Pacificação: Mesa Diretora com a oposição e 20% de remanejamento a Wladimir

 

 

 

A nova Mesa Diretora sob controle da oposição, com a eleição de Marquinho Bacellar (SD) como presidente e os 20% de remanejamento liberados na LDO e na LOA ao prefeito Wladimir Garotinho (sem partido). É o que será chancelado na sessão de daqui a pouco na Câmara de Campos, a partir das 17h. É fruto do acordo de pacificação da política goitacá fechado hoje entre Wladimir com o secretário estadual de Governo Rodrigo Bacellar (PL) e o governador Cláudio Castro (PL).

 

Sem levar gols no Qatar, Brasil terá time misto contra Camarões

 

Dois destaques positivos do Brasil em seus dois primeiros jogos na Copa do Mundo no Qatar, o volante Casemiro comemora seu gol contra a Suíça, na segunda, seguido pelo atacante Vini Jr

 

Em coletiva no Qatar na manhã brasileira de ontem, o ex-goleiro tetracampeão em 1994 e hoje auxiliar técnico da CBF, Taffarel, deu a declaração mais lúcida a quem sonha com o Hexa com os pés no chão: “a nossa equipe defende muito bem (…) quando você não concede nada ao seu adversário, você mostra a sua força também (…) O Brasil não é só espetáculo, ir lá, fazer gols; a gente aprendeu a marcar também”. Nos dois primeiros jogos do time de Tite na Copa do Mundo, 2 a 0 na Sérvia e 1 a 0 na Suíça, o goleiro Alisson não fez nenhuma defesa digna de nota. E o ataque da Sérvia meteu três gols, enquanto o da Suíça marcou um na mesma defesa de Camarões, com quem a Seleção Brasileira fará seu terceiro e último jogo da fase de grupos, às 16h de Brasília desta sexta (2), no Lusail Stadium. Depois, será matar ou morrer. E, no futebol, só morre quem toma gol.

 

 

TIME MISTO CONTRA CAMARÕES — Em primeiro lugar no Grupo G, com 6 pontos, o Brasil entrará em campo já classificado às oitavas de final. Com os desfalques por contusão do atacante Neymar e do lateral direito Danilo, durante o jogo com a Sérvia, e do lateral esquerdo Alex Sandro contra a Suíça, Tite deve colocar em campo um time misto contra Camarões. Após já ter colocado em campo 19 dos 26 jogadores que levou, sete ainda esperam para jogar: os goleiros Ederson e Weverton, o lateral direito Daniel Alves, o zagueiro Bremer, o volante Fabinho, o meia Everton Ribeiro e o centroavante Pedro. Alguns podem ter a chance na sexta, para poupar titulares. Alison, os zagueiros Thiago Silva e Marquinhos, e o volante Casemiro, justamente a espinha dorsal da defesa, jogaram do início ao fim as duas primeiras partidas.

 

Espinha dorsal da defesa titular do Brasil no Qatar, com os zagueiros Thiago Silva e Marquinhos, e o volante Casemiro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

CASEMIRO — Autor do gol salvador contra a Suíça, após passe do atacante Rodrygo, que entrou bem no segundo tempo, Casemiro foi o melhor jogador na média dos dois primeiros jogos do Brasil. Considerado por muitos o melhor volante em atividade no mundo, ele foi revelado no São Paulo e hoje defende o Manchester United, após 9 anos no Real Madrid, com uma passagem pelo Porto. No clube madrilenho, seria efetivado como titular e considerado insubstituível no time tricampeão da Champions por um treinador que conhece um pouquinho de meio de campo: Zidane. Mesmo atuando na marcação, Casemiro ainda não levou cartão amarelo no Qatar. Mas na Copa de 2018, após tomar o segundo amarelo na vitória sobre o México nas oitavas, ele desfalcou o Brasil na derrota para a Bélgica nas quartas de final.

 

Casemiro e Zidane após uma das três Champions consecutivas que conquistaram juntos no Real Madrid

 

THIAGO SILVA — Mesmo jogando muito bem nas duas primeiras partidas no Qatar, Thiago Silva teve sua convocação e titularidade questionadas por conta dos seus 38 anos, com os quais se tornou o jogador mais velho a jogar pelo Brasil numa Copa do Mundo. Se calou boca dos críticos com seu futebol seguro e elegante, com técnica que não é comum a um zagueiro, é fato que está numa idade em que ser poupado contra Camarões não faria nenhum mal.

