Apoio a Cláudio Castro e críticas a Marcelo Freixo

 

É um aprendizado (…) para a minha geração não repetir esses erros; para a gente construir de uma outra forma”. Foi como o ex-deputado federal Marco Antônio Cabral (MDB), pré-candidato a tentar reconquistar o cargo em outubro, se posicionou como cidadão e jovem político sobre os erros que levaram seu pai, o ex-governador Sérgio Cabral Filho, a ser condenado a mais de 300 anos de prisão pela Lava Jato no Rio. No entanto, não poupou de críticas o juiz federal Marcelo Bretas: “Ele dá sentença para ficar famoso. Não estou falando aqui da questão do mérito. Estou falando de questão de dosimetria da condenação”.

Marco Antônio elencou o legado positivo dos governos do pai, como nas UPAs 24 horas. E, em Campos, na conclusão da Ponte Leonel Brizola, na construção da Policlínica da PM e na reforma do Liceu. Ele também defendeu o companheiro de partido Washington Reis, ex-prefeito de Duque de Caxias, como vice na chapa à reeleição do governador Cláudio Castro (PL). Cuja vitória em outubro disse acreditar “muito”. E teceu críticas ácidas ao deputado federal Marcelo Freixo (PSB), líder até aqui nas pesquisas a governador. Quando à eleição presidencial, na qual disse não crer mais nas chances da chamada terceira via, ele destacou sua boa relação pessoal com o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas preferiu não tomar o partido de nenhum, numa disputa que projetou “muito acirrada”.

 

Marco Antônio Cabral, ex-deputado federal e pré-candidato a candidato federal (Foto: Divulgação)

 

 

Atuação como deputado federal –  A minha atuação parlamentar foi de ajudar principalmente os prefeitos do interior do estado. Muitas vezes, os prefeitos, em Brasília, demoram muito a conseguir projetos nos ministérios. Então, muito tempo do meu mandato era percorrendo os ministérios com os prefeitos, era destinando emendas parlamentares. É só entrar no Portal de Transparência e você vai ver: a maioria delas para o interior, para a área da saúde principalmente. E alguns projetos de lei que foram apresentados por mim, alguns foram aprovados, e outros, eu quero voltar para lutar para que sejam aprovados. Por exemplo, tem um projeto de lei que está hoje tramitando na Câmara, eu até fiz um vídeo recentemente sobre ele nas minhas redes sociais. Na época, eu fiz uma pesquisa, e o gás de cozinha não estava caro do jeito que está. Ele devia estar uns R$ 70. Hoje, está R$ 100 e tanto, R$ 130, chega a R$ 150 em alguns lugares. É o seguinte: em vários lugares do mundo, as pessoas recarregam o seu botijão de gás em posto de gasolina. Aqui no Brasil, a população fica refém de comprar o botijão cheio. Na época, fiz uma pesquisa em vários países em desenvolvimento: Chile, México, enfim, outros países da América do Sul, da América Latina. Então, a pessoa tem o valor X no bolso para pagar, ela vai ao posto de gasolina, bota aquele valor e vai para a sua casa cozinhar sua comida. Aqui no Brasil, você tem seis empresas que dominam a distribuição de gás, que fazem um lobby muito forte em Brasília e que não deixam nada diferente andar. E a população fica refém: R$ 130, R$ 140, R$ 150 num botijão de gás, o que é um absurdo.

Questão da inelegibilidade – É fruto de uma covardia, de uma perseguição absurda. Eu fui condenado por ter ido visitar o meu pai na cadeia como deputado. Vários outros deputados na ocasião foram, e há um artigo na lei estadual garantindo aos parlamentares acesso irrestrito em qualquer presídio do estado do Rio de Janeiro. Não estou falando do Ministério Público como instituição, de uma forma geral, mas um promotor afoito por me prejudicar, apresentou essa denúncia. É tão absurdo que, além de a condenação ter sido divulgada na véspera da eleição, mesmo sem ela estar na Justiça Eletrônica, só entrou uma semana depois da eleição. Você só tem questões de inelegibilidade quando você tem dano ao erário. Nesse caso, visita à cadeia, não tem nenhum. Segundo, com a nova lei de improbidade que foi votada no Congresso, além do dano, que inexiste nesse caso, você tem a questão do dolo. Então, essa condenação não se sustenta. Ela foi confirmada em segunda instância, na minha opinião, de forma completamente absurda. O meu advogado, ex-ministro do Tribunal de Contas do Distrito Federal, professor Jacoby (Fernandes), ficou estarrecido com o julgamento. Mas com certeza absoluta nós vamos reverter no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

