Wladimir com Bolsonaro ou Lula?
Quem o prefeito Wladimir Garotinho (sem partido), vai apoiar no 2º turno presidencial de 30 de outubro, daqui a exatos 11 dias? Após Campos dar ao presidente Jair Bolsonaro (PL) 58,01% dos seus votos válidos nas urnas do 1º turno de 2 de outubro, contra 34,16% do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), faixas surgiram na cidade na semana seguinte. E cobravam: “Prefeito Wladimir, cadê o apoio a Bolsonaro? Se posicione. Não esqueceremos”. Reativo a cobranças, numa característica que difere seu governo positivamente do antecessor, do ex-prefeito Rafael Diniz (Cidadania), Wladimir deve se posicionar ainda esta semana.
Capitão dos Garotinho e Bacellar?
Na sua família, Wladimir hoje é o único que reúne mandato e perspectiva de mantê-lo. Mesmo que ainda falte muito para 2024. E, no seu grupo político a lista dos que já declararam apoio a Bolsonaro no 2º turno é grande. Além dos pais, os ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho (União); a irmã, a deputada federal Clarissa Garotinho (União); e aliados como o deputado estadual reeleito Bruno Dauaire (União) e o atual presidente da Câmara de Campos, Fábio Ribeiro (PSD). Sem contar boa parte do grupo de oposição, liderado pelo deputado estadual reeleito e secretário estadual de Governo reconduzido, Rodrigo Bacellar (PL).
Clarissa quer Wladimir com Bolsonaro
Clarissa, inclusive, em evento em apoio a Bolsonaro em Campos, na última sexta (14), deu como certo o apoio do irmão à tentativa de reeleição do presidente. “Sei que muita gente tem cobrado uma postura do prefeito Wladimir, meu irmão. Hoje eu trago um abraço do meu pai, da minha mãe, que têm feito lives de apoio ao presidente. E meu irmão me disse que vai declarar apoio, que vai fazer um ato organizado por ele em apoio a Bolsonaro” disse a deputada bolsonarista, que tentou e não conseguiu se eleger em 2 de outubro ao Senado. Cargo em que Bolsonaro declarou voto ao (ainda) deputado federal Daniel Silveira (PTB).
Pedido de Castro ou neutralidade?
Além da família, consta que o próprio governador Cláudio Castro (PL), reeleito no 1º turno, teria pedido pessoalmente a Wladimir o apoio a Bolsonaro no 2º turno. No entanto, pedidos também têm vindo na direção contrária. Presidente da Alerj, o deputado estadual André Ceciliano (PT) — outro que disputou e perdeu a única vaga fluminense ao Senado, na qual Romário (PL) se reelegeu — pediu ao prefeito de Campos que apoiasse Lula. Ou, no máximo, que ficasse neutro. Menos afoito do que seus pais e irmã, essa neutralidade cumpriria também a função estratégica de boia aos Garotinho e ao município, caso o PT volte ao Governo Federal.
Lindbergh reforça esquerda goitacá
O pedido pelo apoio de Wladimir a Lula, que se contentaria com a neutralidade do prefeito, foi feito também em carta da Frente Ampla de Partidos Progressistas de Campos dos Goytacazes. Que deve ser reforçado pessoalmente no próximo sábado (22) pelo deputado federal eleito Lindbergh Farias, mais votado do PT no estado do Rio. Ele virá também para liderar uma carreata na cidade pela eleição de Lula. O encontro entre Lindbergh com Wladimir está sendo costurado pelo secretário municipal de Educação, professor Marcelo Feres. Mas corre o risco de não acontecer, ou se tornar inócuo, se o prefeito anunciar antes seu apoio a Bolsonaro.
Secretários e vereadores com Lula
Mesmo que Wladimir declare apoio a Bolsonaro, uma coisa é certa: ele vai liberar secretários e vereadores governistas simpáticos a Lula. A lista também não é pequena. Além de Feres, vão de 13 os secretários Wainer Teixeira (Administração), Auxiliadora Freitas (Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima), Rodrigo Carvalho (Desenvolvimento Humano e Social), Rodrigo Carneiro (Atenção Básica em Saúde) e Marcelo Neves (Petróleo e Gás). Mais os vereadores Juninho Virgílio (União) e Leon Gomes (PDT). Primo de Juninho, o ex-vereador Thiago Virgílio (União) também vai “lular”. E deve assumir a secretaria de Governo em dezembro.
Erros e acertos das pesquisas
As pesquisas eleitorais são hoje alvo dos bolsonaristas entre congressistas e eleitores. Tentam resumir todas aos institutos Datafolha e Ipec (antigo Ibope), contratados pela Globo. Cujos levantamentos divulgados na véspera da urna de 2 de outubro ficaram bem próximos ao resultado de Lula. Que, com 48,43% dos votos válidos, só não levou em turno único por menos de 1,5 ponto. Mas Datafolha, Ipec e outros institutos realmente subestimaram, fora da margem de erro, os 43,20% dos votos válidos de Bolsonaro. O que validaria um país com armas liberadas e pesquisas restritas para quem, entre estas, ignora as que acertaram no alvo.
A pesquisa que mais acertou
Pesquisa que mais acertou no 1º turno, ficando a desprezível 1,8 ponto do resultado total das urnas, o Instituto MDA Pesquisa divulgou na segunda (17) sua primeira consulta ao 2º turno. Que deu Lula na liderança, como todas as demais pesquisas, com 53,5% dos votos válidos, contra 46,5 % de Bolsonaro. A diferença de 7 pontos oscilou a 6,3 pontos na consulta estimulada. Contando os brancos e nulos, o petista tem 48,1%, contra 41,8% do capitão. Com o voto definido a 95,1% dos eleitores de Bolsonaro, a 94,2% dos eleitores de Lula e a 79,3% dos que disseram que votarão em branco ou nulo, há muito pouca margem para alteração.
Publicado hoje na Folha da Manhã.