VINI JR, RICHARLISON E RAPHINHA — Entre os atacantes só um atuou bem nos dois primeiros jogos: Vini Jr. Com seu futebol de dribles e velocidade, caindo pela esquerda, todos os treinadores que a Seleção Brasileira enfrentar no Qatar sabem disso. Tanto que o da Suíça, Murat Yakin, o marcou sempre com um jogador no combate direto e outro, às vezes até dois, na sobra. Ele chegou a marcar um gol, bem anulado pelo VAR, pela participação na jogada em posição de impedimento de Richarlison. O centroavante não voltou a jogar bem como fez na estreia contra a Sérvia, quando marcou dois gols e encantou o mundo com o belo voleio do segundo. Atuando na direita do ataque, Raphinha teve duas atuações abaixo do esperado.

 

Sem Neymar, o quarteto de ataque titular do Brasil foi reduzido em número ao trio Vini Jr, Richarlison e Raphinha

 

FRED E PAQUETÁ — Titular do time até a Copa, quando saiu para dar lugar a Vini Jr, o volante Fred entrou jogando contra a Suíça, na vaga aberta pela contusão de Neymar. Mas não atuou bem e ainda levou um cartão amarelo, o único até agora recebido em uma Seleção Brasileira que tanto tem se destacado pela sua defesa. Após ter atuado como segundo volante contra a Sérvia, adiantado no jogo seguinte à função de meia de ligação, mais perto do ataque, Lucas Paquetá também não teve até agora uma boa apresentação. Tanto que foi sacado por Tite ainda no intervalo do jogo contra a Suíça, para a entrada de Rodrygo.

 

Fred e Lucas Paquetá, que não convenceu como volante, nem como meia de ligação (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

ALEX TELLES E DANIEL ALVES — É certo que Tite poupará titulares na sexta. Mas, por enquanto, o único reserva com escalação certa é o lateral esquerdo Alex Telles, que entrou contra a Suíça após Alex Sandro sentir a contusão muscular no quadril. Questionado por sua convocação aos 39 anos e atuando no futebol do México, Daniel Alves também deve ter uma chance, como lateral direito ou meia, contra Camarões. Que, na única vez que cruzou com o Brasil em Mundial, foi também em fase de grupos, no segundo jogo de ambos na Copa de 1994. Que terminou com a vitória brasileira por 3 a 0, sem que o hoje auxiliar técnico Taffarel tivesse sido exigido no gol. Mas como os camaroneses ainda têm chance de classificação em 2022, caso vençam, a ideia de jogo-treino tem seus limites de prudência.

 

Lateral esquerdo Alex Telles, substituto de Alex Sandro contundido, e o questionado Daniel Alves, que pode ter chance de jogar na sexta (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

GANA NAS OITAVAS? — Se, como tudo indica, o Brasil confirmar a primeira colocação no Grupo G — a única que tem chance matemática de ultrapassá-lo é a Suíça, que encara na sexta a Sérvia —, pegará nas oitavas de final, às 16h de segunda, o segundo colocado do Grupo H. Hoje, a posição é ocupada por Gana, que tem 3 pontos, atrás dos 6 pontos do líder Portugal. É uma seleção africana da mesma escola de técnica e força física de Camarões. A Seleção Brasileira já bateu a ganesa em oitavas de Copa do Mundo, em 2006, por outros 3 a 0.

URUGUAI? — Gana fará sua última partida da primeira fase também na sexta, ao meio-dia, contra o Uruguai. Que tem apenas 1 ponto e precisa vencer de qualquer maneira para passar à fase seguinte no Qatar. As chances estão mais para os africanos, que podem jogar pelo empate. Mas se conseguirem vencê-los, não será a primeira história de superação dos uruguaios no futebol. Nem só o segundo jogo que fariam numa Copa do Mundo contra o Brasil. Que entrará em campo contra Camarões já sabendo quem será seu próximo adversário.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Copa e Brasil antes da Suíça no Folha no Ar desta 2ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

O jornalista Antunis Clayton, ex-editor-geral da Folha da Manhã, e a professora de educação física Heloísa Landim, técnica de handebol, são os convidados para abrir a semana do Folha no Ar nesta segunda (28), ao vivo a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Algumas horas antes de o Brasil entrar em campo no Qatar, para encarar a Suíça pela segunda rodada da Copa do Mundo, eles projetarão as possibilidades do time do técnico Tite, desfalcado do atacante Neymar e do lateral direito Danilo, na competição.

