Entre a chuva e o sol deste dia dos mortos, dois poemas separados por 18 anos e as cores vivas do arco-íris hoje sobre o céu de Campos:
finados
se a chuva que cai sobre mim
cair também sobre ela
que minha lembrança a aqueça
a conta-gotas
dos pingos às folhas
das folhas à terra
que minha lembrança se enrosque
à raiz de uma erva daninha
daquelas que brotam de novo
depois da erva arrancada
se a chuva que cai sobre mim
cair também sobre ela
que minha lembrança adormeça
em sonhos de carnes fartas
revista de língua na alma
deitado no colo dela
atafona, 02/11/03
rj 158
sob as cinzas nuvens, finados
fresco de nado o robalo frito
voo branco de vida acelerada
esquadrilha paraibava estrada
garças contra corrente do rio
no regresso da picape negra
assombravam nelores lentos
o verde morro, a tarde morta
da noite anterior sem sono
afluente entre imbé e planície
campos, 01/11/21
Ritmo, melancolia e o cio do amor que não morre, chove, E muito,
Que bom, vem aí o vosso livro, amém. Bem-vindo seja.