Lula, Castro e Romário são franco-favoritos
Hoje, faltam apenas quatro dias à urna de 2 de outubro, no domingo. Na realidade de Campos, é uma chance rara que só a democracia pode dar: do usineiro ao boia fria, cada voto tem o mesmo peso e valor. Como fez em várias outras eleições, a Folha tentou retratar esta da maneira mais objetiva possível: através dos números das pesquisas. Que não são infalíveis, mas apontam tendências. Baseado nelas, não na torcida contra ou a favor, é possível afirmar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governador Cláudio Castro (PL) e o senador Romário (PL) chegam nesta reta final como franco-favoritos em suas respectivas disputas.
Muito além da esquerda x direita
Isso quer dizer que o presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) e, ao Senado, os deputados federais Clarissa Garotinho (União) e Alessandro Molon (PSB) não têm chances? Absolutamente, não! Mas caberá a eles tentar alcançar e ultrapassar o líder de cada disputa. E só têm mais quatro dias para isso. Bolsonaro e Freixo, bem verdade, podem ter mais 28 dias depois, até o 2º turno, marcado para 30 de outubro. Mas o fato de Lula liderar até aqui na sua raia, como os bolsonaristas Castro e Romário nas suas, prova como o processo eleitoral é bem mais complexo do que as simplificações ideológicas entre esquerda e direita.
Pesquisas a presidente, governador e senador
Esta última semana antes do voto será cheia de pesquisas. E foi aberta com três delas na segunda (26), de institutos sérios e metodologias diferentes. De manhã, saíram a BTG/FSB nacional a presidente e a Genial/Quaest a governador, senador e presidente só no RJ. À noite saiu a Ipec (antigo Ibope) nacional a presidente. A FSB ouviu 2.000 eleitores por telefone, de sexta (23) a domingo (25); a Quaest ouviu 1.500 eleitores presencialmente, de quinta (22) a domingo; a Ipec ouviu 3.008 eleitores presencialmente, de domingo a segunda. As duas nacionais, com margem de erro de 2 pontos. A estadual, com margem de erro de 2,5 pontos.
Lula cresce, Bolsonaro patina
A BTG/FSB e a Ipec confirmaram a tendência apontada por todas as pesquisas sérias da semana anterior: Lula em tendência moderada de crescimento e Bolsonaro estagnado, aparentando ter batido em seu teto. No contraste entre as três últimas BTG/FSB, após crescer 3 pontos de 12 a 19 de setembro, o petista cresceu mais 1 ponto ontem e tem hoje 45% na consulta estimulada ao 1º turno, enquanto Bolsonaro patina nos 35% há três pesquisas. Na comparação entre as três últimas Ipec, Lula cresceu 1 ponto do dia 12 ao 19, mais 1 ponto ontem e tem hoje 48%, enquanto Bolsonaro também patina em 31% há três pesquisas.
Lula no 1º turno?
Se o crescimento do ex-presidente há três semanas, como a estagnação do atual, apareceu igual na BTG/FSB e na Ipec, as duas pesquisas têm uma grande diferença. É a pergunta que qualquer observador, desapegado de paixões, está fazendo: Lula pode ou não alcançar o mínimo de 50% + 1 dos votos válidos já no 1º turno? Pela BTG/FSB, onde ele tem 48% dos votos válidos, contra 37% de Bolsonaro, não. Muito embora, na margem de erro de 2 pontos, possa ser que sim. E, sim, com 52% dos votos válidos na Ipec, contra 34% do capitão, Lula levaria a eleição já no 1º turno. Mas, na margem de erro, também pode ser que não.
Até tu, Joaquim?
À dúvida sobre a eleição presidencial ser fechada já no próximo domingo, a certeza: Lula está muito próximo do número de votos necessário a isso. Essa marola favorável ao petista é inferior à onda bolsonarista em 2018, mas existe. Lembra um pouco a eleição de Rafael Diniz (Cidadania) prefeito no 1º turno de 2016. Contra sua reprodução nacional, o fato que só Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi eleito presidente em turno único, em 1994 e 1998. A favor, o clima com a série de apoios que Lula vem ganhando. Ontem, foi emblemático o dado por Joaquim Barbosa, ministro aposentado do Supremo e algoz do PT no Mensalão.
Do 1º ao 2º turno
Na campanha de Bolsonaro já é admitida a derrota parcial para Lula no 1º turno. E que se o atual presidente sair dele com cerca de 10 pontos atrás do ex, a toalha será jogada. O petista tem hoje 10 pontos a mais que o capitão na projeção do 1º turno na BTG/FSB, vantagem que chega a 17 pontos na Ipec. Se a eleição presidencial for ao 2º turno, marcado para 30 de outubro, o que ainda parece ser o mais provável, Lula bateria Bolsonaro sem grande dificuldade. Por 52% a 40%, 12 pontos de vantagem, na BTG/FSB. E por 54% a 35%, 19 pontos, na Ipec. Nas duas pesquisas, o petista ganharia os mesmos 2 pontos do 1º ao 2º turno.
Castro e Romário goleiam
Na Genial/Quaest, quem lidera é Bolsonaro, em empate técnico com Lula no RJ: 39% a 37%. Fora da margem de erro, o governador Cláudio Castro ampliou a 12 pontos a vantagem sobre Marcelo Freixo na estimulada ao 1º turno: 35% a 23%. Também venceria o 2º turno, por 45% a 31%. Como o 3º colocado, o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves (PDT), tem só 9%, sem bater dois dígitos, há possibilidade aritmética, embora remota, de Castro levar em turno único. Sua situação só não é melhor que a de Romário. Com 39% na estimulada, o ex-craque dá goleada nos adversários menos distantes ao Senado: a campista Clarissa, com 13%, e Molon, com 12%.
Publicado hoje, na Folha da Manhã.