Antunis e Heloísa também analisarão os principais favoritos e zebras, até aqui, da primeira Copa do Mundo sediada em uma teocracia islâmica do Oriente Médio, considerada misógina e homofóbica pelos padrões ocidentais. Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta segunda poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.

 

Brasil sem Neymar entre os “cachorros grandes” do Qatar

 

Voleio de Richarlison deu números finais ao Brasil 2 a 0 Sérvia, em movimento que reproduziu a espiral de Leonardo Finobacci  formulada no século 12, composta de uma sequência de números que cresce pela soma dos dois números anteriores da sequência

Titulares do Brasil na convincente estreia de 2 a 0 sobre a Sérvia na Copa do Mundo do Qatar, na última quinta (24), o atacante Neymar e o lateral direito Danilo se contundiram na partida e estão fora dos outros dois jogos da fase de grupos. O próximo será às 13h (de Brasília) desta segunda (28) no Stadium 974, contra a Suíça, que venceu Camarões por 1 a 0 também na quinta, pelo Grupo G. A seleção africana enfrentará agora a Sérvia, às 7 da manhã de segunda, antes de pegar o time de Tite às 16h desta sexta (2), novamente no Lusail Stadium. Foi onde o centroavante Richarlison inflou o peito brasileiro de orgulho, como pombo, apelido do jogador. Não só pelos dois gols que marcou, mas pela obra de arte que esculpiu diante do mundo no belo voleio do segundo.

 

O lateral direito Danilo e o atacante Neymar sofreram contusões no tornozelo contra a Sérvia e desfalcam o Brasil pelo menos nos dois próximos jogos da Copa

 

NO LUGAR DE NEYMAR? — Neymar e Danilo tiveram lesões nos ligamentos do tornozelo, o atacante no direito e o lateral no esquerdo, reveladas em exames feitos na manhã de ontem. Para substituir Neymar, há duas opções. A primeira é entrar com Fred como segundo volante, adiantando Lucas Paquetá da posição à de meia de ligação. Fred perdeu a titularidade para o atacante Vini Jr, outro que jogou bem na estreia do Brasil, dando passe aos dois gols de Richarlison. Para manter a escalação ofensiva com quatro atacantes, a alternativa à vaga de Neymar seria Rodrygo, de apenas 21 anos, em grande fase no Real Madrid e melhor dos cinco que saíram do banco ao campo contra a Sérvia. Mas o mais provável é que Tite opte por Fred, em busca de equilíbrio à equipe. E deixe Rodrygo como opção para tornar o time mais incisivo no decorrer das partidas. Uma terceira alternativa, que corre por fora, é Everton Ribeiro, meia de ligação do Flamengo.

 

O volante Fred, o atacante Rodrygo e o meia ofensivo Everton Ribeiro são as opções de Tite para substituir Neymar (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

NO LUGAR DE DANILO? — O maior dilema de Tite é o substituto de Danilo. Seu reserva imediato na lateral direita é o veterano Daniel Alves, convocação mais contestada da Seleção Brasileira à Copa, por torcida e imprensa. Com passagem brilhante no grande Barcelona de Messi, Xavi e Iniesta, entre 2008 e 2016, clube ao qual voltou em rápida passagem entre 2021 e junho deste ano, após passagem frustrante pelo São Paulo, o jogador atua hoje no Pumas, do México. Presente nas Copas do Mundo de 2010 (reserva), 2014 (titular), ficou fora de 2018 por lesão. Aos 39 anos, muitos consideravam seu ciclo na Seleção encerrado, até ser convocado ao Qatar por Tite. Que pode também adaptar o zagueiro reserva Eder Militão, numa formação mais defensiva. Mas, se fizer isso, justificará as críticas que recebeu por convocar Dani Alves.

