Hoje, faltam apenas quatro dias para a urna da eleição de domingo, 2 de outubro. Feita de sábado (24) à terça (27), com 2.000 eleitores entrevistados presencialmente, e divulgada nesta manhã, a nova Genial/Quaest confirma a tendência de todas as principais pesquisas das três semanas anteriores: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua a crescer. Na consulta estimulada ao 1º turno, ele passou dos 42% de 14 de setembro, aos 44% de 21 de setembro e tem hoje, sete dias depois, 46% das intenções de voto. Outra má notícia para o presidente Jair Bolsonaro (PL) é que ele, que vinha patinando nos 34% das intenções de voto nas duas semanas anteriores, começou a cair e tem 33% na Genial/Quest de hoje, 13 pontos atrás do líder. Com 50,5% dos votos válidos (sem os brancos e nulos), contra 36,3% do capitão, o petista confirma a possibilidade de atingir o mínimo de 50% +1 dos votos válidos e concluir a eleição já no 1º turno. Mas ainda dentro da margem de erro de 2 pontos para mais ou menos da pesquisa.
2º TURNO E REJEIÇÃO — Caso haja o 2º turno presidencial, marcado para 30 de outubro, Lula confirmou sua tendência de crescimento e aumentou sua vantagem sobre Bolsonaro. A quem venceria por 50% a 40% (10 pontos) na Genial/Quaest de 21 de setembro e hoje, sete dias depois, bateria por 52% a 38% (14 pontos de vantagem). O movimento favorável ao ex-presidente é fruto do ocorrido no índice negativo que define o 2º turno: a rejeição. Na qual Bolsonaro aumentou, na última semana, de 54% aos atuais 55% dos brasileiros que não votariam nele de maneira nenhuma. No mesmo período, Lula caiu de 46% aos atuais 44% de rejeição. Entre os dois, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) tem hoje 53% no índice negativo. Já na consulta estimulada ao 1º turno, Ciro tem 6% de intenções de voto, com 5% da senadora Simone Tebet (MDB) e 1% da também senadora Soraya Thronicke (União).
VOTO DOS POBRES, CLASSE MÉDIA E RICOS — Nas faixas de renda do eleitorado, Lula cresceu entre a maioria que tem até 2 salários mínimos de renda familiar mensal: de 51% a 56% (5 pontos) das intenções de voto só nos últimos sete dias, período em que Bolsonaro oscilou negativamente de 26% a 24% (2 pontos). Na classe média baixa, com renda mensal de 2 a 5 salários mínimos, o petista também cresceu, de 38% a 42% (4 pontos) e inverteu a vantagem que na semana passada era do capitão, em queda de 40% a 36% (os mesmos 4 pontos). O único crescimento de Bolsonaro nas faixas de renda foi na minoria da classe média alta e alta, com renda acima de 5 salários mínimos: de 45% a 50% (5 pontos) das intenções de voto, em que Lula oscilou negativamente de 33% a 31% (2 pontos) nos últimos sete dias.
“BALA DE PRATA” OU TIRO NO PÉ? — Projetado como “bala de prata” eleitoral de Bolsonaro, municiada pelos R$ 41,3 bilhões da PEC Kamikaze aprovada no Congresso Nacional, o novo Auxílio Brasil de R$ 600,00, pago a partir de agosto, se revelou até aqui um tiro no pé. Entre os eleitores pobres que recebem o benefício federal, Lula cresceu de 54% a 57% (3 pontos) das intenções de voto na última semana, período em que seu principal adversário caiu de 29% a 23% (os mesmos 3 pontos). Considerada uma “Chequinho” em nível nacional, o novo Auxílio Brasil foi um incremento de programa assistencial que era vedado pela Legislação em ano eleitoral. Mas, a quatro dias da urna, ainda não obteve sucesso na intenção do Governo Federal, apontada por muitos analistas, de comprar o voto do eleitor pobre.
ANÁLISE DO ESTATÍSTICO — “A Quaest, que utiliza a mesma metodologia da Ipec, baseada em entrevistas individuais domiciliares, a exemplo daquele instituto, aponta estagnação de Bolsonaro e crescimento de Lula dentro da margem de erro. Os dois institutos também indicam, neste momento, Lula numericamente vencendo no primeiro turno: na Ipec de segunda, por 52%; e na Quaest, de hoje, por 51% dos votos válidos. Com a margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, Lula poderia tanto ir a 53% quanto a 49%, o que levaria a decisão da corrida presidencial para 30 de outubro. Na consulta estimulada, a diferença de Lula para Bolsonaro subiu para 13 pontos, já que o atual presidente oscilou 1 ponto para baixo, de 34% para 33% das intenções. Um dado que chama a atenção é que Lula disparou entre os eleitores mais pobres, com até 2 salários mínimos, crescendo de 40% a 45% em uma semana. Entre os que recebem Auxílio Brasil, o ex-presidente cresceu 7 pontos, de 40% a 47%. Bolsonaro vem segurando sua intenção ao ampliar a diferença entre os eleitores com mais de 5 salários mínimos, em que subiu de 41% a 44%, vantagem de 12 pontos sobre Lula na faixa, onde oscilou para baixo, de 29% a 27%”, analisou William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística do Setor Público, da População e do Território na Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) do IBGE.
ANÁLISE DO CIENTISTA POLÍTICO — “Acho que agora é aguardar as próximas pesquisas. O cientista político Felipe Nunes, diretor do instituto Quaest Pesquisa e Consultoria, que realizou a pesquisa, recomenda total atenção ao que vai nos chegar das pesquisas de boca de urna no domingo. De resto é o resultado propriamente, com os votos apurados. Até lá, temos mais dúvidas que certeza. Se eu fosse conselheiro dos eleitores petistas que estão no clima de ‘já ganhou’, acho interessante moderar essas expectativas. As abstenções factuais, que pode definir a existência do 2º turno, não são detectadas pelas pesquisas — concluiu George Gomes Coutinho, cientista político, sociólogo e professor da UFF-Campos.