lixo. Não respeita as diferenças, a família, a mídia e a Justiça. Xingava e humilhava todos que discordavam das suas ideias.
Fui um dos pioneiros a enfrentar Garotinho no mesmo tom, inclusive entrando ao vivo na rádio dele e chamando de pilantra.
Agora seu filho, Wladimir, segue usando os seus ‘poderes’, jogando no mesmo estilo do seu pai, sendo um moleque raivoso, birrento e covarde.
Não respeita ninguém, usa todos que pode, de jornaleiros a jornalistas, usa a OAB e qualquer outra entidade que consiga manipular através de cargos que mamam nas tetas do erário municipal.
Vale lembrar quantas famílias eles atacaram, quantas mulheres eles desonraram e desrespeitaram. Como sempre, jogam baixo, atacam, mas não são capazes de aceitar e enfrentar as respostas dos seus atos. Preferem se vitimizar, como os covardes que sempre foram e sempre vão ser.
Deixa de tolice, me chamando disso e daquilo. É na sua casa que o camburão costuma ir e é lá que ele vai voltar pra terminar o serviço.
O que o ditado diz é verdade: o cavaco não cai longe do pau. A diferença é que enquanto eles são sinônimo de covardia, nós somos sinônimo de luta.
Senhora Tassiana Oliveira, me desculpe, mas será que a senhora não sabia em qual família estava entrando? A minha sabe muito bem que é pau, porrada e bomba.
Agora, se quiser, é só falar com seu marido e sogro pra esquecerem a família Bacellar, que daqui eu prometo o mesmo. E vamos lutar em favor do povo de Campos.
A luta continua, forte abraço!”
Além de Bacellar, houve também manifestações de quem, certamente, tem o “lugar de fala” nesse caso: mulheres que admiro e respeito tanto quanto ao ex-vereador. E, sobre a postagem publicada ontem sobre o assunto neste “Opiniões”, elas se posicionaram no grupo de WhatsApp que este blog divide com o programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3.
Personificado nessas mulheres, fica o desejo sincero de que o infeliz episódio seja o quanto antes superado. Para tanto, bom seria que os homens da política goitacá aprendessem um pouco da didática feminina na terra de Benta Pereira, heroína histórica da cidade no século 18:
“Como mulher e jornalista atuando na política de Campos, os dois jovens políticos têm nos seus pais exemplos de truculência no tratar com as mulheres. Já fui vítima dos dois. Quanto à primeira-dama, nunca nos falamos, lamento ela ter sua vida jogada dessa forma na fossa do poder. Como mulher não posso deixar de dizer que sou solidária”.
“Aluysio Abreu Barbosa tem aqui o registro da minha admiração pelo posicionamento. Como cidadã e como mulher afirmo que é um posicionamento necessário, posto que o que está em questão aqui vai além de um mero caso político, ou de uma briga político-partidária. O ataque envolve a todas nós, mulheres, que sofremos cotidianamente ataques, achincalhamentos e assédios dos mais variados tipos. Hoje ele está personificado na primeira-dama, Tassiana Oliveira, como antes esteve na Isa Penna (advogada trabalhista e militante feminista, deputada estadual em São Paulo pelo Psol), por exemplo. Ele — o ataque — existe e é cotidiano e recorrente. E devemos, sim, usar o que aconteceu para cada vez mais darmos visibilidade a casos assim. E deixar quem comete tais atos pérfidos no lugar que lhes cabe: o lugar do agressor — seja essa violência física, verbal, ou quaisquer outras.
Que possamos todos prestar nossa solidariedade a Tassiana e a todas as mulheres que são vítimas cotidianamente de ataques que colocam em questão a sua idoneidade, a sua moral e as suas próprias escolhas. Que possamos dar cada vez mais visibilidade a casos como esse para questionar a permanência de laços historicamente construídos e que teimam em determinar que o lugar da mulher é escolhido por qualquer um, menos por ela mesma”.
“É assustador que em pleno século XXI a mulher passe por isso e que não possa externar a sua sexualidade, entre tantas outras questões, nesse mundo machista que, parece-me, que foi exacerbado nesse momento no Brasil”.
“Parabéns pelo seu posicionamento! A mulher tem que ser respeitada, independente do cargo, profissão, religião, raça, opção sexual ou política, jeito de vestir ou falar. Inadmissível e vergonhoso assistir esse tipo de postura, ainda mais vindo de quem deveria nos representar. Que usem outros caminhos para discussão de desavenças políticas!”
“Parabéns pelo posicionamento acertado. Abominável a postura do deputado, hoje secretário. É inadmissível o ataque às mulheres já que ‘mexeu com uma, mexeu com todas’. Independente das diferenças políticas é importante manter o bom nível do debate e uma relação de urbanidade e respeito”.