 

O veterano lateral direito Daniel Alves e o zagueiro Eder Militão são as opções de Tite para substituir Danilo (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

THIAGO SILVA E CASEMIRO — Por suas convicções, o treinador gaúcho pode empilhar suas fichas sobre o veterano lateral. Embora possa se expor a críticas severas, se Dani Alves for batido por atacantes suíços como Shakiri ou Embolo na segunda, Tite teve motivos sobre a Sérvia para apostar na experiência. Também contestado pela idade, o zagueiro Thiago Silva, aos 38 anos, teve atuação irretocável. Quando se tornou o jogador mais velho a jogar pelo Brasil numa Copa, superando o lateral direito bicampeão mundial Djalma Santos, que atuou aos 37 na Copa de 1966. Cinquenta e seis anos depois, além de Thiago e o companheiro de zaga Marquinhos, outro destaque na estreia da Seleção no Qatar foi o primeiro volante Casemiro. Hoje no Manchester United, ele teve passagem marcante no Real Madrid, onde foi feito titular por um técnico que entende um pouquinho de meio de campo: Zidane.

 

Os zagueiros Thiago Silva e Marquinhos e o volante Casemiro deram a espinha dorsal da consistência defensiva que foi a maior virtude coletiva do Brasil em sua estreia na Copa do Mundo do Qatar  (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

ESTREIAS DE FAVORITO — Além do Brasil, três outras seleções tiveram estreias de favorita na primeira rodada da Copa. A Inglaterra, que meteu 6 a 2 no Irã na segunda (21), pelo Grupo B; a França, que virou de 4 a 1 sobre a Austrália na terça (22), pelo Grupo D; e a Espanha, que sapecou 7 a 0 na Costa Rica na quarta (23), pelo Grupo E. Mas, herdeira do futebol clássico da antiga Iugoslávia e classificada nas eliminatórias europeias à frente de Portugal, a Sérvia é um time muito mais qualificado que Irã, Austrália e Costa Rica. Tem bons jogadores de frente como Tadic e Mitrovic, pressionou a saída de bola brasileira nos 30 primeiros minutos, mas não ameaçou o gol de Alisson em nenhum momento da partida. Mais até do que o voleio com que o “Pombo” voou no Qatar, ou das várias oportunidades de gol criadas no segundo tempo, a consistência defensiva foi a grande virtude coletiva do time de Tite.

 

Todos com estrelas de campeões mundiais em seus escudos, o Brasil, a Inglaterra, a França e a Espanha fizeram as estreias mais convincentes na Copa do Mundo do Qatar (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

INGLATERRA, FRANÇA E ESPANHA x ALEMANHA — Ontem, pela segunda rodada, a Inglaterra foi pressionada e tomou bola na trave no empate de 0 a 0 com uma sua ex-colônia: os EUA. Que tem um time talvez à altura da Sérvia, batida com tranquilidade pelo Brasil. A quem a França pode ensinar como superar ausências, após perder por contusão meias da qualidade de Kanté e Pogba, além do centroavante Benzema, parceiro de Vini Jr no ataque do Real Madrid e hoje considerado o melhor jogador do mundo. Os franceses encaram às 13h de hoje a Dinamarca, outra seleção de bom nível, como Sérvia e EUA. Por sua vez, a Espanha terá às 16h deste domingo o jogo que mais promete nesta fase de grupos, contra a Alemanha. Que, após ser derrotada de virada por 1 a 2 pelo Japão na primeira rodada, precisa da vitória para se manter viva no Qatar. Tanto quanto os espanhóis, para não perderem o primeiro lugar do grupo, caso os aguerridos japoneses vençam a fraca Costa Rica às 7h da manhã do mesmo dia.

NEYMARDEPENDÊNCIA? — Só após a definição dos confrontos dos demais “cachorros grandes”, um Brasil aparentemente sem a coleira da “neymardependência” que o marcou em 2014 e 2018 encara a Suíça em 2022. Contra quem, com Neymar, mas sem Richarlison e Vini Jr, empatou de 1 a 1 na estreia das duas seleções na Copa do Mundo de quatro anos atrás.

 

Página 12 da edição de hoje da Folha da Manhã

 

O que esperar do Brasil contra a Sérvia na estreia da Copa?

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Os jornalistas Sebastião Carlos Freitas, ex-editor-geral da Folha da Manhã, e Silvana Venâncio são os convidados do Folha no Ar desta quinta (24), ao vivo a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Eles analisarão o que se esperar da estreia do Brasil na Copa do Mundo no Qatar. Que pode escalar um quarteto ofensivo contra a Sérvia, se o atacante Vini Jr ganhar a vaga de titular do volante Fred, no time que entrará em campo às 16h de Brasília.

