Sem levar gols no Qatar, Brasil terá time misto contra Camarões

 

Dois destaques positivos do Brasil em seus dois primeiros jogos na Copa do Mundo no Qatar, o volante Casemiro comemora seu gol contra a Suíça, na segunda, seguido pelo atacante Vini Jr

 

Em coletiva no Qatar na manhã brasileira de ontem, o ex-goleiro tetracampeão em 1994 e hoje auxiliar técnico da CBF, Taffarel, deu a declaração mais lúcida a quem sonha com o Hexa com os pés no chão: “a nossa equipe defende muito bem (…) quando você não concede nada ao seu adversário, você mostra a sua força também (…) O Brasil não é só espetáculo, ir lá, fazer gols; a gente aprendeu a marcar também”. Nos dois primeiros jogos do time de Tite na Copa do Mundo, 2 a 0 na Sérvia e 1 a 0 na Suíça, o goleiro Alisson não fez nenhuma defesa digna de nota. E o ataque da Sérvia meteu três gols, enquanto o da Suíça marcou um na mesma defesa de Camarões, com quem a Seleção Brasileira fará seu terceiro e último jogo da fase de grupos, às 16h de Brasília desta sexta (2), no Lusail Stadium. Depois, será matar ou morrer. E, no futebol, só morre quem toma gol.

 

 

TIME MISTO CONTRA CAMARÕES — Em primeiro lugar no Grupo G, com 6 pontos, o Brasil entrará em campo já classificado às oitavas de final. Com os desfalques por contusão do atacante Neymar e do lateral direito Danilo, durante o jogo com a Sérvia, e do lateral esquerdo Alex Sandro contra a Suíça, Tite deve colocar em campo um time misto contra Camarões. Após já ter colocado em campo 19 dos 26 jogadores que levou, sete ainda esperam para jogar: os goleiros Ederson e Weverton, o lateral direito Daniel Alves, o zagueiro Bremer, o volante Fabinho, o meia Everton Ribeiro e o centroavante Pedro. Alguns podem ter a chance na sexta, para poupar titulares. Alison, os zagueiros Thiago Silva e Marquinhos, e o volante Casemiro, justamente a espinha dorsal da defesa, jogaram do início ao fim as duas primeiras partidas.

 

Espinha dorsal da defesa titular do Brasil no Qatar, com os zagueiros Thiago Silva e Marquinhos, e o volante Casemiro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

CASEMIRO — Autor do gol salvador contra a Suíça, após passe do atacante Rodrygo, que entrou bem no segundo tempo, Casemiro foi o melhor jogador na média dos dois primeiros jogos do Brasil. Considerado por muitos o melhor volante em atividade no mundo, ele foi revelado no São Paulo e hoje defende o Manchester United, após 9 anos no Real Madrid, com uma passagem pelo Porto. No clube madrilenho, seria efetivado como titular e considerado insubstituível no time tricampeão da Champions por um treinador que conhece um pouquinho de meio de campo: Zidane. Mesmo atuando na marcação, Casemiro ainda não levou cartão amarelo no Qatar. Mas na Copa de 2018, após tomar o segundo amarelo na vitória sobre o México nas oitavas, ele desfalcou o Brasil na derrota para a Bélgica nas quartas de final.

 

Casemiro e Zidane após uma das três Champions consecutivas que conquistaram juntos no Real Madrid

 

THIAGO SILVA — Mesmo jogando muito bem nas duas primeiras partidas no Qatar, Thiago Silva teve sua convocação e titularidade questionadas por conta dos seus 38 anos, com os quais se tornou o jogador mais velho a jogar pelo Brasil numa Copa do Mundo. Se calou boca dos críticos com seu futebol seguro e elegante, com técnica que não é comum a um zagueiro, é fato que está numa idade em que ser poupado contra Camarões não faria nenhum mal.

