Favorito em todas as pesquisas deste ano eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entra nas últimas duas semanas antes das urnas de 2 de outubro, daqui a exatos 13 dias, aumentando sua vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL). Na pesquisa semanal do instituto FSB Pesquisa, contratada pelo banco de investimentos BTG — fundado pelo ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes —, Lula cresceu 3 pontos na consulta estimulada ao 1º turno dentro dos últimos sete dias, passando de 41% aos atuais 44% das intenções de voto. É um crescimento fora da margem de erro de 2 pontos para mais ou menos. Bolsonaro se manteve com os mesmos 35% que tinha em 12 de setembro e, hoje, está 9 pontos atrás (eram 6 pontos) do seu principal oponente. Como, dentro da margem de erro, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) caiu de 9% para 7%, e a senadora Simone Tebet (MDB) caiu de 7% para 5%, parece que a campanha pelo “voto útil” ao petista ainda no 1º turno vem surtindo efeito.
ESPONTÂNEA E DEFINIÇÃO DO VOTO — Na consulta espontânea da BTG/FSB, sem a apresentação dos nomes dos candidatos, Lula também cresceu os mesmos 3 pontos. Passou de 39% a 42% de intenções de voto, enquanto Bolsonaro cresceu 1 ponto, de 33% a 34%. Feita de sexta (16) a domingo (18) e divulgada hoje, com 2.000 eleitores ouvidos por telefone, a pesquisa deu o petista com 47% dos votos válidos — para vencer a eleição em turno único, é necessário o mínimo de 50% + 1 dos votos válidos — contra 37% do capitão. Para 81% dos brasileiros, o voto a presidente já está definido, sem chance de mudar até a urna. Alta, a definição do voto sobe a 86% entre os eleitores de Lula, e a 90% entre os eleitores de Bolsonaro.
2º TURNO E REJEIÇÃO — Na projeção ao 2º turno, marcado para 30 de outubro, Lula hoje bateria Bolsonaro por 52% a 39%. A diferença de 13 pontos se manteve da pesquisa da última segunda, que deu o ex-presidente batendo o atual no turno final por 51% a 38%. Fundamental à definição do 2º turno, a rejeição continua liderada pelo capitão, com 55% dos brasileiros que não votariam nele de maneira nenhuma, contra 45% do petista. Favorável a este, a diferença atual de 10 pontos no índice negativo cresceu 1 ponto, dentro da margem de erro. Há uma semana, Bolsonaro tinha 56% de rejeição, contra 47% de Lula, 9 pontos de diferença.
ONDE LULA CRESCEU? — O crescimento de Lula fora da margem de erro, no quadro geral, se operou em algumas fatias do eleitorado. Entre as BTG/FSB de 12 a 19 de setembro, o voto dos jovens entre 16 a 24 anos foi onde ele mais cresceu: 15 pontos (de 38% a 53%) em uma semana. Mas o ex-presidente também ganhou 4 pontos (de 45% a 49%) no voto das mulheres, 6 pontos (de 26% a 32%) no voto dos evangélicos, 11 pontos (de 46% a 57%) no voto dos sem religião, 8 pontos (de 48% a 56%) no voto do eleitor entre 1 a 2 salários mínimos, 6 pontos (de 25% a 31%) no voto do eleitor acima dos 5 salários mínimos, 6 pontos (de 56% a 62%) na região Nordeste, 5 pontos (de 34% a 39%) na região Sudeste, e 6 pontos (de 41% a 47%) no voto das capitais. Em todas essas faixas, Bolsonaro caiu ou ficou estagnado.
ANÁLISE DO ESPECIALISTA — “Tanto na pesquisa estimulada quanto na espontânea, Lula oscilou acima da margem de erro de 2 pontos. Na espontânea, o ex-presidente foi de 39% para 42%, enquanto, na estimulada, subiu de 41% para 44%. Bolsonaro oscilou de 33% para 34% na espontânea e manteve os mesmos 35% na estimulada. Com isso, Lula alcançou 47% dos votos válidos, enquanto Bolsonaro manteve os 37% da segunda passada. Num eventual 2º turno, Lula oscilou de 51% para 52% e Bolsonaro, de 38% para 39%. A oscilação das intenções dentro da margem acompanha as variações da rejeição: de 56% para 55%, no caso do atual presidente, e de 47% para 45%, no caso do ex. O cenário, portanto, é de estabilidade, mas com a sinalização da possibilidade de crescimento das intenções de Lula nesta reta final, que poderão culminar numa vitória ainda em 1º turno”, concluiu William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística do Setor Público, da População e do Território na Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) do IBGE.