Sebastião e Silvana também analisarão, até o Folha no Ar de amanhã de manhã, os destaques e zebras do primeiro Mundial de futebol masculino sediado em uma teocracia islâmica do Oriente Médio, considerada misógina e homofóbica pelos padrões ocidentais. Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta quinta poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.

 

Com Vini Jr, Brasil estreia no ataque contra a Sérvia

 

Dois grande nomes do ataque do Brasil no futebol mundial: Vini Jr, novo titular do time de Tite, e Neymar

O atacante Vini Junior ou o volante Fred? Até ontem (22), essa era a dúvida do time com que o técnico Tite contra a Sérvia, na estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Qatar, às 16h de Brasília desta quinta (24). A cobrança da torcida e da imprensa, no Brasil e no mundo, pela condição de titular do jovem atacante do Real Madrid, parece ter funcionado. Se nada mudar até o início do jogo no Lusail Stadium, o time que busca o Hexa entrará em campo com Alisson, Danilo, Thiago Silva, Marquinhos e Alex Sandro; Casemiro e Lucas Paquetá; Raphinha, Richarlison, Neymar e Vini Junior. Com quatro nos nove atacantes convocados por Tite, é a escalação mais ofensiva do Brasil em Copa desde o “quadrado mágico” de 2006, composto de Kaká, Adriano, Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho.

SÉRVIA — Herdeira da escola de futebol clássico da antiga Iugoslávia, como a Croácia vice-campeã do Mundial de 2018, a Sérvia é considerada o adversário teoricamente mais difícil do Brasil no Grupo G. No qual Suíça e Camarões farão o jogo de estreia na mesma quinta, às 7h da manhã de Brasília. Como curiosidade, a Seleção Brasileira também enfrentou Sérvia e Suíça na fase de grupos da Copa de 2018, na Rússia. Foi quando bateu a primeira por 2 a 0 e empatou com a segunda, em 1 a 1. Quatro anos depois, os sérvios não são os mesmos. E devem entrar em campo com V. Milinkovic-Savic; Veljkovic, Milenkovi e, Pavlovic; Zivkovic, Lukic, S. Milinkovic-Savic, Kostic; Tadic; Mitrovic e Vlahovic. Que têm como treinador Dragan Stojokovic. O ex-craque comandou dentro de campo a Iugoslávia nas Copas de 1990 (5º lugar) e 1998 (10º lugar). Hoje, na Sérvia, sua camisa 10 é envergada pelo habilidoso Tadic.

Vini Jr é observado à beirada do campo pelo técnico Tite, que escalou o jovem atacante do Real Madrid como titular após muita pressão da torcida e da imprensa, no Brasil e no mundo

BRASIL DO MEIO À FRENTE — Como um vencedor entre Brasil e Sérvia pode definir já na primeira das três rodadas o líder do Grupo G, até ontem Fred era mais cotado para entrar jogando. Com o atleta do Manchester United, mais o titular indiscutível Casemiro, Tite teria dois volantes de origem no meio de campo. Que seria complementado por Paquetá como meia de ligação. Seria uma formação mais defensiva que traria no ataque Neymar, caindo mais à esquerda, Richarlison como referência central e Raphinha à direita. Com a confirmação de Vini Jr como titular, ele cairá à esquerda e Paquetá recuará a segundo volante, mantendo função de criação. O que dará mais liberdade para Neymar flutuar no ataque e fazer a ligação com o meio de campo. As referências serão essas, sem ninguém guardar posição fixa. Com jogadores rápidos, leves e criativos, a tática é o movimento.

MAIORES CRAQUES BRASILEIROS — Embora os olhos da torcida e até da crítica especializada costumem se focar nos jogadores do meio para frente, os maiores craques do Brasil talvez estejam na defesa. O goleiro Alisson, do Liverpool, e o experiente zagueiro Thiago Silva, capitão do Chelsea e do time de Tite, são os dois jogadores do presente que mais teriam condições de brigar por posição em qualquer grande Seleção Brasileira do passado.

