Com Vini Jr, Brasil estreia no ataque contra a Sérvia

 

Dois grande nomes do ataque do Brasil no futebol mundial: Vini Jr, novo titular do time de Tite, e Neymar

O atacante Vini Junior ou o volante Fred? Até ontem (22), essa era a dúvida do time com que o técnico Tite contra a Sérvia, na estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Qatar, às 16h de Brasília desta quinta (24). A cobrança da torcida e da imprensa, no Brasil e no mundo, pela condição de titular do jovem atacante do Real Madrid, parece ter funcionado. Se nada mudar até o início do jogo no Lusail Stadium, o time que busca o Hexa entrará em campo com Alisson, Danilo, Thiago Silva, Marquinhos e Alex Sandro; Casemiro e Lucas Paquetá; Raphinha, Richarlison, Neymar e Vini Junior. Com quatro nos nove atacantes convocados por Tite, é a escalação mais ofensiva do Brasil em Copa desde o “quadrado mágico” de 2006, composto de Kaká, Adriano, Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho.

SÉRVIA — Herdeira da escola de futebol clássico da antiga Iugoslávia, como a Croácia vice-campeã do Mundial de 2018, a Sérvia é considerada o adversário teoricamente mais difícil do Brasil no Grupo G. No qual Suíça e Camarões farão o jogo de estreia na mesma quinta, às 7h da manhã de Brasília. Como curiosidade, a Seleção Brasileira também enfrentou Sérvia e Suíça na fase de grupos da Copa de 2018, na Rússia. Foi quando bateu a primeira por 2 a 0 e empatou com a segunda, em 1 a 1. Quatro anos depois, os sérvios não são os mesmos. E devem entrar em campo com V. Milinkovic-Savic; Veljkovic, Milenkovi e, Pavlovic; Zivkovic, Lukic, S. Milinkovic-Savic, Kostic; Tadic; Mitrovic e Vlahovic. Que têm como treinador Dragan Stojokovic. O ex-craque comandou dentro de campo a Iugoslávia nas Copas de 1990 (5º lugar) e 1998 (10º lugar). Hoje, na Sérvia, sua camisa 10 é envergada pelo habilidoso Tadic.

Vini Jr é observado à beirada do campo pelo técnico Tite, que escalou o jovem atacante do Real Madrid como titular após muita pressão da torcida e da imprensa, no Brasil e no mundo

BRASIL DO MEIO À FRENTE — Como um vencedor entre Brasil e Sérvia pode definir já na primeira das três rodadas o líder do Grupo G, até ontem Fred era mais cotado para entrar jogando. Com o atleta do Manchester United, mais o titular indiscutível Casemiro, Tite teria dois volantes de origem no meio de campo. Que seria complementado por Paquetá como meia de ligação. Seria uma formação mais defensiva que traria no ataque Neymar, caindo mais à esquerda, Richarlison como referência central e Raphinha à direita. Com a confirmação de Vini Jr como titular, ele cairá à esquerda e Paquetá recuará a segundo volante, mantendo função de criação. O que dará mais liberdade para Neymar flutuar no ataque e fazer a ligação com o meio de campo. As referências serão essas, sem ninguém guardar posição fixa. Com jogadores rápidos, leves e criativos, a tática é o movimento.

MAIORES CRAQUES BRASILEIROS — Embora os olhos da torcida e até da crítica especializada costumem se focar nos jogadores do meio para frente, os maiores craques do Brasil talvez estejam na defesa. O goleiro Alisson, do Liverpool, e o experiente zagueiro Thiago Silva, capitão do Chelsea e do time de Tite, são os dois jogadores do presente que mais teriam condições de brigar por posição em qualquer grande Seleção Brasileira do passado.

 

O experiente zagueiro Thiago Silva e o goleiro Alisson, dois maiores craques da Seleção Brasileira

 

OS LATERAIS — Pela evolução tática do futebol mundial e necessidade de equilíbrio, a defesa de Tite deve apresentar uma diferença ao passado. Com quatro atacantes à frente — Raphinha caindo mais à direita e Vini Jr mais à esquerda — foi-se o tempo dos laterais apoiadores que tanto marcaram o Brasil nas Copas. É assim desde que o lateral-esquerdo Nilton Santos, “Enciclopédia do Futebol”, subiu para marcar um gol contra a Áustria na Copa de 1958, na Suécia, primeiro Mundial do Brasil. Hoje, 64 anos depois, o lateral-direito Danilo, da Juventus, deve subir menos do que seu antecessor mais recente Cafu (Copas de 1994, 1998, 2002 e 2006). Como, na lateral-esquerda, Alex Sandro, também da Juventus, não deve apoiar como Roberto Carlos (1998, 2002 e 2006) na esteira de Nilton. Tanto quanto ao ataque, é regra sem rigidez. Mas, para não desguarnecer os lados da defesa, é recomendado.

ARGENTINA, INGLATERRA E FRANÇA — O Brasil chegou ao Qatar considerado um favorito ao título. Seu mais tradicional rival, a Argentina, também era. Los hermanos chegaram à ultima Copa do gênio Lionel Messi invictos há 36 jogos. E perderam ontem o da estreia, por 1 a 2, na virada da pouco temida Arábia Saudita, que hoje decretou feriado em seu país pelo feito. No cartão de visitas, que pode ser reescrito, apenas a Inglaterra e a França confirmaram até aqui o favoritismo. Completos, os ingleses golearam o Irã por 6 a 2 na segunda (21). Já os atuais campeões franceses, mesmo desfalcados de Kante, Pogba e Benzema, golearam a Austrália, de virada, por 4 a 1. Em tese, Arábia Saudita, Irã e Austrália são times inferiores à Sérvia.

OUTROS COTADOS — Outras seleções cotadas nas casas de aposta ao título, a Holanda venceu o Senegal na segunda por 2 a 0, mas não convenceu diante do campeão africano desfalcado do seu craque Mané. Hoje, a Alemanha estreia contra o Japão, a Espanha pega a Costa Rica e a decantada geração da Bélgica, ainda à caça de taça, encara o Canadá. Menos cotados, mas ainda assim presentes nas apostas, a atual vice-campeã Croácia do maestro Modric estreia hoje contra o Marrocos. Amanhã, será a vez do Uruguai de Cavani, Suárez e o rubro-negro De Arrascaeta encarar a Coréia do Sul. Quando o Portugal do envelhecido craque Cristiano Ronaldo e algumas jovens boas promessas terá Gana pela frente.

O VERADEIRO DESAFIO — Com Vini Jr titular, o Brasil tem na quinta a Sérvia, tem a Sérvia na quinta. A confirmar contra ela seu favoritismo, terá depois a Suíça na segunda do dia 28, e Camarões na sexta seguinte de 2 de dezembro. Se deles passar, como a teoria indica, terá só depois seu verdadeiro desafio ao Hexa, quando será matar ou morrer: quebrar o jejum de não vencer uma seleção europeia em jogo eliminatório de Copa do Mundo desde a final em que bateu a Alemanha por 2 a 0 em 2002. O que fez, e até aqui não repetiu, há exatos 20 anos.

No ano da Graça de 2022, os deuses do futebol tecem o destino nos campos do Islã.

 

Página 8 da edição de hoje da Folha da Manhã

 

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