Covardia de campista na mídia nacional
Presente por motivos ruins na mídia nacional dos últimos anos, Campos voltou a ser referência negativa no último final de semana. Dessa vez pela covardia do técnico campista de futebol Rafael Soriano. Treinador do time capixaba Desportiva Ferroviária, ele deu uma cabeçada na bandeirinha Marcielly Netto ao final do primeiro tempo do jogo contra o Nova Venécia. Disputada no último domingo, a partida era válida pelas quartas de final do Campeonato Estadual do Espírito Santo. Expulso pelo árbitro Arthur Rabello e demitido horas pelo clube depois, as imagens da agressão correram o noticiário nacional no domingo.
Sem margem à dúvida
Soriano também foi suspenso preventivamente por um mês pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Espírito Santo (TJD-ES), que ainda julgará o caso. Como deve ser julgado pela Justiça comum, já que a bandeirinha agredida deu queixa do caso na Polícia Civil. Com passagem de destaque no Americano e no Campos Atlético, o treinador não atendeu ou retornou às tentativas de contato da reportagem da Folha da Manhã, ciosa do direito ao contraditório. Mas as imagens não dão margem à dúvida. Ele reclamava da arbitragem. E, diante de dois outros árbitros também homens, escolheu a única mulher como alvo da sua violência física. Revelou-se um covarde.
Casos e casos
A defesa da mulher, diante da lei e da covardia de homens como Soriano, requer intransigência. Está aí o caso do ex-atacante brasileiro Robinho, transformado em pária após condenado em última instância por estupro na Itália, em janeiro deste ano, a servir como exemplo. Embora, ao contrário do que as feministas preguem, não baste a palavra da mulher. Como está aí o caso de Neymar na falsa denúncia de agressão sexual pela modelo Nagila Trindade, em junho de 2019, a também servir como exemplo. A verdade foi igualmente revelada em vídeo. Ainda que o atacante não seja nenhum exemplo, a agressora foi a mulher que o denunciou. E acabou desmascarada.
Futebol dentro do campo (I)
No que se refere exclusivamente ao futebol, o dia de ontem (12) foi pródigo. No, talvez, melhor jogo até aqui deste ano que ainda reserva a Copa do Mundo em novembro, o Real Madrid eliminou na prorrogação o Chelsea, por 2 a 3, nas quartas de final Liga do Campeões da Europa. No placar agregado ficou 5 a 4 para o clube espanhol, que havia derrotado o inglês no jogo de ida por 3 a 1, no último dia 6. Na partida de volta de ontem, dois brasileiros tiveram participação fundamental: Rodrygo, que entrou no segundo tempo para marcar o primeiro gol do Real; e Vini Júnior, que deu o passe para o artilheiro francês Benzema fechar a fatura na prorrogação.
Futebol dentro do campo (II)
Os três jogadores do Real Madrid foram capitais na passagem à semifinal. Onde agora espera quem passar das quartas de final de hoje, entre o conterrâneo Atlético de Madrid e outro inglês, o Manchester City. Futebol, num dos seus chavões, “é uma caixinha de surpresas”. Certeza é que ontem, acima de Benzema, Vini e Rodrygo, quem mais brilhou no Real foi o veterano croata Modric. Aos 36 anos, com seu time perdendo por 3 a 0 e a vaga até os 35 minutos do segundo tempo, ele encaixou um passe em curva de trivela ao arremate preciso de Rodrygo. Mesmo a quem acompanha futebol há 40 anos ficou a impressão de ter visto o passe mais belo da sua vida.
Uma enorme diferença
Do futebol à política, a maternidade é considerada, não sem razão, uma instituição sagrada. Mas não pode servir de desculpa a tudo. A sociedade sanjoanense, como a campista, se solidarizou integralmente com a ex-prefeita de São João da Barra, Carla Machado (que saiu do PP da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro para voltar ao PT do ex-presidente Lula) no triste episódio da perda do seu filho único, Pedro. Que morreu num trágico acidente de carro em Campos, em novembro de 2019. Mas daí a dizer que isso serve de atenuante ao péssimo governo do quarto mandato de Carla prefeita de SJB, ao qual renunciou no último dia 2, vai uma enorme diferença.
Três perguntas a SJB
Até a oposição entenderia se Carla, após a morte do filho, decidisse não concorrer ao quarto mandato de prefeita — quinto, se considerado o de Neco (MDB), que elegeu em 2012 para romper meses depois. Mas disse ter concorrido em 2020 justamente em nome de quem perdeu. Venceu, mas não governou, mesmo com orçamento 3,6 maior que o de Campos. A quem pretende defender a ex-prefeita, necessário antes responder: 1) onde foi parar o dinheiro de SJB? 2) Como alguém responsável pela vida dos filhos dos outros pode aconselhar os pais a não vacinarem suas crianças contra a Covid? 3) Se ama o povo sanjoanense, por que Carla abandonou seu governo?
Pirica e outra pergunta
Filho da planície goitacá, e cultuado em seu underground com mais verdade que muitos políticos, Marcelo Silva Martins, o Pirica, morreu no Hospital Ferreira Machado (HFM) em 10 de fevereiro. Ele foi atropelado no dia anterior, na subida da Beira-Valão com a Salvador Corrêa. No último dia 11, dois meses depois, após analisar imagens de vídeo e de colher depoimentos, a delegada titular da 134ª DP, Natália Patrão, indiciou por homicídio culposo o atropelador. Ele guiava sem habilitação e omitiu socorro à vítima, mesmo sendo auxiliar de enfermagem. Ao que cabe outra pergunta: que tipo de profissional da saúde é capaz de omitir socorro a quem atropela de carro?
Publicado hoje na Folha da Manhã.