 

O experiente zagueiro Thiago Silva e o goleiro Alisson, dois maiores craques da Seleção Brasileira

 

OS LATERAIS — Pela evolução tática do futebol mundial e necessidade de equilíbrio, a defesa de Tite deve apresentar uma diferença ao passado. Com quatro atacantes à frente — Raphinha caindo mais à direita e Vini Jr mais à esquerda — foi-se o tempo dos laterais apoiadores que tanto marcaram o Brasil nas Copas. É assim desde que o lateral-esquerdo Nilton Santos, “Enciclopédia do Futebol”, subiu para marcar um gol contra a Áustria na Copa de 1958, na Suécia, primeiro Mundial do Brasil. Hoje, 64 anos depois, o lateral-direito Danilo, da Juventus, deve subir menos do que seu antecessor mais recente Cafu (Copas de 1994, 1998, 2002 e 2006). Como, na lateral-esquerda, Alex Sandro, também da Juventus, não deve apoiar como Roberto Carlos (1998, 2002 e 2006) na esteira de Nilton. Tanto quanto ao ataque, é regra sem rigidez. Mas, para não desguarnecer os lados da defesa, é recomendado.

ARGENTINA, INGLATERRA E FRANÇA — O Brasil chegou ao Qatar considerado um favorito ao título. Seu mais tradicional rival, a Argentina, também era. Los hermanos chegaram à ultima Copa do gênio Lionel Messi invictos há 36 jogos. E perderam ontem o da estreia, por 1 a 2, na virada da pouco temida Arábia Saudita, que hoje decretou feriado em seu país pelo feito. No cartão de visitas, que pode ser reescrito, apenas a Inglaterra e a França confirmaram até aqui o favoritismo. Completos, os ingleses golearam o Irã por 6 a 2 na segunda (21). Já os atuais campeões franceses, mesmo desfalcados de Kante, Pogba e Benzema, golearam a Austrália, de virada, por 4 a 1. Em tese, Arábia Saudita, Irã e Austrália são times inferiores à Sérvia.

OUTROS COTADOS — Outras seleções cotadas nas casas de aposta ao título, a Holanda venceu o Senegal na segunda por 2 a 0, mas não convenceu diante do campeão africano desfalcado do seu craque Mané. Hoje, a Alemanha estreia contra o Japão, a Espanha pega a Costa Rica e a decantada geração da Bélgica, ainda à caça de taça, encara o Canadá. Menos cotados, mas ainda assim presentes nas apostas, a atual vice-campeã Croácia do maestro Modric estreia hoje contra o Marrocos. Amanhã, será a vez do Uruguai de Cavani, Suárez e o rubro-negro De Arrascaeta encarar a Coréia do Sul. Quando o Portugal do envelhecido craque Cristiano Ronaldo e algumas jovens boas promessas terá Gana pela frente.

O VERADEIRO DESAFIO — Com Vini Jr titular, o Brasil tem na quinta a Sérvia, tem a Sérvia na quinta. A confirmar contra ela seu favoritismo, terá depois a Suíça na segunda do dia 28, e Camarões na sexta seguinte de 2 de dezembro. Se deles passar, como a teoria indica, terá só depois seu verdadeiro desafio ao Hexa, quando será matar ou morrer: quebrar o jejum de não vencer uma seleção europeia em jogo eliminatório de Copa do Mundo desde a final em que bateu a Alemanha por 2 a 0 em 2002. O que fez, e até aqui não repetiu, há exatos 20 anos.

No ano da Graça de 2022, os deuses do futebol tecem o destino nos campos do Islã.

 

Página 8 da edição de hoje da Folha da Manhã

 

Política pela psicanálise e psiquiatria no Folha no Ar desta 3ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

A psicanalista Elisa Peralva e o médico psiquiatra Flávio Mussa Tavares são os convidados do Folha no Ar da manhã desta terça (22), ao vivo a partir das 7h, na Folha FM 98,3. Eles analisarão pela psicanálise e pela psiquiatria a polarização política no Brasil, a eleição presidencial definida em 30 de outubro e as reações dos perdedores com bloqueios de estradas e peregrinação contra a democracia na porta de quartéis militares pelo país.

Elisa e Flávio também falarão sobre o fechamento recente do Hospital Psiquiátrico Dr. João Viana em Campos e do fim do tratamento manicomial. Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta terça pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.