MDB/RJ para outubro – A política é cíclica. Numa democracia, você tem períodos. O MDB, no período em que esteve à frente do Rio, realmente foi um período de hegemonia: prefeito da capital, governador, presidente da Assembleia. Esse período acabou. Agora, o MDB está coeso nessa eleição de 2022, forte, para a gente fazer uma bancada aí de pelo menos três deputados federais e quatro deputados estaduais. E eu sou o maior defensor de o MDB ter a vice-governadoria na figura do melhor prefeito hoje do Brasil. E não sou eu que falo, são os números que dizem: é o meu grande amigo Washington Reis (ex-prefeito de Duque de Caxias). Então, o MDB está se reconstruindo. Eu hoje presido o MDB aqui na capital, no município do Rio. Nesse papel (de hegemonia estadual) nessa eleição, pelo que eu estou vendo, estão o União Brasil e o PL. São partidos que estão aí com uma robustez muito grande do ponto de vista de candidatos. Mas o MDB vai fazer bonito nesse momento de reconstrução do Estado do Rio. No período em que o MDB esteve no poder do Rio, foi um período de pleno emprego no estado, de recorde de investimentos federais, recorde de investimentos privados.

 

Marca do pai, o ex-governador Sérgio Cabral, condenado a mais de 300 anos de prisão – Esse número absurdo que esse senhor Marcelo Bretas (juiz federal) deu de condenações, é um troço completamente absurdo, são excelentes para manchetes de jornal. É o que, inclusive, ele almeja. Mas, do ponto de vista jurídico, não se sustentam. Eu não tenho dúvida de que, mais cedo ou mais tarde, essas condenações com números absurdos vão ser reformados nos tribunais superiores. Recentemente, o marechal da Marinha Otto Alencar, que foi condenado pelo mesmo juiz na operação que envolvia (a usina nuclear) Angra 3, a condenação dele caiu de 73 anos ou 43 anos, para quatro anos. Esse juiz, com todo respeito, não dá sentença nenhuma embasado na legalidade. Ele dá sentença para ficar famoso. Não estou falando aqui da questão do mérito. Estou falando de questão de dosimetria da condenação. A Lava Jato pegou, vamos dizer assim, políticos de vários partidos e vários estados. Apesar de o foco midiático a nível nacional ter sido no Rio de Janeiro, o Rio não era melhor nem pior do que qualquer outro estado da federação. A política era feita dessa forma no Brasil, infelizmente. Nessa questão da Lava Jato ficou muito claro como isso se deu ao longo de muitas décadas, não só agora, isso vem aí desde antes da ditadura militar (1964/1985). Então, não é algo inventado por ninguém, nem criado, só uma coisa que infelizmente era o sistema político brasileiro. São duas faces para mim. A primeira, como filho. Apesar de separado da minha mãe desde que eu tenho 5 anos de idade, meu pai sempre foi muito presente, muito amigo. Devo a ele tudo o que eu tive na minha vida. Então, no momento em que o mundo virou as costas para ele, eu jamais poderia ter virado as costas. Sempre vou estar ao lado dele, como filho. Agora, do ponto de vista de cidadão, eu pego o legado positivo. Vi nascerem com ele políticas públicas como as UPAs 24 horas. Quantas pessoas não tiveram agora, na pandemia da Covid, não tiveram as vidas salvas nas UPAs? Só em Campos, de cabeça, tivemos também a Ponte Rosinha (rebatizada Leonel Brizola) com o programa Somando Forças, a reforma do Liceu, a Policlínica da PM. E ter participado daquilo ali foi extraordinário. Agora, o que foi descoberto e que teve ali de erros do ponto de vista pessoal, também é um aprendizado. É um aprendizado não só no caso dele, como eu falei, mas de vários outros políticos que foram alvos naquele momento, para a minha geração não repetir esses erros; para a gente construir de uma outra forma.

