Contas de Rafael aprovadas hoje?
As contas do ex-prefeito Rafael Diniz (Cidadania), referentes ao ano de 2020, devem ser aprovadas hoje na Câmara Municipal de Campos. Com o parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE) pela reprovação, contrariá-lo requer 2/3 do Legislativo, ou 17 vereadores. Pelos mesmos motivos, era o que a ex-prefeita Rosinha Garotinho (União) precisava para aprovar suas contas de 2016. E conseguiu no último dia 15, com os 13 vereadores governistas, mais quatro dos 12 que têm os Bacellar. O argumento do governador Cláudio Castro (PL), fiador daquele acordo, deve prevalecer também agora: “político não reprova conta de político”.
Como votarão edis dos Bacellar?
Até a noite de ontem, a dificuldade na conta de somar para chegar hoje aos 17 votos estava no grupo dos Bacellar. Sete dos seus edis já teriam se comprometido com a aprovação: Marquinho Bacellar (SD), Bruno Vianna (PSD), Igor Pereira (SD), Marquinho do Transporte (PDT), Helinho Nahim (Agir), Raphael Thuin (PTB) e Fred Machado (Cidadania). Fred foi líder de governo e presidente da Câmara na gestão passada, que Helinho e Thuin integraram. Os quatro em dúvida seriam Rio Lu (PDT), Dandinho Rio Preto (PSD), Maicon Cruz (sem partido), Anderson de Matos (Rep) e Rogério Matoso (União). Este, também foi secretário de Rafael.
Wladimir é rede sob Rafael
Um dos principais nomes do governo Rafael, o jornalista Alexandre Bastos é hoje subdiretor de Comunicação na Alerj. Onde é um dos principais assessores do deputado Rodrigo Bacellar (PL), presidente do Legislativo fluminense. Leal ao ex-prefeito, Bastos vem trabalhando com Rodrigo pela aprovação das contas de 2020 na Câmara de Campos. Que tem como rede embaixo do trapézio do neto do ex-prefeito Zezé Barbosa, numa ironia do destino, o filho do ex-governador Anthony Garotinho (União): Wladimir. Os edis do grupo dos Bacellar que não seguirem seu líder darão lugar aos edis governistas para se chegar ao mínimo de 17.
Contas de hoje e amanhã
Se os 12 vereadores do grupo de Rodrigo votarem hoje pela aprovação, os cinco governistas que os acompanharão serão Juninho Virgílio (União), Edson Batista (Podemos), Paulo Arantes (PDT), Fred Rangel (PSD) e Abdu Neme (Avante). Mas, se algum dos edis dos Bacellar for contra, será substituído por algum dos oito colegas restantes da base, para se chegar aos 17. Podem ser até aqueles mais marcados, na Legislatura passada ou atual, pela crítica a Rafael. A posição de Wladimir não só reforça a postura apaziguadora que o diferencia do pai. É também pragmática: se aprovar as contas de Rafael hoje, trabalha para aprovar as suas amanhã.
Pacificação atacada
A opinião sobre a pacificação entre Garotinhos e Bacellar, da qual Rafael deve se beneficiar hoje, não é unânime. “Faz falta na política, realmente, você fazer uma discussão, questionar. É por isso que nós temos hoje uma situação atípica. E eu lamento muito estarmos assistindo a esse melancólico cenário que resolveram chamar de ‘pacificação’. Que não tem nada. Existem muitos interesses dentro desse contexto, que não vale a pena a gente ressaltar aqui”, disse no início da manhã de ontem José Alves de Azevedo Neto. Economista da Uenf e professor da Universo, ele foi o entrevistado do Folha no Ar, na Folha FM 98,3.
Vanguarda do atraso?
Defensor da pré-candidatura do seu irmão, o reitor do IFF, professor Jefferson Manhães de Azevedo, a prefeito de Campos em 2024 pelo PT, José Alves criticou também o bolsonarismo dominante no município. Que se confirmou no segundo turno da eleição presidencial de 2022. “A cidade nossa deu 65% dos votos a Bolsonaro (63,14% dos votos válidos, contra 36,86% do presidente eleito Lula). Vamos fazer uma mudança em Campos? Com essa sociedade extremamente conservadora, eu garanto que a gente não vai mudar nada. Essa cabeça do campista é virada para trás; é a vanguarda do atraso”, disparou o economista.
Aprovação de Lula
Outro fruto do polo universitário que Campos se tornou, o geógrafo William Passos, com especialização doutoral em Estatística pelo IBGE, analisou para a coluna os números da nova pesquisa Datafolha sobre a avaliação dos três primeiros meses do novo governo Lula. Feita com 2.028 eleitores entre 29 e 30 de março, foi divulgada na noite de sábado (1º). “Considerada a margem de erro de 2 pontos para mais ou menos, os 38% de aprovação aos 90 dias de Lula não diferem muito dos 39% de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), no mesmo período de 1995. Nem do primeiro governo Lula: 43%, em março de 2003”, comparou.
Reprovação de Lula
Após uma eleição definida pela grande rejeição aos dois candidatos que foram ao segundo turno presidencial, onde Lula bateu Bolsonaro por apenas 1,8 ponto, William deu o outro lado da moeda. “Fernando Henrique iniciou abril de 1995 com 16% de ruim ou péssimo, enquanto Lula registrou 10% de desaprovação em abril de 2003. Na pesquisa Datafolha de 2023, o líder petista abriu seu quarto mês de governo com 29% de ruim ou péssimo. Além da polarização política de outubro passado e da alta rejeição confirmada nas urnas por uma vitória apertada, a desaprovação de Lula hoje é cerca de três vezes superior”, alertou o estatístico.
Publicado hoje na Folha da Manhã.