 

O que esperar do Brasil com Lula e na Copa do Qatar?

 

Treino é treino, jogo é jogo — O que esperar do Brasil com Lula e na Copa?

 

O que esperar do Brasil no novo governo Lula e na Copa do Mundo de futebol masculino no Qatar? Antes de a bola rolar, tudo serão só prognósticos. Aqueles feitos com conhecimento de causa e pautados pela razão, a despeito da torcida a favor ou contra, sempre terão mais chance de êxito. Mas garantia, em um caso e no outro também, só a do Mestre Didi, campista, maior meia direita da história do futebol e, mesmo ao lado de Pelé e Garrincha, o grande craque do nosso primeiro Mundial, em 1958, na Suécia: “treino é treino, jogo é jogo”.

Ainda na fase de treino, Lula participou esta semana da 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP27), no Egito. Onde já chegou na terça (15) metendo lençol nos quatro anos de solidão geopolítica do governo Jair Bolsonaro (PL), ao se reunir com Xie Zhenhua, da China, e John Kerry, dos EUA, representantes das duas maiores economias e poluidores da Terra.

 

Lula com John Kerr, dos EUA, e com Xie Zhenhua, da China, no Egito

 

Osvaldo Aranha

Na quarta (16), Lula foi ovacionado pela imprensa internacional ao propor uma aliança para combater a fome no planeta e cobrar dos países ricos recursos para enfrentamento das mudanças climáticas nos países mais pobres. E, para enterrar ainda respirando por aparelhos um governo que chegou a se orgulhar em proclamar “que sejamos pária”, com o ex-chanceler olavista Ernesto Araújo, o presidente eleito ressuscitou o orgulho do país de Osvaldo Aranha ao afirmar: “O Brasil está de volta”. E ouviu de volta o coro do mundo: “O Brasil voltou”.

 

 

Foi na mesma quarta em que, do lado de cá do oceano Atlântico, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), entregou ao Congresso a PEC da Transição. No qual propôs deixar o Bolsa Família, rebatizado por Bolsonaro de Auxílio Brasil na tentativa fracassada de se reeleger, fora do teto de gastos. O que implicaria em gasto extra de R$ 175 bilhões em 2023, para manter o benefício federal de R$ 600,00 aos brasileiros pobres. Os mesmos que pegaram o dinheiro de Bolsonaro com uma mão e votaram em Lula com a outra. O motivo? No país em que o primeiro negava existir fome, 33 milhões de pessoas passavam e ainda passam fome.

 

 

Com a ameaça ao teto de gastos, o mercado reagiu imediatamente com queda da Bolsa de Valores e o aumento do dólar. É o mesmo mercado que apoiou majoritariamente o primeiro presidente da História do Brasil a perder uma reeleição, após ter reservado R$ 19 bilhões ao Orçamento Secreto em 2023, tirando dinheiro da merenda escolar e do tratamento de brasileiros com câncer. Instituído pelo governo Michel Temer (MDB) em 2016, o teto de gastos foi arrombado pela dupla Paulo Guedes/Bolsonaro em R$ 795 bilhões entre 2019 e 2022. Sem correção pelo IPCA, foram quase R$ 200 bilhões por ano, mais que os R$ 175 bilhões pedidos a 2023. E ruidoso com Lula, o mercado fez, literalmente, ouvidos de mercador com Bolsonaro.

Na quinta (17), ainda no Egito, Lula reagiu também ruidosamente aos dois pesos e duas medidas do mercado entre ele e um Bolsonaro agora calado: “Ah, mas se eu falar isso vai cair a bolsa, vai aumentar o dólar? Paciência! Porque o dólar não aumenta e a bolsa não cai por conta das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que vivem especulando todo santo dia. Nós vamos cumprir meta de inflação, sim. Mas nós temos que ter meta de crescimento. Como vamos fazer que a riqueza seja distribuída”.

 

 

O mercado reagiu imediatamente no Brasil, com mais queda da Bolsa e alta do dólar. Que recuaram ao final do dia, após a ação sempre diligente e equilibrada de Alckmin. E o desligamento de Guido Mantega da equipe de transição. Onde nunca deveria ter estado, após conduzir o Brasil à maior recessão da sua história como ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff (PT), tão desastroso economicamente quanto Guedes/Bolsonaro.