Castro x Freixo a governador? – Eu acredito muito na vitória do Cláudio Castro, pelo trabalho que ele vem fazendo à frente do governo. Pegou um estado numa situação muito difícil e vem entregando bons resultados em todas as áreas; vem prestigiando o servidor público estadual e vem retomando importantes políticas públicas que estavam paradas. Eu dei o exemplo há pouco do Somando Forças, que ficou parado tanto tempo e retomou na gestão Cláudio Castro, entre outras políticas públicas. Em relação ao candidato Marcelo Freixo, sempre foi um político que nunca construiu nada, sempre partiu para o lado da destruição. Todos os aumentos, tudo o que foi dado aos servidores públicos na gestão Cabral ele era contra: as UPAS 24h ele foi contra; tudo na área da educação ele era contra, colocava ar-condicionado nas salas de aula, ele era contra. Na questão do Maracanã, o estado ia ter ali um excelente centro de esporte e lazer para a população, aí ele me vai para o Museu do Índio e diz que aquilo ali é a casa dos índios, sendo que está lá o elefante branco abandonado até hoje. Da mesma forma com as UPPs, que, com seus acertos e erros, foram a única política pública que trouxe um pouco de segurança efetiva para moradores de comunidades, que estão aí hoje, de novo, com 30, 40, 50, 100 fuzis na porta da sua casa. O trabalhador não quer isso, o trabalhador quer ordem e paz onde ele mora. Pelo que eu vejo nas pesquisas, há também uma rejeição muito alta quando se cita o nome do Freixo. Por isso eu acho que o Cláudio tem tudo para chegar, quem sabe até no primeiro turno. Porque os outros candidatos não estão pontuando muito nas pesquisas. Você vê ali o próprio Felipe Santa Cruz (PSD), que é um cara que adoro, já esteve filiado ao MDB, é um ser humano extraordinário, mas não está pontuando. O próprio Rodrigo Neves (PDT) também. Então, acho que vai ficar essa polarização. Vai ficar o Cláudio contra o Freixo. Talvez tenha um segundo turno entre os dois, que é o que está hoje nas pesquisas.

Lula x Bolsonaro a presidente? – O meu candidato a presidente da República, pelo governo que ele fez no período em que esteve como presidente, seria o (ex-presidente) Michel Temer, se eu pudesse escolher um candidato. Inclusive por ele ser um quadro do meu partido, do MDB. Mas, não acredito mais em terceira via. Acredito que vai ser o Lula contra o Bolsonaro. E vai ser realmente uma eleição com 52% a 48%, muito acirrada. No meu material de campanha, vou colocar o governador do estado, claro, mas não foi colocar o presidente da República. Se o MDB (tem como pré-candidata a senadora Simone Tebet) lançar, eu vou ter que colocar. Mas, se não lançar, vou deixar o eleitor muito à vontade. Você sabe as paixões que paixões que envolvem esse tema de Lula e Bolsonaro. Eu, particularmente, não tenho opinião formada ao meu voto a presidente da República. Se o MDB lançar candidato, eu vou votar no MDB no primeiro turno. Vamos ver o segundo. Mas, de coração, não tenho ainda uma preferência. Acho que os dois têm pontos positivos que podem ser abordados. Os dois têm pontos negativos. Eu, particularmente, tive relação com os dois: com o Lula dentro da casa do meu pai, vários eventos, várias vezes. Ele já passou, por exemplo, um final de semana na casa que o meu pai tinha em Mangaratiba. Eu já passei na casa dele algumas vezes. Então, é uma pessoa com quem eu tive muita relação, de quem eu gosto muito. Da mesma forma o Bolsonaro, que me acolheu super bem na Câmara (Federal). Comigo, particularmente, sempre foi uma pessoa muito educada. E, do ponto de vista político, eu vejo coisas interessantes no governo. Mas, como em qualquer governo, há críticas. Então, realmente é difícil fazer essa avaliação. Eu, hoje, de coração, não posso falar que em quem vou votar.

 

Página 2 da edição de hoje da Folha da Manhã

 

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