Capitão “em casa” no Centrão
Ontem Jair Bolsonaro se filiou ao PL. Estava sem partido há dois anos. Após se eleger presidente pelo PSL em 2018, saiu em novembro de 2019, após brigar e perder as milionárias verbas públicas do fundo partidário. Afeito a metáforas conjugais, Bolsonaro fez com o PL seu 9º casamento. Antes do PSL, já tinha contraído núpcias com PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP e PSC. São todas legendas do Centrão, como o PL. Ao se filiar a ele ontem, o capitão tocou no ombro do presidente da Câmara Federal (e do Centrão), e admitiu: “Estou me sentindo aqui, Arthur Lira (PP/AL), em casa”.
Lula e Bolsonaro lideram
Também ontem, foi divulgada a última pesquisa presidencial, do instituto Atlas. Comparada com todas as demais pesquisas do último mês, não houve novidade no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) isolado em primeiro lugar, com 42,8% das intenções de voto. Nem em Bolsonaro isolado em segundo, com 31,5%. A novidade também não foi Sergio Moro em terceiro, posição que passou a ocupar desde que foi anunciado que ele se filiaria ao Podemos. A novidade é que a Atlas foi a primeira a registrar o ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça já isolado em terceiro, com 13,7%.
Moro se isola no 3º lugar
Moro se filiou ao Podemos em 10 de novembro. Feita entre 25 e 27 de outubro, a primeira pesquisa que registrou seu nome em terceiro lugar foi a PoderData. Deu Lula com 35%, Bolsonaro com 28% e Moro com 8%, empatado tecnicamente dentro da margem de erro com Ciro Gomes (PDT), com 5%. O ex-governador do Ceará mantinha a terceira posição em todas as pesquisas presidenciais deste ano. Feita entre 27 e 29 de novembro, com 4.401 eleitores e margem de erro de um ponto percentual para mais ou menos, a Atlas ontem deu Ciro com 6,1% — menos da metade dos 13,7% de Moro.
Lula em alta, Bolsonaro em queda
Pesquisas não são infalíveis, mas obedecem à ciência estatística, não à irracionalidade da paixão política, e revelam claramente tendências. Na série de pesquisas Atlas durante o ano, duas são inequívocas: Bolsonaro só cai e Lula só cresce. Em janeiro deste ano, o capitão liderava com 34,5%, chegou a 37% em maio e, nos últimos seis meses, sangrou 5,5 pontos percentuais. Em janeiro deste ano, Lula estava em segundo lugar na corrida, com 22,3% das intenções de voto. E, deste então, apresentou crescimento constante. Nos últimos 10 meses, o petista ganhou nada menos que 20,5 pontos percentuais.
Quem só ganha, quem só perde
Além da liderança isolada para o primeiro turno presidencial, Lula venceu em todas as simulações de segundo turno da pesquisa Atlas: 50,5% a 36% contra Bolsonaro (com 13,5% de não sei/branco/nulo); 46,4% a 29,2% contra Moro (com 24,4% de não sei/branco/nulo); e 42,3% a 21,3% contra Ciro (com 36,4% de não sei/branco/nulo). Bolsonaro perdeu todas: além de Lula, perdeu também as simulações de segundo turno para Moro (30,9% a 35,2%, com 33,9 de não sei/branco/nulo) e para Ciro (35,4% a 42,7%, com 21,9% de não sei/branco/nulo).
Pouca dúvida
A pesquisa presidencial de ontem, foi a segunda etapa de um levantamento Atlas mais amplo. Entre 23 e 26 de novembro, ouvindo 4.921 eleitores, registrou que Lula tem imagem positiva para 48% da população, negativa para 49%, com 3% que não souberam responder. Bolsonaro, por sua vez, tem imagem positiva para 32% da população (17 pontos a menos que Lula), negativa para proibitivos 65%, com também só 3% que não souberam responder. Em outras palavras, sobre Lula ou Bolsonaro, a julgar pelo baixo número de indecisos, há muito pouca dúvida entre os brasileiros.
Brasil dividido e em maioria
Outras questões da pesquisa Atlas revelam que o Brasil está literalmente dividido quanto a Lula: 45% da população são a favor da sua prisão, com iguais 45% contra e 10% que não souberam responder. Dividido quanto ao petista, o mesmo eleitorado formou maioria contra Bolsonaro: 56% são hoje favoráveis ao seu impeachment, com ainda relevantes 39% contrários e 5% sem saber responder. O mesmo levantamento mostrou que o governo do capitão é considerado bom e ótimo por apenas 19% dos brasileiros. É o índice mais baixo desde que assumiu o poder em 1º de janeiro de 2019.
Dos números à política
Dos números à política, Lula disse ontem sobre a possibilidade de ter o ex-adversário Geraldo Alckmin (PSDB) como vice: “A gente está num processo de conversar. Vamos ver se é possível construir uma aliança. Quero uma chapa para ganhar”. Também ontem foi anunciado que Moro deve estar neste sábado (04) com Eduardo Leite, governador gaúcho derrotado pelo paulista, João Doria, nas prévias do PSDB a presidente. Tudo ontem, quando o senador Flávio Bolsonaro chamou Lula de “ex-presidiário”. Foi ao lado de Valdemar da Costa Neto, dono do PL, condenado e preso no Mensalão.
Publicado hoje na Folha da Manhã.
Com essas pesquisas divulgada pela mídia,que mostra Lula com uma vantagem expressiva sobre o meu presidente Bolsonaro,eu só posso acreditar uma coisa que cinqüenta por cento dos brasileiros que votam são ladrão ou ou corruptos igual a ele.
Caro Cesar Peixoto,
Recomenda-se não culpar os eleitores pelo que se atribui ao candidato. Afinal, é o que faz com que muitos chamem os eleitores de Bolsonaro de “gado”.
Grato pela chance da lembrança!
Aluysio