 

Dupla Dilma Rousseff e Guido Mantega produziu entre 2011 e 2015 a maior recessão econômica da História do Brasil

 

Christiano Abreu Barbosa

Contra quem crê nas fake news que afirmam o contrário sobre os ex-condutores ainda em exercício da economia do país, é comum se apelar à falácia da pandemia da Covid. Sobre o que observou didaticamente o empresário Christiano Abreu Barbosa, como a explicar que a Terra é redonda: “Entre 24 países emergentes, o Brasil ficará em 18º em desempenho de PIB no período do atual governo. A pandemia valeu para todos. A tal decolagem de Guedes/Bolsonaro nunca aconteceu. Perderia até para os antecessores do 14 Bis”.

 

Em 1906, o brasileiro Alberto Santos Dumont espanta o mundo ao conseguir decolar há poucos metros do chão de Paris com o seu 14 Bis

 

“Natural que o mercado reaja com desconfiança, que a Bolsa caia, que o dólar suba. Até agora não se sabe qual será a direção da economia no governo Lula. Ele continua soltando bravatas e seus eleitores, trocando de posição com os de Bolsonaro, agora passam pano. Os de Bolsonaro, que antes passavam pano, agora atacam as declarações do presidente”, também analisou corretamente Christiano. Ele só esqueceu de dizer que as críticas às bravatas de Lula não vieram só “dos especuladores que vivem especulando todo santo dia”. Mas de nomes do mercado que criaram o Plano Real a partir de 1994, maior conquista econômica do Brasil desde a sua redemocratização em 1985. E que, após verem sua obra ao país erodida por Mantega/Dilma e Guedes/Bolsonaro, declararam apoio a Lula no 2º turno de 2022.

 

Pais do Real, Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan

 

“Caro presidente eleito Lula, assistimos a sua fala nesta quinta cedo na COP27, no Egito. Acredite que compartilhamos de suas preocupações sociais e civilizatórias, a sua razão de viver. Não dá para conviver com tanta pobreza, desigualdade e fome aqui no Brasil. O desafio é tomar providências que não criem problemas maiores do que os que queremos resolver. A alta do dólar e a queda da Bolsa não são produto da ação de um grupo de especuladores mal-intencionados. A responsabilidade fiscal não é um obstáculo ao nobre anseio de responsabilidade social (…) dólar alto significa arrocho salarial, causado pela inflação que vem a reboque (…) São todos sintomas da perda de confiança na moeda nacional, cuja manifestação mais extrema é a escalada da inflação. Quando o governo perde o seu crédito, a economia se arrebenta. Quando isso acontece, quem perde mais? Os pobres! (…) O crédito público no Brasil está evaporando. Hora de tomar providências, sob pena de o povo outra vez tomar na cabeça”, assinaram em carta aberta os economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan, ex-integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). E, como este, eleitores de Lula no último dia 30 de outubro.

Na sexta (18), já em Portugal, saudado também na Europa pelo retorno do Brasil ao mundo, Lula parece ter entendido o “puxão de orelhas”. Não ao seu objetivo social, mas à necessária modulação do seu discurso. Ao lado do primeiro-ministro português António Costa, o petista disse: “Eu queria dizer da minha alegria de ter uma carta, de pessoas importantes, ex-ministros, me alertando dos problemas econômicos e aconselhando. Eu sou um cara muito humilde e gosto de conselho. Se o conselho for bom, pode ter certeza que eu sigo”. Confirmou promessas de campanha e ressalvou: “Vou voltar a aumentar o salário todo ano, a gerar emprego nesse país e nós vamos voltar a ser responsáveis do ponto de vista fiscal, sem precisar atender tudo que o sistema financeiro quer”.

 

 

E o Brasil na Copa do Qatar, que se inicia neste domingo? Sem a cerveja de Lula proibida pela teocracia islâmica, como a que sonham implantar aqui alguns evangélicos cristãos, o Brasil tem chances? Tem! Basta vencer uma seleção europeia em jogo eliminatório. O que não faz em Copa do Mundo desde a final em que bateu a Alemanha por 2 a 0. Foi há 20 anos.

Fã de futebol, Lula já disse que, quando jovem, gostava de jogar com a camisa 8 por causa de Didi. Que estava certo: treino é treino, jogo é jogo. E o treino foi forte esta semana.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.