Entre o final da madrugada e início da manhã da última quarta-feira (5), por volta das 5h30 da manhã, enquanto nascia o sol ainda forte de abril, morreu aos 67 anos o jornalista João Noronha Neto. Ele foi vítima das complicações de um AVC hemorrágico, na UPA de São João da Barra, onde tinha se internado duas semanas antes, para tratar de uma pneumonia. Fez sua passagem às margens da BR 356, que tantas vezes cruzou desde a primeira infância. Em uma vida, mais que de repartida, completa nos dois sentidos entre Campos e Atafona.
Como pesquisador e escritor, João dedicou a Atafona seus dois livros: “Uma dama chamada Atafona”, de 2003; e “Atafona: sua história, sua gente”, de 2007. Que lhe valeram em 2019 a eleição como membro da Academia Campista de Letras (ACL), da qual tinha se licenciado para tratar da saúde. Como jornalista, após experiências na TV Norte Fluminense, como repetidora da Rede Globo e da Band, e no extinto jornal A Cidade, ele teve duas passagens marcantes pela redação da Folha da Manhã, entre 2005 e 2016. Onde deixou amigos e admiradores da sua correção de caráter, grande coração, zelo e dedicação profissional.
Em 12 de janeiro de 2018, quando trabalhava na assessoria de comunicação do município vizinho de Quissamã, Noronha escreveu um texto sobre os 40 anos da Folha, 11 deles também contados por ele, que foi publicado em um caderno pelo aniversário do jornal que batiza o Grupo Folha. Que, ao eco grave da sua voz inconfundível, republicamos abaixo. Na homenagem mais que devida de um jornal a um grande jornalista, tomadas de empréstimo as suas palavras: obrigado sempre, João!
Folha, marca de sucesso e qualidade
Por João Noronha
Uma revolução na história da imprensa em Campos. O 8 de janeiro de 1978 foi o dia mais esperado por todos nós, jornalistas, lotados em outras redações, que sonhávamos com os avanços tecnológicos da época, quando foi às bancas o primeiro jornal offset da região. Impressão e fotografias de qualidade, matérias bem elaboradas e editadas, que conquistaram a confiança da população.
A experiência profissional de Aluysio Cardoso Barbosa aliada à visão empresarial de Diva dos Santos Abreu Cardoso Barbosa não poderia ter uma receita de sucesso diferente. Empresa sólida e bem-sucedida, vitoriosa em movimentos importantes que nortearam o progresso da nossa Campos dos Goitacazes e na promoção de eventos que depois se tornaram marca registrada. Nascia a Folha, a minha segunda casa entre 80/84. E, depois de passar por outros veículos de informação, retornei entre 2005/15 sob o comando de Aluysio Abreu Barbosa, que implementou o jornalismo investigativo, atendendo às exigências do mercado editorial.
O nosso admirável mundo novo seguia os passos da modernidade, com o serviço noticioso da agência Jornal do Brasil (via telex), que só era possível até então através de escuta de rádio e com dificuldades dada à distância da capital. O jornal inovava a cada ano, com lançamento de cadernos especiais voltados para os públicos infantil, estudantil, agronegócios, e diversos segmentos representativos da sociedade goitacá. O profissionalismo cresceu tanto, que a Folha reuniu durante décadas os melhores nomes da comunicação regional, uma espécie da Rede Globo impressa.
Sempre preocupada em oferecer qualidade e informação de primeira mão aos seus anunciantes e assinantes, a Folha se agigantava com projetos gráficos e investimentos profissionais. O primeiro jornal também a informatizar sua redação e criar editorias que o tornaram o maior e melhor impresso do Norte Fluminense. Perto de completar meio século de informação, a Folha marca de sucesso e qualidade vai ser mantida ainda por muitos anos. Vida longa aos seus diretores pela dedicação e a seriedade na condução da empresa, da qual me orgulho por ter passado dois longos períodos, nestes 35 anos de profissão.
Obrigado sempre, Folha!
Publicado hoje na Folha da Manhã.
Linda homenagem ao nosso amigo João Noronha.