VINI JR, RICHARLISON E RAPHINHA — Entre os atacantes só um atuou bem nos dois primeiros jogos: Vini Jr. Com seu futebol de dribles e velocidade, caindo pela esquerda, todos os treinadores que a Seleção Brasileira enfrentar no Qatar sabem disso. Tanto que o da Suíça, Murat Yakin, o marcou sempre com um jogador no combate direto e outro, às vezes até dois, na sobra. Ele chegou a marcar um gol, bem anulado pelo VAR, pela participação na jogada em posição de impedimento de Richarlison. O centroavante não voltou a jogar bem como fez na estreia contra a Sérvia, quando marcou dois gols e encantou o mundo com o belo voleio do segundo. Atuando na direita do ataque, Raphinha teve duas atuações abaixo do esperado.

 

Sem Neymar, o quarteto de ataque titular do Brasil foi reduzido em número ao trio Vini Jr, Richarlison e Raphinha

 

FRED E PAQUETÁ — Titular do time até a Copa, quando saiu para dar lugar a Vini Jr, o volante Fred entrou jogando contra a Suíça, na vaga aberta pela contusão de Neymar. Mas não atuou bem e ainda levou um cartão amarelo, o único até agora recebido em uma Seleção Brasileira que tanto tem se destacado pela sua defesa. Após ter atuado como segundo volante contra a Sérvia, adiantado no jogo seguinte à função de meia de ligação, mais perto do ataque, Lucas Paquetá também não teve até agora uma boa apresentação. Tanto que foi sacado por Tite ainda no intervalo do jogo contra a Suíça, para a entrada de Rodrygo.

 

Fred e Lucas Paquetá, que não convenceu como volante, nem como meia de ligação (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

ALEX TELLES E DANIEL ALVES — É certo que Tite poupará titulares na sexta. Mas, por enquanto, o único reserva com escalação certa é o lateral esquerdo Alex Telles, que entrou contra a Suíça após Alex Sandro sentir a contusão muscular no quadril. Questionado por sua convocação aos 39 anos e atuando no futebol do México, Daniel Alves também deve ter uma chance, como lateral direito ou meia, contra Camarões. Que, na única vez que cruzou com o Brasil em Mundial, foi também em fase de grupos, no segundo jogo de ambos na Copa de 1994. Que terminou com a vitória brasileira por 3 a 0, sem que o hoje auxiliar técnico Taffarel tivesse sido exigido no gol. Mas como os camaroneses ainda têm chance de classificação em 2022, caso vençam, a ideia de jogo-treino tem seus limites de prudência.

 

Lateral esquerdo Alex Telles, substituto de Alex Sandro contundido, e o questionado Daniel Alves, que pode ter chance de jogar na sexta (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

GANA NAS OITAVAS? — Se, como tudo indica, o Brasil confirmar a primeira colocação no Grupo G — a única que tem chance matemática de ultrapassá-lo é a Suíça, que encara na sexta a Sérvia —, pegará nas oitavas de final, às 16h de segunda, o segundo colocado do Grupo H. Hoje, a posição é ocupada por Gana, que tem 3 pontos, atrás dos 6 pontos do líder Portugal. É uma seleção africana da mesma escola de técnica e força física de Camarões. A Seleção Brasileira já bateu a ganesa em oitavas de Copa do Mundo, em 2006, por outros 3 a 0.

URUGUAI? — Gana fará sua última partida da primeira fase também na sexta, ao meio-dia, contra o Uruguai. Que tem apenas 1 ponto e precisa vencer de qualquer maneira para passar à fase seguinte no Qatar. As chances estão mais para os africanos, que podem jogar pelo empate. Mas se conseguirem vencê-los, não será a primeira história de superação dos uruguaios no futebol. Nem só o segundo jogo que fariam numa Copa do Mundo contra o Brasil. Que entrará em campo contra Camarões já sabendo quem será seu próximo adversário.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

fb-share-icon0
Tweet 20
Pin Share20

Deixe um comentário